Mapfre cresce em Portugal no volume de prémios até junho
A unidade ibérica gerou 81,5% do lucro consolidado até junho. Globalmente, a Mapfre SA averbou menos 10,5% de prémios no semestre. Covid-19 afetou resseguro e evolução cambial pesou no internacional.
A operação ibérica da Mapfre SA, onde se incluem Espanha e Portugal, registou quebra de 8,3% no volume de prémios de seguros comparado com os primeiros seis meses de 2019, para cerca de 3,98 mil milhões de euros e com o resultado atribuível a recuar 4,6%, para 221,2 milhões de euros, revela o balanço semestral da companhia.
Em prémios de seguros, Espanha gerou perto de 3,911 mil milhões (-8,4%), enquanto Portugal (incluindo a filial Mapfre Seguros, Mapfre Vida e negócio bancassurance) contribuiu com 66,9 milhões de euros, evidenciando ligeira progressão de 0,3% face ao semestre comparável do ano passado.
No resultado atribuível, Espanha desceu 4,5%, para 217,7 milhões (mantendo-se a fonte principal de lucros do grupo), enquanto o mercado português registou declínio de 8,8%, para os 3,5 milhões de euros. O rácio combinado da operação ibérica situou-se nos 93,8% (93,9% em junho de 2019), com o indicador de eficiência em Espanha inalterado nos 93,8% e o do mercado português a melhorar, de 98,3% em junho de 2019, para 95,9% no termo do primeiro semestre de 2020.
Assim, o resultado técnico da unidade ibérica (Vida e não Vida) foi bastante menos negativo (-29,4 milhões) do que um ano antes (-387,3 milhões de euros), com a queda em prémios de seguro, sobretudo no negócio não Vida, a ser compensada por decréscimo significativo dos gastos em sinistralidade líquida e provisões.
Já o grupo Mapfre SA, no seu todo, registou uma quebra de 18,8% no resultado do negócio segurador face a igual período de 2019, fechando o 1º semestre do exercício em curso com cerca de 670 milhões de euros. Esta evolução resultou de 10 514 milhões de euros em faturação (-10,5% de receitas face a um ano antes), contra 9,844 mil milhões de gastos na operação semestral, mais 9,9% do que um ano antes, indica a conta de resultados.
Espanha, EUA e Brasil deram as maiores contribuições para o lucro
No primeiro semestre e para a totalidade do perímetro de consolidação, a instituição contabilizou 271 milhões de euros de lucro líquido (atribuível à sociedade dominante), um resultado 27,7% inferior ao alcançado um ano antes, assumindo que o desempenho apresentado está “fortemente impactado pelos sinistros da Covid-19 na unidade de resseguro, por um montante bruto de 87 milhões de euros, assim como pelos terramotos em Porto Rico (83 milhões) e com a tempestade Gloria, em Espanha”, (por um custo bruto de 22 milhões de euros). Os eventos “Puerto Rico” e “Gloria” já pesavam no 1º trimestre.
Incluindo interesses minoritários, o lucro líquido do grupo ascendeu aos 406,1 milhões de euros, evidenciando declínio de 25%, refere o balanço do grupo Mapfre.
Segundo estima a companhia espanhola no relatório, o efeito da Covid-19 nas unidades de seguro é neutro para a Mapfre, em resultado da diminuição da frequência de sinistros no ramo automóvel, que compensou fundamentalmente o custo direto com falecimentos, saúde e seguros de viagem. Aliás, de acordo com os dados do exercício semestral, a unidade de seguros (abrangendo as regiões da península ibérica ; LatAm e Internacional, que inclui Eurásia e América do Norte) contabilizou incremento de 12,7% no resultado atribuível, o qual alcançou 428,6 milhões de euros e com o rácio combinado a melhorar, dos 95,9% um ano antes, para 93,8% no final de junho passado.
Por países, os resultados de Espanha (218 milhões), Estados Unidos (66 milhões) e Brasil (60 milhões) representaram as maiores contribuições para o lucro apresentado.
A receita total consolidada caiu 11,8%, para cerca de 13,28 mil milhões de euros, sendo que a fonte principal da receita do grupo (prémios de seguro e resseguro aceitado) diminuiu 12,3%, face a igual período de 2019, para os 10,98 mil milhões de euros, do qual 8,76 mil milhões de euros foram prémios líquidos não Vida, em queda superior a 9% relativamente ao período homólogo de 2019.
Covid-19 paralisou seguros gerais e ramo automóvel
Segundo explica o documento da Mapfre, o declínio no volume da receita reflete o efeito do confinamento (por covid-19) sobre a produção seguradora e a “forte depreciação” cambial nas principais moedas do mercado da América Latina (LatAm), onde o Brasil pesa cerca de metade da receita regional, e da Turquia.
De acordo com os números, os custos com sinistros declarados e relacionados com a Covid-19 superaram globalmente os 153 milhões de euros.
Decompondo a evolução global do negócio por ramos de seguro, os prémios caíram 9,4% em não Vida, recuando 12%, para cerca de 3,06 mil milhões nos seguros gerais, a parte com maior peso no ramo vida, seguindo-se o seguro automóvel (-18,6%, para 2 835 milhões) e, em terceiro lugar, Saúde e Acidentes, mas onde os prémios cresceram 13%, fechando o semestre com 1073 milhões de euros. No ramo Vida, em que a queda atingiu 22,8% (antes de resseguros), a Mapfre registou quebra de 11% em Vida Risco e de 33,5% nos prémios Vida-poupança.
Mapfre RE penalizada por pandemia e riscos globais
Globalmente, o rácio combinado da Mapfre SA agravou-se uns ligeiros 0,8 pontos percentuais (pp), ao subir de 95,9%, em junho de 2019, para 96,7%, enquanto a margem de solvência, reportada a março de 2020, se situou em 177,2%, quase 10 pp menos confortável face aos 186,8% apurados no final de dezembro de 2019.
Alargando a análise das contas às unidades de “resseguros e riscos globais”, e rubricas de “assistência, holding, eliminações e outros itens”, encontram-se razões mais substanciais para explicar a queda de quase 28% no resultado líquido semestral. Dado que o impacto da Covid-19 foi considerado neutro na atividade seguradora, boa parte da quebra de lucros explica-se pelos números da Mapfre RE, resseguradora global que inclui a atividade “global risks” e que opera também como resseguradora profissional da própria Mapfre.
No fecho do semestre, o resultado líquido da unidade de negócio foi negativo em 51,7 milhões de euros, apontando tombo de 160,9% face aos cerca de 85 milhões de euros positivos apurados um ano antes. Apesar de um incremento de 3,8% no volume de prémios emitidos e aceitados, o rácio combinado da resseguradora degradou-se, de 94,5% (junho de 2019), para os 106,7% no final de junho de 2020.
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