Comissão Europeia espera “novo começo” com EUA com Biden
Biden "é um forte apoiante de alianças internacionais, de multilateralismo e da melhoria das relações com a UE", diz Valdis Dombrovskis.
A Comissão Europeia espera um “novo começo” com os Estados Unidos na nova administração de Joe Biden, em áreas como o comércio e os apoios públicos à aviação, dadas as disputas sobre ajudas à Airbus e à Boeing.
“O presidente eleito Biden disse publicamente que é um forte apoiante de alianças internacionais, de multilateralismo e da melhoria das relações com a UE. Pensamos que isto nos permite esperar um novo começo nas nossas relações transatlânticas, na resolução das nossas disputas existentes e em como podemos facilitar o sistema comercial multilateral”, declarou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta do Comércio, Valdis Dombrovskis.
Em entrevista à agência Lusa e a outros órgãos de comunicação social europeus, em Bruxelas, o responsável letão notou que os Estados Unidos são “parceiros estratégicos” da UE, dado que Bruxelas e Washington partilham “valores e interesses comuns”.
“É muito importante que a UE e os Estados Unidos continuem a trabalhar juntos e isso aplica-se à área do comércio e do investimento porque aí as nossas relações são das principais e das maiores no mundo”, insistiu Valdis Dombrovskis.
Já questionado pela Lusa especificamente sobre a disputa nos apoios públicos às fabricantes aeronáuticas Airbus e Boeing, o vice-presidente do executivo comunitário notou que é um “assunto que está a ser trabalhado, ainda com a atual administração”, mas que deverá continuar na liderança de Joe Biden, o 46.º Presidente dos Estados Unidos.
“Do lado da UE, já sublinhámos que estamos dispostos a resolver esta situação: estamos disponíveis para retirar as tarifas [retaliatórias] a qualquer momento, quando os Estados Unidos estiverem dispostos a retirar as suas”, salientou Valdis Dombrovskis.
Lamentando a “falta de esforços do lado norte-americano”, o responsável vincou que o “cenário favorito” da UE é que “ambos os lados retirem as suas tarifas” adicionais sobre importações de alguns produtos.
“E, em vez disso, que nos concentremos em formas de disciplina nos apoios para o setor da aviação”, adiantou Valdis Dombrovskis.
Em meados deste mês, a UE adotou tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos na sequência da autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC) por ajudas públicas à aviação, avisando que só as retirará mediante reciprocidade norte-americana.
Tal retaliação surgiu depois de, em meados de outubro, a OMC ter autorizado a UE a avançar com tarifas retaliatórias de quatro mil milhões de dólares (3,4 mil milhões de euros) contra os Estados Unidos no caso que opõe os dois blocos por ajudas diretas à aviação.
Estas tarifas adicionais abrangem taxas de 15% sobre aeronaves e 25% para bens agrícolas e industriais, anunciou a Comissão Europeia, explicando que estas foram determinadas na base da reciprocidade face ao adotado pelo bloco norte-americano há um ano.
Em causa está a disputa comercial entre Washington e Bruxelas por causa de ajudas públicas à aviação norte-americana (Boeing) e europeia (Airbus), que já dura há vários anos, e no âmbito da qual a OMC já declarou como culpados tanto os Estados Unidos como a UE.
Antes, em outubro de 2019, a OMC decidiu a favor dos Estados Unidos e autorizou o país a aplicar tarifas adicionais de 7,5 mil milhões de dólares (quase sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da UE à fabricante francesa de aeronaves, a Airbus.
Essa foi a sanção mais pesada alguma vez imposta por aquela organização.
Entretanto, em dezembro passado, os juízes da OMC defenderam que estas tarifas adicionais deviam ser reduzidas em cerca de dois mil milhões de dólares para perto de cinco mil milhões de dólares.
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