Ministro diz que comandantes da TAP ganham até 260 mil euros por ano
Ministro das Infraestruturas diz que a TAP tem trabalhadores com salários superiores ao de companhias concorrentes, como a Iberia. E deu exemplos dos vencimentos auferidos pelos comandantes.
A TAP vai passar por um processo de reestruturação que obrigará à saída de 2.000 mil pessoas, mas obrigará a cortes salariais para evitar despedimento de mais 600 a 1.000 pessoas da empresa. Os cortes de salário são necessários, até porque, diz Pedro Nuno Santos, a empresa paga salários acima de algumas companhias concorrentes, apontando alguns valores. Os comandantes ganham até 260 mil euros por ano, revela.
Os despedimentos na TAP, previstos no plano de reestruturação, “não passam dos 2.000”. “Há depois um corte salarial que permite poupar entre 600 a 1.000, mas se não for possível, chegará aos 3.000”, afirmou o ministro das Infraestruturas em entrevista à SIC Notícias.
E o governante lembra, como tem dito o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, a importância de haver cortes salariais. “Eu não disse que salários [da TAP] estavam acima da média europeia”, precisou, mas atirou: os “salários [da TAP estão] acima dos de algumas concorrentes, como a Iberia“, algo que é importante corrigir para garantir a sustentabilidade da empresa mesmo depois da reestruturação.
Instado a concretizar essa afirmação, Pedro Nuno Santos revelou diferenças salariais de 18% até 85% nos vencimentos de tripulantes da TAP em comparação com os da Iberia. E, recorrendo às suas notas, apresentou alguns valores brutos anuais que são pagos a alguns dos trabalhadores da companhia que agora é controlada pelo Estado.
- Oficial Piloto com 1 ano na TAP – 80 mil euros/ano
- Comandante com 10 anos na TAP – 185 mil euros/ano
- Comandante com 20 anos na TAP – 241 mil euros/ano
- Comandante com 30 anos na TAP – 260 mil euros/ano
Depois de apresentar estes valores, questionado sobre se achava que os valores pagos eram elevados, Pedro Nuno Santos respondeu com uma pergunta em tom de ironia: “Que acha?”.
O ministro salientou que a TAP tem “um custo unitário superior a concorrentes como a Iberia”, reforçando a necessidade de cortar nos salários de alguns profissionais da empresa.
Questionado sobre se os despedimentos poderiam poupar os trabalhadores com vencimentos mais baixos, Pedro Nuno Santos disse que “haverá saídas em todas as categorias” salariais.
Reestruturação no Parlamento trazia estabilidade
Pedro Nuno Santos quis levar o plano de reestruturação que enviou para Bruxelas ao Parlamento. Essa posição foi defendida pelo ministro das Infraestruturas, mas afastada pelo primeiro-ministro, António Costa.
“Achava que o plano de reestruturação da TAP deveria ir ao Parlamento”, disse na entrevista à SIC Notícias. “Aquilo que achei é que uma intervenção desta dimensão exige estabilidade. Se o Parlamento tem poder de travar transferências [como aconteceu com o Novo Banco], o Parlamento deveria comprometer-se com esta restruturação“, disse. O Parlamento pode dizer “não vai mais um cêntimo para a TAP”, alertou.
"Eu sou conhecido ter falta de coragem? Não sou. Não necessito do colinho de terceiros para tomar as minhas decisões.”
Confrontado com este choque de ideias com Costa, Pedro Nuno Santos salientou que tem a sua opinião. E defende-a, mesmo que não seja a mesma do primeiro-ministro. “Eu sou conhecido ter falta de coragem? Não sou. Não necessito do colinho de terceiros para tomar as minhas decisões“, atirou. “Imagine que de cada vez que há discordância entre ministro e primeiro-ministro o ministro demitia-se…”.
“Se precisamos de quadro de estabilidade para a companhia [aérea portuguesa], deveríamos querer o compromisso do Parlamento”, mesmo correndo o risco de este chumbar o plano que vai agora ser avaliado pela Comissão Europeia. “Se o Parlamento chumbasse, tínhamos de viver com essa decisão”, que impossibilitaria a continuidade da TAP.
(Notícia atualizada às 23h40 com mais informação)
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