BCE sinaliza que bancos podem voltar a pagar dividendos no próximo ano
Vice-presidente do conselho de supervisão do BCE adiantou que supervisor poderá não ter poder para prolongar a proibição de dividendos na banca para lá do final do ano.
Os bancos da Zona Euro deverão poder distribuir dividendos novamente no próximo ano se convencerem os supervisores de que os seus balanços estão suficientemente robustos para absorver o impacto da crise pandémica, adiantou um alto responsável do Banco Central Europeu (BCE) ao Financial Times (acesso pago/conteúdo em inglês).
Em março, logo nas primeiras semanas da pandemia, o BCE disse aos bancos da região para congelarem os dividendos e os planos de recompra de ações de modo a conservarem 30 mil milhões de euros para responderem à pandemia. Desde então o setor tem vindo a pedir que esta suspensão seja levantada.
Yves Mersch, vice-presidente do conselho de supervisão do BCE, adiantou ao Financial Times que o supervisor teme que os bancos aproveitem a “folga” regulatória em torno das exigências de capital e distribuam parte desse capital aos acionistas sob a forma de dividendo. Porém, também admitiu que será difícil manter a proibição de dividendos além no final deste ano. Mersch citou uma incerteza jurídica em torno da aplicabilidade desta proibição no próximo ano, sendo que a expectativa de que outros países, como o Reino Unido, permitirão que os bancos reiniciem os pagamentos também deixará o BCE sem grande margem para manter a suspensão dos dividendos.
Segundo explicou Mersch, a decisão de levantar a proibição “dependerá do conservadorismo dos modelos internos dos bancos, do conservadorismo no provisionamento e de uma visão sólida da trajetória de capital de um banco”.
A proibição de dividendos também teve efeitos, naturalmente, em Portugal. Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander Totta e BPI ficaram impedidos de remunerar os seus acionistas.
No banco público, depois de se ter cancelado os dividendos de 300 milhões este ano, Paulo Macedo disse que está em condições de entregar cerca de 160 milhões de euros ao Estado, de acordo com as contas do Orçamento do Estado para 2021.
“A Caixa está com estes resultados que viram, num ano em que não distribuiu dividendos, este ano está com cerca de 392 milhões de euros de resultados, e obviamente tem capitais totais de 20%, tem capitais de core equity tier 1 de cerca de 17%, e portanto a Caixa entende que deve pagar dividendos ao Estado, é esse o princípio”, disse Paulo Macedo recentemente.
BCP, Santander Totta e BPI também vão avaliar as suas políticas de dividendos assim que houver luz verde do BCE, salvaguardando que irão sempre cumprir as orientações dos reguladores.
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