Vem aí uma revolução nas embalagens. Do alumínio ao papel, vale tudo na luta contra o plástico
Do champô aos gelados, passando pelos detergentes, as grandes marcas de bens de consumo estão a inovar e a mudar as suas gamas de produtos, a começar pelas embalagens. Conheça alguns exemplos.
Há uma revolução em curso nas embalagens que nos habituámos a ter lá por casa. Do champô aos gelados, passando pelos detergentes, as grandes marcas mundiais de bens de consumo estão a inovar e a mudar as suas gamas de produtos, a começar pelas embalagens mas abrangendo também o conteúdo das mesmas. Do alumínio reutilizável ao papel reciclável, vale tudo para reduzir ao máximo o plástico virgem. O objetivo é poluir menos, travar a produção de resíduos e reciclar mais.
Depois de se ter comprometido em ser neutra em carbono até 2030, a Procter & Gamble (P&G) — gigante mundial de bens de consumo, dona mas marcas AmbiPur, Ausonia, Aussie, Braun, Clearblue, Dodot, Evax, Fairy, Gillette, Gillette Venus, h&s, Herbal Essences, Lenor Unstoppables, Olay, Oral-B, Pantene, Swiffer, Tampax e Viakal — anunciou agora o lançamento das suas primeiras embalagens de champô feitas em alumínio e reutilizáveis (acompanhadas por um sistema de reenchimento das mesmas), em grande escala na Europa.
Com esta inovação, a empresa estima que a partir de 2021, 200 milhões de lares europeus possam alterar a forma como compram, usam e reciclam as embalagens de produtos para o cabelo. Tudo começa com uma nova embalagem reutilizável concebida em 100% alumínio e a uma recarga reciclável, feita com 60% menos plástico por comparação com uma embalagem de champô normal. “Estão no caminho certo para reduzir o uso de plástico virgem em 50% nas embalagens de champô e condicionadores até o final de 2021 – altura em que, graças a este esforço coletivo para reduzir, reutilizar e reciclar, serão produzidas menos 300 milhões de embalagens de plástico virgem por ano“, garante a P&G em comunicado.
Do lado dos ambientalistas, a decisão foi bem acolhida. “Há muito que acredito que o ato de reenchimento é muito importante para o futuro das embalagens sustentáveis e a inovação anunciada pelas marcas H&S, Pantene, Herbal Essences e Aussie é um passo positivo na direção certa. Embora haja, claramente, mais a ser feito, é ótimo ver uma grande companhia como esta a encarar o problema a sério e usar a sua escala para impulsionar mudanças de forma rápida e impactante”, disse o Fundador e CEO da TerraCycle, Tom Szaky.
Já Carolina Jesus, brand manager de Haircare da P&G Portugal, disse: “Acreditamos que estas novas embalagens são funcionais, agradáveis de usar e marcam uma tendência, por isso esperamos que os consumidores demonstrem grande recetividade.”
A nível mundial, a Procter & Gamble (P&G) vai ainda reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50% e comprar 100% de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis para todas as suas fábricas, além de aplicar medidas de compensação de emissões das suas operações, tornando-se neutra em carbono ao longo da próxima década.
Com base em estimativas atuais, a P&G vai precisar de compensar aproximadamente 30 milhões de toneladas de carbono entre 2020 e 2030. A empresa vai continuar a procurar parques eólicos, solares e geotérmicos para acelerar ainda mais a transição para as energias renováveis.
“As alterações climáticas estão a acontecer, e precisamos de agir hoje”, afirmou David Taylor, Chairman e CEO da P&G. “Ao diminuir a nossa pegada de carbono e com um investimento em medidas de compensação de emissões, seremos neutros em carbono ao longo da próxima década em todas as nossas operações e estaremos a ajudar a proteger ecossistemas vulneráveis e comunidades em todo o mundo”.
