Setor público com as maiores intenções de contratação para início de 2021
O setor público prevê um aumento de 17% nas contratações para o primeiro trimestre do próximo ano. As maiores quebras vão sentir-se no setor da hotelaria e da restauração e no Sul do país.
A crise económica causada pela pandemia da Covid-19 está a ter impacto nas perspetivas de contratação em Portugal. As previsões de criação líquida de emprego para o início do próximo ano são moderadas, devendo aumentar 5% entre janeiro e março. O setor público é que antecipa uma maior intenção de contratação, em contraste com o setor da restauração e hotelaria, que é o mais pessimista. Por outro lado, há mais otimismo na região centro e nas empresas de grande dimensão, revela o estudo ManpowerGroup Employment Outlook Survey sobre o primeiro de trimestre de 2021, que inquiriu 463 empresas portuguesas.
O setor público antecipa o maior aumento nas intenções de contratação, com uma previsão de crescimento de 17%, em contraste com o setor da restauração e hotelaria é o mais pessimista, que prevê uma redução de 16% nas contratações. Entre as empresas inquiridas, apenas 13% espera aumentar as contratações, enquanto 76% não prevê qualquer alteração e, ainda, 8% aponta para uma diminuição. Os empregadores portugueses estão “cautelosos”, refere o estudo. Entre janeiro e março, as perspetivas de contratação sobem três pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas permanecem ainda cinco pontos abaixo do valor registado no primeiro trimestre de 2020.
Setor público com boas previsões
Durante o próximo trimestre, é esperado um aumento da força de trabalho em cinco dos sete setores de atividade analisados no estudo. O mercado de trabalho mais forte é antecipado pelos empregadores do subsetor público que, com uma projeção de mais 17% para os primeiros três meses do próximo ano.
Este subsetor está integrado no setor “Outras atividades de serviços”, que avança um aumento de 10% nas contratações. Neste setor, destaca-se o subsetor de transportes, logística e comunicações, que não espera qualquer evolução nas contratações.
Por outro lado, para “outras atividades de produção”, as projeções antecipam uma subida de mais 12% nas contratações, o valor mais elevado registado nos últimos dois anos. Este resultado é reflexo de projeções otimistas, em particular, no subsetor da agricultura e do fornecimento de eletricidade, gás e água.
Setor da restauração e hotelaria prevê dias sombrios
“Uma vez mais, vemos como o impacto da pandemia e das medidas de prevenção afeta de forma díspar os diferentes setores da nossa economia. As previsões avançadas pelos empregadores da restauração e hotelaria ou do retalho traduzem claramente a gravidade da crise que estes setores estão a viver, colocando milhares de postos de trabalho em risco. Ao mesmo tempo, vemos como aumenta a procura de profissionais nas áreas da saúde, da tecnologia e transformação digital, ou do e-commerce, sem que haja uma resposta suficiente em termos de talento disponível”, sublinha Rui Teixeira, COO da ManpowerGroup Portugal, citado em comunicado.
As previsões de contratação para os primeiros três meses de 2021 no setor da restauração e hotelaria caem 16%, o equivalente a menos 32% face ao mesmo período homólogo deste ano. Os empregadores do setor do comércio grossista e do retalho antecipam uma quebra de 2%.
Nos setores da construção, da indústria e das finanças e serviços é esperado “um ritmo de contratação moderado”, com uma projeção de mais 5%. Já na construção, as perspetivas de contratação melhoram em 14%.
Região Centro está mais otimista, Sul é a mais atingida
Os empregadores da região Sul do país anteveem um mercado de trabalho estagnado, com um crescimento de apenas 1%, e a região Centro revela o ritmo de contratação mais forte a subir 7%, refere o relatório. Já a Norte, as projeções apontam um aumento de 5% nas contratações.
No que diz respeito à dimensão das empresas, são as grandes empresas que preveem um ritmo de contratação mais forte com um crescimento de 11%, enquanto as pequenas empresas não antecipam qualquer reforço nas contratações.
Taiwan, EUA, Singapura, Austrália e Brasil com melhores previsões
De acordo com a ManPower Group, os países que revelam mais intenções de contratar são o Taiwan, os EUA, Singapura, Austrália e Brasil, e no extremo oposto estão Panamá, Reino Unido, Suíça, Áustria e Hong Kong.
Os planos regionais de contratação mais sólidos são relatados na Grécia, Turquia e Alemanha, enquanto as previsões mais fracas verificam-se nos empregadores do Reino Unido, Suíça e Áustria.
“A gestão da atual crise económica e social tem de abordar este desequilíbrio, e o desencontro de competências que lhe está associado. E a resposta passa necessariamente pela formação e requalificação das pessoas, dotando-as das competências que lhes permitam evoluir as suas carreiras para áreas de maior procura”, conclui o COO da ManPower Portugal.
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