APED contesta limitações impostas ao retalho não alimentar

  • Lusa
  • 11 Novembro 2020

Nova limitação horária, neste período, não vai permitir que o retalhe opere de forma sustentada, implicando, assim, “custos incalculáveis” para o emprego e, consequentemente, para o país.

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) contesta a limitação de horários para o retalho não alimentar, propondo o aumento do rácio de pessoas por loja e uma autorização para espaços “click and collect“.

“A limitação de horários apresentada para o retalho não alimentar, é fator perturbador do bom funcionamento dos espaços comerciais. Concentrar as compras de natal em horários reduzidos, só contribuirá para provocar ajuntamentos de pessoas à porta das lojas, precisamente aquilo que se quer evitar, situação que acontece hoje com o setor do retalho especializado que foi literalmente fustigado desde o inicio da pandemia”, defendeu a APED, numa carta aberta enviada ao primeiro-ministro, António Costa.

Na missiva, a associação defendeu o aumento do rácio de cinco para 10 pessoas por 100 metros quadrados para “dar fluidez” à circulação de clientes, situação que diz ter o acordo da Direção-Geral da Saúde.

Para a APED, a conjugação do rácio de pessoas em loja mais baixo da Europa com a nova limitação horária, neste período, não vai permitir que o retalhe opere de forma sustentada, implicando, assim, “custos incalculáveis” para o emprego e, consequentemente, para o país.

"Limitação de horários apresentada para o retalho não alimentar, é fator perturbador do bom funcionamento dos espaços comerciais. Concentrar as compras de natal em horários reduzidos, só contribuirá para provocar ajuntamentos de pessoas à porta das lojas, precisamente aquilo que se quer evitar.”

APED

Por outro lado, as empresas de distribuição pedem a autorização do “click and collect“, permitindo que os clientes levantem as suas encomendas num ponto de recolha, o que defendem ser uma forma “simples e fácil” de manter as empresas a funcionar, sem pôr em causa a saúde e a segurança.

A associação lembrou também que os espaços comerciais são hoje “lugares seguros”, acrescentando que é fundamental manter o ecossistema a funcionar.

“O setor do retalho tem demonstrando uma enorme capacidade de resiliência e inovação para fazer face às adversidades e para manter os mais de 130.000 postos de trabalho pelos quais é responsável, dando um contributo decisivo à indústria e para que toda a cadeia de valor esteja ativa”, vincou.

O executivo decidiu restringir a circulação por duas semanas entre as 23h00 e as 05h00 de segunda a sexta e entre as 13h00 e as 05h00 ao fim de semana, na sequência da declaração do Estado de Emergência, para mitigar o risco de contágio pela pandemia de Covid-19.

Apesar das restrições, estão previstas exceções, por exemplo, para compra de bens essenciais.

A generalidade dos estabelecimentos comerciais encerrará entre as 20:00 e as 23:00, podendo o horário, dentro deste intervalo, ser fixado pelas Câmaras Municipais, mediante parecer da autoridade local de saúde e forças de segurança.

Hoje, em respostas à Lusa, a Jerónimo Martins disse que vai antecipar a abertura da “maioria das suas lojas” Pingo Doce para as 06h30, no fim de semana, devido às limitações de circulação, para evitar a concentração de pessoas durante a manhã.

Também a Sonae MC adiantou à Lusa que, “tal como aconteceu na 1.ª vaga da pandemia”, está a “analisar a situação e a ajustar os horários das lojas Continente a cada concelho, de forma a maximizar a segurança e o conforto” dos clientes.

“Neste momento já antecipámos o horário de abertura de algumas lojas para as 08:00 e estamos também a estender os horários de encerramento”, acrescentou.

A Auchan também está a analisar uma eventual alteração de horário, conforme disse à Lusa fonte da empresa.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.275.113 mortos em mais de 51,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal morreram 3.103 pessoas dos 192.172 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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