BRANDS' ECO Smart money e ecossistema: a fórmula eficaz da EIT InnoEnergy
O setor das energias renováveis também sentiu os impactos da pandemia. Várias startups ligadas à área receberam apoios da EIT InnoEnergy para suportarem o período pandémico.
A pandemia já foi declarada há quase um ano, mas as suas consequências ainda se vão fazer sentir durante algum tempo. Para algumas empresas, os efeitos ainda nem sequer começaram, para outras foram praticamente imediatos.
No caso das energias renováveis, os atrasos no desenvolvimento dos negócios por causa dos confinamentos e de outras restrições foram a consequência direta da pandemia no setor. E foi precisamente nestes casos que a EIT InnoEnergy acabou por fazer a diferença ao dar vários apoios às empresas, a fim de as ajudar a não colapsar.
O que faz a EIT InnoEnergy?
A EIT InnoEnergy é uma empresa europeia que se dedica à promoção da inovação e empreendedorismo em energia sustentável. Atualmente, atuam em vários países da Europa, onde se inclui Portugal, mas também estão presentes nos EUA, em Boston.
“Uma das áreas onde atuamos é na área de investimento em startups, que nós denominamos Business Creation, onde procuramos projetos que tragam algo de novo ao mercado, com ambição de crescimento e escala global”, começou por dizer Miguel Carreiro, Business Creation Manager da EIT InnoEnergy Portugal.
Ao todo, a EIT InnoEnergy apoia 17 startups e scaleups em Portugal e mais de 380 em todo o seu portefólio. Estas empresas recebem apoio com o chamado “smart money”, através do qual os investidores, além de contribuírem com capital, se tornam um importante diferencial para as empresas com quem fazem parceria. Isto porque, uma vez que já têm experiência no mercado, também contribuem para a melhoria do conhecimento dos parceiros na área e dos seus modelos de negócio.
"Disponibilizamos um conjunto de serviços e financiamento customizado e adequado às necessidades e potencialidades das empresas. Além do financiamento, dispomos um ecossistema robusto, composto por empresas da indústria, centros de investigação, universidades e investidores.”
Na Europa e nos EUA, dispõem ainda de uma equipa comercial para ajudarem as empresas que apoiam a entrar nos mercados que representam. Aqui entram também os recrutamentos, as formações e ainda as organizações de eventos exclusivos como o The Business Boster (TBB), um evento anual de dois dias onde se juntam mais de 150 tecnologias de energias renováveis com o objetivo de promover negócios entre empresas da indústria.
Apoios às startups reforçados durante a pandemia
De forma geral, todas as empresas sentiram os impactos da Covid-19 nos negócios e, no caso das startups apoiadas pela EIT InnoEnergy, não foi diferente. Nesse sentido, a InnoEnergy acabou por reforçar os apoios que já dava às empresas com quem tem parceria, através de uma ajuda mais focada na superação dos desafios provocados pela pandemia.
“Nos meses iniciais da pandemia, com o primeiro confinamento, muitas reuniões e decisões foram adiadas. Esta realidade não causou impacto imediato na faturação, mas reduziu as perspetivas de novos negócios no médio prazo, com efeitos na faturação que se começam a sentir agora, em 2021”, explicou Miguel Carreiro.
Por outro lado, houve casos em que os efeitos na faturação não tardaram. “Houve também empresas que viram as suas atividades dificultadas pelas restrições à circulação e/ou pela disrupção nas cadeias de abastecimento. Aqui os impactos de faturação foram imediatos, mas, em geral, reestabeleceram-se em poucos meses e estavam já em pleno funcionamento a partir do verão”, contou o Business Creation Manager da EIT InnoEnergy Portugal.
Ainda assim, a EIT InnoEnergy reforçou os apoios às empresas que se encontravam em situações mais difíceis. “A nossa ajuda foi financeira para as empresas que identificámos estarem em situações financeiras mais críticas, mas também em reforço de ajuda comercial, uma vez que foi essa a área mais afetada nas empresas”, esclareceu Miguel Carreiro.
Energias renováveis perdem e ganham com a pandemia
De acordo com o responsável da área de novos negócios da EIT InnoEnergy em Portugal, um dos aspetos mais negativos da pandemia no setor tem a ver com a falta de interação humana e de investimentos em energia.
“A interação presencial é essencial para se desenvolver relações com outras pessoas, e essas relações estão na base de qualquer negócio. Ao perdermos esta interação presencial, em muitos casos, os alicerces das relações ficam mais frágeis e expostos. Também o investimento em energia diminuiu 18% em comparação com 2019, sendo um valor preocupante, mas que esperamos que volte a aumentar, em particular investimento em energia renovável – sobretudo solar e eólica”, disse.
