Centeno demitiu-se. Costa garante “continuidade” na pasta das Finanças
Mário Centeno pediu para sair do Governo e o primeiro-ministro aceitou. Em sua substituição, João Leão é a garantia da "continuidade", diz António Costa.
O Orçamento Suplementar foi aprovado no Conselho de Ministros, sendo apresentado ao final da parte no Ministério das Finanças. Contudo, o documento foi ofuscado por uma mudança já antecipada: Mário Centeno pediu para sair e António Costa aceitou. João Leão, o seu substituto, foi apresentado como uma garantia da “continuidade” das “contas certas”.
Em conferência de imprensa ao início desta tarde em que António Costa apareceu ao lado de Mário Centeno e João Leão após o Conselho de Ministros, o primeiro-ministro explicou que compreendeu a demissão de Centeno, após quase cinco anos à frente do Ministério das Finanças. “A vida é feita de ciclos”, justificou, dizendo compreender e respeitar a decisão de Mário Centeno de “abrir um novo ciclo na sua vida”.
Apesar da mudança, a palavra de ordem é “continuidade”. João Leão, atual secretário de Estado do Orçamento de Centeno, sobe para ministro das Finanças com a garantia de que a transição será “tranquila”. “Não haverá qualquer alteração na política orçamental“, garantiu António Costa, em resposta aos jornalistas, lembrando que foi Leão quem executou a política orçamental nos últimos anos. Este chegou mesmo a ser apelidado de “artífice das cativações”.
"Os números sempre fizeram parte deste trajeto e sempre estiveram certos. E vão continuar a estar certos, porque o João Leão, com quem tive o enormíssimo prazer de trabalhar ao longo deste anos, é o fator de continuidade do trajeto que Portugal merece, que Portugal tem de aproveitar.”
Também presente na conferência de imprensa, Mário Centeno defendeu o seu legado e mostrou a mesma confiança na continuidade do percurso feito até agora. “Do ponto de vista do ministro das Finanças, é o fim de um ciclo longo para a história da democracia portuguesa”, disse Centeno, referindo que esteve 1.664 dias à frente do Ministério e mais de 900 dias em acumulação de cargo com a presidência do Eurogrupo.
“Os números sempre fizeram parte deste trajeto e sempre estiveram certos. E vão continuar a estar certos, porque o João Leão, com quem tive o enormíssimo prazer de trabalhar ao longo deste anos, é o fator de continuidade do trajeto que Portugal merece, que Portugal tem de aproveitar“, argumentou Centeno. Falando logo de seguida, João Leão elogiou o trabalho feito até agora: “Em boa hora construímos bases financeiras sólidas para que o país possa enfrentar com melhores condições esta crise criada pela pandemia”.
E lançou as bases da sua atuação nos próximos meses enquanto ministro das Finanças: “Importa, pois, numa primeira fase, concentrar os nossos esforços em termos de políticas de estabilização da economia, no apoio ao emprego e às empresas, e na ajuda às famílias e na manutenção dos seus rendimentos. Isto é fundamental para que, numa segunda fase, voltemos a recuperar a economia e de novo a conseguir o equilíbrio certo e virtuoso entre o crescimento da economia e do emprego e as contas certas“.
A saída de Mário Centeno implica também a demissão automática dos seus secretários de Estado que deverão estar esta terça-feira a apresentar o Orçamento Suplementar pela última vez no salão nobre do Ministério das Finanças. A tomada de posse da nova equipa das Finanças acontecerá na próxima segunda-feira, às 10h, de acordo com uma nota da Presidência em que Marcelo Rebelo de Sousa dava conta de que aceitou a proposta de exoneração de Centeno e de nomeação de Leão.
O ECO já revelou que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, deverá continuar em funções, agora na equipa liderada por João Leão, enquanto o secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo, também vai sair, de regresso ao Banco de Portugal, e o secretário de Estado das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, deverá sair para assumir a vice-presidência do Banco Europeu de Investimento (BEI).
(Notícia atualizada às 13h52 com mais informação)
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