Portugal consegue juro de -0,452% para emitir dívida de curto prazo
Forte procura por bilhetes do Tesouro levou os juros a caírem novamente. Cristina Casalinho admite que foi a resposta europeia a permitir que Portugal não tivesse dificuldades em financiar-se.
Portugal conseguiu um juro mais negativo para se financiar a curto prazo. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP esteve esta quarta-feira no mercado de dívida para colocar 1.750 milhões de euros em bilhetes do Tesouro (BT) a seis e 12 meses.
No caso dos títulos que atingem a maturidade a 16 de julho de 2021, o Tesouro colocou 1.250 milhões com um juro de -0,452%. Este fica abaixo dos -0,351% conseguidos no último leilão de bilhetes com este prazo, realizado a 20 de maio.
Já nas BT com maturidade a 15 de janeiro de 2021, o Tesouro emitiu 500 milhões com uma yield de -0,467%. Também neste caso houve uma quebra no juro face ao último leilão comparável, quando este tinha sido de -0,411%.
Após algumas semanas de tensão nos mercados financeiros, que levou Portugal a pagar por bilhetes do Tesouro em abril, a resposta do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia à crise pandémica acabaram por acalmar o ânimos.
“O mercado de dívida tem estado suportado pelas sucessivas intervenções que os bancos centrais têm feito e as medidas que têm vindo a ser sucessivamente anunciadas — quer orçamentais, quer monetárias — vêm no sentido de apoiar a economia e permitir dar tempo às empresas e países para retomarem a atividade e evitar uma severa recessão”, explica Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
A própria presidente do IGCP, Cristina Casalinho, admitiu esta terça-feira que foi a rápida resposta das instituições europeias a permitir que não se repetissem as dificuldades que os Estados viveram na última crise financeira. Portugal voltou assim a financiar-se a curto prazo com juros negativos e os investidores internacionais voltaram a mostrar interesse pela dívida nacional.
Foi o que aconteceu no leilão desta quarta-feira, em que se registou um forte apetite, especialmente pela dívida mais curta. Nas BT a seis meses, a procura foi 3,64 vezes superior à oferta (em comparação com 2,69 vezes no último leilão). Já nas BT a 12 meses, apesar de ter recuado, a procura ficou ainda assim 2,54 vezes acima da oferta (face a 3,02 vezes no último leilão).
A forte procura que tem permitido ao país emitir dívida de curto prazo com taxas negativas — “que acaba por ser benéfico para o país” — é, segundo Filipe Silva, reflexo da redução de risco visível no spread da dívida portuguesa benchmark face à da Alemanha. Após atingir o pico em março de 171,36 pontos base, baixou para os atuais 85,67, a acompanhar a quebra da yield a 10 anos que está esta quarta-feira em 0,422%.
(Notícia atualizada às 11h10)
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