Mas, apesar de todos os contratempos provocados pela pandemia, nem tudo correu mal no setor das energias renováveis. Se, por um lado, houve atrasos no desenvolvimento dos negócios por causa dos confinamentos e de outras restrições, por outro lado, observou-se uma tendência positiva no que diz respeito às emissões de CO2 e ao uso de combustíveis fósseis.
"Um dos aspetos mais positivos [da pandemia] é a redução das emissões de CO2, sendo estimado que tenha havido uma redução superior a 6% em comparação com 2019. Houve também uma menor produção de energia a partir de fontes fósseis e, por outro lado, um aumento da produção e relevância de fontes renováveis. Estes aspetos, bem como a capacidade de adaptação a novas tecnologias causadas pela pandemia, faz com que o futuro da energia sustentável seja muito promissor.”
A estes fatores positivos juntam-se ainda alguns investimentos feitos pela EIT InnoEnergy também em tempos de pandemia. Um deles de 12 milhões de euros em projetos ligados ao setor energético e outro de 25 milhões de euros para investir em startups ligadas à transição energética.
“Este fundo [25 milhões] será usado para acelerar a inovação para a transição energética em startups da Península Ibérica e funcionará de forma complementar e independente dos nossos programas de aceleração”, explicou Miguel Carreiro.
Algumas das empresas apoiadas pela EIT InnoEnergy na Ibéria são RVE.Sol, Eneida, FlexiDAO, Gas2Move, X1Wind, Prodone e Nabrawind.
Inovação aberta e o futuro das energias renováveis
Antes de saber o que é a inovação aberta, é importante perceber como funciona a inovação fechada. “Em sistemas de inovação fechada observa-se o desenvolvimento de inovação interno com recursos internos. Esta é uma metodologia adotada por várias PME e grandes empresas, mas que tem limitações relativamente à capacidade interna de desenvolver essas mesmas inovações e é um processo geralmente mais demorado e, consequentemente, dispendioso”, explicou Miguel Carreiro.
Já a inovação aberta, de acordo com o responsável, tem como objetivo a aceleração do processo de inovação dentro das organizações. “A inovação aberta é uma metodologia que pretende expandir este processo de inovação e permitir o contacto com áreas e recursos externos, como é o caso de startups. Assim, há uma maior adoção de soluções inovadoras pelas empresas, agilizando o processo de inovação, permitindo uma aceleração do tempo de inovação (tanto de produtos existentes como novos produtos) e aumento de eficiência dos processos (ao incorporar soluções que a estrutura interna não teria capacidade para desenvolver)”, adiantou.
Apesar de a inovação aberta ter vindo a ser adotada por algumas grandes empresas, o Business Creation Manager admitiu que “nas PME, ainda há alguma resistência em adotar o que poderia ser uma grande vantagem”.
Ainda assim, mesmo com resistências por parte de algumas empresas, este é o método em que a EIT InnoEnergy aposta e que acredita dar melhores resultados. Por essa razão é que Miguel Carreiro ressalva que pertencer à EIT InnoEnergy só trará vantagens aos seus associados.
“A EIT InnoEnergy tem um ecossistema muito desenvolvido no chamado triângulo de inovação: novos negócios, em particular no apoio a empreendedores e startups com soluções inovadoras no ecossistema de energia; educação, com programas de mestrados na área de energia em parceria com as principais universidades europeias para criar os futuros líderes da transição energética; e projetos e inovação, onde investimos em inovações com elevado potencial tecnológico, acelerando o seu caminho desde o laboratório até à sua comercialização, como é o caso do Principle Power e do Corpower, em Viana do Castelo, em que fazemos parte de ambos”, enumerou o Business Creation Associate.
Associado a estas vantagens está ainda o facto de terem vários parceiros que permitem acelerar o desenvolvimento de soluções prontas a serem lançadas no mercado. Em Portugal esses parceiros são o IST (Técnico de Lisboa), Galp, EDP, o INL (Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia) e a Portgás.
Com a esperança num futuro promissor, a EIT InnoEnergy está a coordenar duas iniciativas europeias – a European Battery Alliance, uma comunidade que junta mais de 400 parceiros industriais e de inovação para o desenvolvimento de um ecossistema de baterias na Europa, desde a mineração à reciclagem das baterias, e ainda o European Green Hydrogen Acceleration Center, que pretende apoiar o desenvolvimento de uma economia no valor de 100 mil milhões de euros por ano na área do hidrogénio verde, na Europa, até 2025.
Miguel Carreiro afirmou que “já se tem vindo a observar uma retoma à ‘normalidade’ no último trimestre do ano, embora com grandes limitações e não conseguindo ainda replicar esforços de anos anteriores”.
Por essa razão, o Business Creation Manager da EIT InnoEnergy Portugal mostrou-se otimista quanto ao futuro. “Com o aumento da implementação da vacinação, bem como iniciativas como o Green Deal, espera-se que haja um aumento significativo na mobilização de esforços para a transição energética e desenvolvimento de inovação”, concluiu.
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