Mota-Engil passa de lucro a prejuízo de 5 milhões
Volume de negócios do grupo caiu 14% para os 1,2 mil milhões de euros. Impacto da Covid-19 na Mota-Engil está contabilizado em 280 milhões de euros.
A Mota-Engil fechou o primeiro semestre deste ano com um prejuízo de 5,04 milhões de euros, valor que compara com 8,13 milhões de euros de euros no período homólogo.
Em comunicado à imprensa, o prejuízo de cinco milhões de euros é justificado com “o registo de 16 milhões de euros contabilizados como provisões e perdas de imparidade de modo a acautelar os efeitos negativos provocados pela pandemia Covid-19”.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Mota-Engil informa que “a atividade do grupo no primeiro semestre de 2020 não ficou alheia aos impactos provocados pela pandemia [de Covid-19], tendo essencialmente o negócio de Engenharia e Construção (E&C) sido o mais atingido fruto das interrupções/paragens de produção, ora provocadas pelas medidas restritivas de saúde pública implementadas nos diversos países onde o grupo opera, ora provocadas pelas dificuldades logísticas em movimentar pessoas, equipamentos e mercadorias”.
O maior impacto da pandemia foi nos mercados africanos e de forma ainda mais marcante na América Latina, refere o grupo.
Nos primeiros seis meses do ano, o volume de negócios do grupo caiu 14%, para os 1,2 mil milhões de euros, sendo o impacto da Covid-19 contabilizado em 280 milhões de euros, refere em comunicado.
Já o EBITDA (lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) recuou para 144 milhões de euros no mesmo período.
O grupo refere ter uma carteira de encomendas recorde de 5,5 mil milhões de euros.
“Importa sublinhar o valor muito positivo de adjudicações durante o período, o qual representou cerca de 1.300 milhões de euros ao longo do primeiro semestre de 2020, o que permitiu que o grupo registe o maior valor de sempre da sua carteira de encomendas, no valor de 5.491 milhões de euros (760 milhões na área do Ambiente)”, adianta.
O grupo destaca a adjudicação do contrato no México referente ao Tren Maya, o maior contrato de sempre atribuído à Mota-Engil na região da América Latina, assim como outros contratos em Angola, Moçambique, Polónia e Colômbia.
No primeiro semestre o investimento (CAPEX) atingiu os 94 milhões de euros (-13 milhões de euros face ao período homólogo), sendo 65% dirigido a investimentos de crescimento e em contratos de médio e longo prazo, com 31 milhões de euros no segmento de Ambiente (nomeadamente na EGF, com 26 milhões de euros, onde está a ser concretizado o Plano de Investimentos aprovado para o período 2019-2021) assim como nos contratos de Mineração em África.
A dívida líquida aumentou 34 milhões de euros face a dezembro último, para 1.248 milhões de euros, facto que é justificado pelo “investimento realizado no período e que pretende de futuro gerar um aumento nos próximos anos do ‘cash-flow’ operacional a gerar com os novos contratos em áreas fora do negócio da construção”.
Antes da abertura do mercado, o grupo Mota-Engil anunciou um acordo de parceria estratégica e investimento com um grande grupo de infraestruturas, sem identificar, e que ficará com 30% após um aumento de capital.
Numa informação enviada à CMVM, o grupo indica que se encontra na fase final das negociações de um acordo de parceria estratégica e investimento “com um dos maiores grupos de infraestruturas do mundo, com uma atividade significativa a nível mundial”, sem divulgar o nome.
Em dezembro foi noticiado que a China Communications Construction Co (CCCC) estava a avaliar a compra de 30% da Mota-Engil, com o objetivo de expandir internacionalmente o seu negócio, segundo a Bloomberg.
(Notícia atualizada às 9h06 com mais informação)
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