Católica vê PIB a cair 12,5% no terceiro trimestre. Previsão do BdP para 2020 é “difícil”
Os economistas da Católica antecipam que o PIB tenha contraído 12,5%, em termos homólogos, no terceiro trimestre. Face ao segundo trimestre há uma subida de 5%.
Os economistas da Católica consideram que o terceiro trimestre ficou aquém das expectativas que tinham: “A recuperação da forte queda do 1º semestre terá sido apenas parcial e um pouco aquém do esperado“, antecipam. Apesar de em cadeia (face ao segundo trimestre) preverem um crescimento de 5%, a contração homóloga é ainda bastante expressiva. Para o conjunto do ano, a previsão do NECEP continua a ser de -10%, classificando a previsão divulgada esta terça-feira pelo Banco de Portugal, agora sob a liderança de Mário Centeno, de “difícil”.
“Em traços gerais, o 3º trimestre terá ficado aquém das expectativas com um crescimento de 5% em cadeia, elevado em termos históricos, mas insuficiente para compensar as perdas acumuladas no 1º semestre do ano“, escrevem os economistas do NECEP (Lisbon Forecasting Lab), da Católica, na folha trimestral de conjuntura divulgada esta quarta-feira. Com esta recuperação da economia face ao segundo trimestre, a queda homóloga do PIB deverá situar-se nos 12,5%, bem acima do intervalo de 6% a 8% previsto pelo ISEG. No segundo trimestre, o PIB contraiu 16,3% em termos homólogos.
Para o quarto trimestre, a Católica aponta para uma quebra superior a 5% face ao nível do trimestre homólogo. “Tal é consistente com um cenário assente num período de recuperação cíclica relativamente longo que criará dificuldades significativas e prolongadas em termos de desemprego, financiamento e sobrevivência de empresas e instituições”, argumenta a equipa liderada pelo economista João Borges de Assunção.
Face a esta evolução, os economistas do NECEP mantêm a convicção de que a economia portuguesa deverá perder 10% do seu valor no conjunto do ano de 2020. Contudo, tanto admitem um cenário mais otimista como mais pessimista, consoante a evolução da pandemia e da atividade económico nos próximos três meses.
Por um lado, a queda anual pode aproximar-se dos 12%, “em linha com o esperado para Espanha”. Por outro lado, “também não é de descartar uma queda de 9% num cenário ‘otimista'”. Em todo o caso, estas previsões continuam a ser mais pessimistas do que a queda de 8,1% prevista pelo Banco de Portugal, que atualizou as projeções esta terça-feira, assim como a quebra à volta de 8% com que o Governo está a trabalhar. Em específico sobre a previsão do BdP, o NECEP diz que “parece difícil de conciliar com os dados desde meados de setembro que sugerem a degradação da conjuntura nacional e europeia”.
Já para o próximo ano, a previsão do NECEP é que o PIB português continue cerca de 8% abaixo dos níveis pré-Covid. “A confirmar-se uma queda de 10% em 2020, tal corresponderia a um crescimento entre 2,5% e 3% no próximo ano face a 2020, também um pouco aquém do esperado pelas entidades oficiais“, explicam os economistas da Católica, assinalando que a diferença de previsões justifica-se pela “profundidade da crise instalada e pela elevada incerteza em torno da evolução da pandemia, da economia europeia e da própria natureza da política orçamental no próximo ano, aspetos que poderão ser clarificados nas próximas semanas”.
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