Quantas variantes já há do vírus em Portugal? E as vacinas são eficazes?
À variante espanhola (mais comum em Portugal) e outras europeias, juntaram-se a britânica, sul-africana, brasileira e a californiana mais recentemente. A britânica já representa 48% dos novos casos.
O aparecimento das novas variantes do SARS-CoV-2 tem preocupado vários governos e autoridades sanitárias um pouco por todo o mundo. À variante espanhola (mais comum em Portugal) e outras europeias, juntaram-se a britânica, sul-africana, brasileira e a californiana.
Mais contagiosas, preocupam líderes e cidadãos que olhavam para as vacinas com esperança de que a pandemia ia acabar. Não acabou, e não se sabe se as vacinas são tão eficazes para as novas variantes como para a original.
Em Portugal, apesar do decréscimo de novos casos, as variantes ainda são uma ameaça. No país, quase metade dos novos casos (48%) são da variante britânica, mas também já foram registados casos da variante sul-africana e brasileira.
Variantes à lupa
A primeira, A222V, ou variante espanhola, é responsável por mais de metade dos casos em Portugal, mais precisamente 54,7% de acordo com o relatório do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA). Foi identificada no início do Verão e aí começou a espalhar-se por toda a Europa, provavelmente com origem nas férias pois as fronteiras já estavam abertas. Esta variante terá sido a impulsionadora da segunda vaga no país.
A mais falada desde o final de 2020 é a variante britânica (N501Y.V1 – linhagem B.1.1.7). Foi detetada pela primeira vez em setembro, no Reino Unido, e espalhou-se por todo o mundo rapidamente. Representa cerca de 48% dos novos casos em Portugal, segundo o INSA. Os estudos indicam que esta estirpe é mais contagiosa e, provavelmente, mais letal (mas são necessários mais estudos para confirmar).
A variante sul-africana (N501Y.V2 + E484K – linhagem B.1.351) foi detetada em poucos casos em Portugal, mas é preocupante. Apesar de ter algumas mutações semelhantes à estirpe britânica, esta variante surgiu de forma independente. Esta estirpe está associada a uma maior transmissão e também à capacidade que o vírus tem de “fugir” de alguns anticorpos. A variante foi detetada em dezembro na África do Sul e é conhecida por afetar os mais jovens.
No Brasil, surgiu uma variante, E484K P.1, identificada pela primeira vez em quatro turistas brasileiros num aeroporto do Japão. Segundo o Centro de Controlo de Doenças dos EUA, esta variante tem 17 mutações únicas. A que circula em Portugal é a linhagem P.2 e tem maior resistência aos anticorpos do que o vírus original.
Em Portugal, 13,2% dos casos são da estirpe S477N (linhagem B.1.160), variante que remonta a março. Surgiu no centro da Europa, não havendo uma referência específica, mas disseminou-se por vários países. Também uma variante (S98F – linhagem B.1.221), mais presente na Bélgica e Holanda, foi identificada quase 30 vezes no país.
Há ainda a variante californiana, que apresenta uma mutação conhecida por L452R e está a preocupar os cientistas portugueses. “É uma mutação que está, não só, no domínio de ligação das nossas células, potenciando eventualmente uma maior transmissão, mas também está associada – dados experimentais apontam para isso – à falha de ligação dos nossos anticorpos. E daí esta preocupação acrescida”, explicou o investigador João Paulo Gomes, à Rádio Renascença. Segundo o último relatório, representa 6,8% dos casos em Portugal.
Estas são as mais dominantes, tendo já sido identificados quase 2.000 casos com outras estirpes.
As vacinas protegem quanto às novas variantes?
As variantes mais antigas não pareceram levantar problemas, dúvidas ou polémicas. Mas o mesmo não aconteceu com as mais recentes (e mais contagiosas): britânica, sul-africana e brasileira. Tem havido dúvidas entre peritos sobre se as vacinas já aprovadas (no caso da União Europeia Pfizer/BioNTech, AstraZeneca e Moderna) são eficazes a combater estas mutações.
As vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna dizem ser eficazes a neutralizar a variante do Reino Unido e outras variantes em circulação mais “simples”, mas têm mais dificuldades com a estirpe sul-africana. Aliás, um estudo que saiu na semana passada indica mesmo que a variante da África do Sul pode reduzir a eficácia da vacina da Pfizer/BioNTech em dois terços.
A AstraZeneca disse ser eficaz contra a variante britânica (75%), mas não tem ainda dados das outras, uma vez que no Reino Unido (país onde está a ser administrada há mais tempo) ainda não há uma grande presença dessas variantes. Ainda assim, a empresa já começou a trabalhar para criar uma vacina semelhante para a variante sul-africana.
Alguns dados das farmacêuticas Janssen e Novavax indicam que as vacinas, que deverão estar quase a ser aprovadas, oferecem segurança face às novas variantes.
No entanto, é importante realçar que não há ainda dados suficientes sobre a eficácia das vacinas nestas novas estirpes.
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