A P&G tem em marcha o seu projeto “Ambition 2030” – um conjunto alargado de metas de sustentabilidade ambiental, que envolvem as suas marcas, a cadeia de abastecimento, a sociedade e os colaboradores. A nível Ibérico, a fábrica de Jijona (Alicante) reduziu o consumo de água potável em 26% por unidade de produção, superando o objetivo para 2020 de uma redução de 20%. Além disso, as instalações fabris em Mequinenza e Jijona, que abastecem Portugal, possuem “Zero Resíduos Industriais para Aterros Sanitários”. Todas as fábricas que fornecem Portugal desde Espanha recorrem a eletricidade 100% renovável.
Gelados em embalagens de papel, detergentes sem químicos
Outra gigante de bens de consumo, a Unilever, com mais de 400 marcas no seu portefólio, entre as quais Dove, Knorr, Domestos, Hellmann’s, Lipton, Olá, PG tips, Ben&Jerry´s, Magnum, Surf e Axe, deu conta esta semana de progressos nas suas metas para as embalagens sustentáveis, com a intensificação do uso de plástico reciclado e o desenvolvimento de sistemas de recarga e reutilização.
Até 2025, a empresa quer reduzir para metade o uso de plástico virgem, reduzindo o uso de embalagens de plástico em mais de 100.000 toneladas e acelerando o uso de plástico reciclado. Até ver a Unilever já aumentou o uso de plástico reciclado pós-consumo para cerca de 75.000 toneladas, o que representa mais de 10% da pegada de plástico. O objetivo é duplicar o uso de plástico reciclado pós-consumo nos próximos 12 meses e chegar a 2025 com uma taxa de 25%.
Além disso, lançou novos formatos de embalagem para os gelados Carte d’Or feitas à base de papel reciclável, que irão economizar cerca de 4.500 toneladas de plástico e continua a “testar, aprender e melhorar” novos modelos de negócio relacionados com embalagens reutilizáveis e de recarga. Ainda nos gelados, a Magnum vai lançar 7 milhões de embalagens de feitas com plástico reciclado próprio para alimentos.
Nos produtos de beleza e limpeza da casa, a Dove mudou para garrafas de plástico 100% recicladas nos mercados da Europa e América do Norte e a OMO (Persil) está a relançar o seu detergente líquido com alterações na embalagem e na formulação para reduzir o impacto ambiental do produto. A nova garrafa é 100% reciclável, feita com plástico 50% reciclado.
Nos sistemas de recarga e reutilização, a Unilever inovou nos produtos de limpeza da casa concentrados OMO e Cif, que estão agora a ser implementados na Europa. No Reino Unido, por exemplo, o Cif Ecorefills já economizou 171 toneladas de plástico e levou centenas de milhares de clientes a reutilizar embalagens de spray em vez de comprar novos.
“A cultura descartável e os modelos de negócio descartáveis continuam a dominar as nossas vidas e a prejudicar o nosso planeta. Apesar das condições desafiadoras, não devemos virar as costas à poluição por plástico. É crucial que nós – e o resto da indústria – mantenhamos o curso, reduzamos a quantidade de plástico que usamos e façamos uma transição rápida para uma economia circular”, afirmou Alan Jope, CEO da Unilever, citado em comunicado.
A empresa tinha já anunciado que vai investir mil milhões de euros para eliminar o uso de substâncias químicas derivadas de combustíveis fósseis nos produtos de limpeza e de lavagem de roupa até 2030. Estas substâncias químicas representam a maior parte da pegada de carbono (46%) ao longo do ciclo de vida dos produtos de limpeza. A ambição é substituir todo o carbono derivado de combustíveis fósseis nas fórmulas dos seus produtos de limpeza e de lavagem de roupa por carbono renovável ou reciclado. Esta mudança irá transformar a sustentabilidade de marcas de limpeza e de lavagem de roupa como SKIP, Cif e Domestos.
Em Portugal, a Unilever está presente através de uma parceria com a Sociedade Francisco Manuel dos Santos, desde 1949. Com unidades fabris localizadas em Santa Iria de Azóia, a Unilever FIMA comercializa as marcas Calvé, Cif, Cornetto, Dove, Knorr, Hellmann’s, Lipton, Magnum, Olá, Rexona, Skip, Sun, Surf, TRESemmé, Vaseline, entre outras.
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