Rui Moreira quer articulação entre linha de alta velocidade e ponte do metro do Porto
O presidente da Câmara do Porto defende que a linha de alta velocidade e a nova ponte sobre o rio Douro têm de ser “pensadas de forma articulada”.
O presidente da Câmara do Porto disse esta segunda-feira que a linha de alta velocidade e a nova ponte sobre o rio Douro, que integra o projeto de expansão da Metro do Porto, têm de ser “pensadas de forma articulada”.
“Escrevi uma carta aos dois ministros [das Infraestruturas e do Ambiente] propondo uma reunião a três sobre esta matéria porque me parece que a questão da expansão do metro, por um lado, e a questão da alta velocidade, por outro, não podem ser vistas em separado”, afirmou Rui Moreira, em resposta a uma questão colocada pelo deputado socialista Pedro Braga de Carvalho durante a Assembleia Municipal do Porto.
Quanto à nova ponte de metro sobre o rio Douro, que ligará Santo Ovídio (Vila Nova de Gaia) à Casa da Música (Porto), Rui Moreira afirmou que o município “reconhece a extraordinária importância” desta ligação, em particular porque “reduz o afluxo” na Ponte da Arrábida.
“Os estudos de procura estão disponíveis, os estudos daquilo que será o impacto no trânsito, esses, neste momento, não lhe posso dizer, mas aquilo que é interessante é que quando olhamos para os estudos de procura eles são extraordinariamente importantes”, referiu, acrescentando, contudo, que a inclusão da ponte na “malha urbana é algo que preocupa” a autarquia.
“Nós sabemos bem tudo aquilo que rodeia a proteção visual da Ponte da Arrábida, portanto, é absolutamente crucial que o projeto em termos de arquitetura seja um projeto de grande qualidade porque vai ter um impacto visual muito significativo”, defendeu o autarca.
Quanto à nova linha de alta velocidade, Rui Moreira disse “pouco conhecer” sobre o tema, referindo que a reunião que propôs “não foi considerada oportuna pelos membros do Governo”. “O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, manifestou-me interesse, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, disse-me que não estamos a falar da mesma coisa”, acrescentou.
O autarca defendeu ainda que a linha de alta velocidade têm de ser “muito bem” pensada em termos de estruturação da Área Metropolitana do Porto (AMP), nomeadamente, como é que “a alta velocidade deve entrar no centro da AMP”.
A 23 de outubro, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, apontou a ligação atlântica Lisboa-Porto-Vigo como a prioridade portuguesa para a rede ibérica de alta velocidade, avisando que o Governo português não aceita a “solução imposta” por Espanha que prioriza a ligação Lisboa-Madrid. Na apresentação do Programa Nacional de Investimentos 2030, em 22 de outubro, o ministro das Infraestruturas anunciou que as metas para a ferrovia se centram, entre outras, na criação de uma nova linha Porto-Vigo com duração de uma hora, bem como a eletrificação da rede até 2030.
Rui Moreira só se pronuncia sobre refinaria da Galp depois de falar com autarca de Matosinhos
O presidente da Câmara do Porto afirmou que só se pronuncia sobre o encerramento da refinaria da Galp, em Matosinhos, depois de falar com a presidente desta autarquia e “conhecer com mais rigor” os planos da Petrogal. “Estou à espera de falar com a presidente da Câmara de Matosinhos acerca desta matéria antes de me pronunciar sobre o assunto e também de conhecer em mais rigor aquilo que a Petrogal lá pretende fazer”, afirmou.
Rui Moreira, que respondia a uma questão levantada pelo deputado Rui Sá, da CDU, lembrou, no entanto, que “os munícipes de Matosinhos andaram durante anos a pedir o encerramento da refinaria”. “Tendo eu muito respeito naturalmente pela questão dos trabalhadores, é verdade que não posso tomar uma posição fora daquilo que é o pensamento da presidente da Câmara de Matosinhos sobre esta matéria, bem como da Área Metropolitana do Porto (AMP) e também perceber o que lá se vai fazer”, referiu.
Os trabalhadores da refinaria da Galp em Matosinhos, que deverá encerrar até ao final do ano, vão protestar em frente à Câmara do Porto na quinta-feira, dia 25 de fevereiro. A concentração, que compreende a realização de um plenário de trabalhadores, está agendada para às 14h30, frente à Câmara Municipal do Porto, disse em declarações à Lusa, Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte e da comissão de trabalhadores.
O sindicalista explicou que o objetivo é “ouvir” o presidente da autarquia sobre o fecho do complexo petroquímico que vai afetar não só o concelho de Matosinhos, onde está sedeada, mas toda a região norte. “Já pedimos reunião com o presidente Rui Moreira e, até agora, nada. Está calado sobre o assunto”, afirmou. Telmo Silva criticou o facto de o independente ainda não ter defendido publicamente a refinaria, sendo ele um “defensor do Norte”.
A Galp anunciou em dezembro de 2020 a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano. A decisão põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, conforme estimativas dos sindicatos. Telmo Silva adiantou que a empresa continua sem dar respostas aos trabalhadores, nem a apresentar soluções. “Ainda não apresentou qualquer plano até ao momento”, acrescentou.
Depois de um plenário de trabalhadores junto à Câmara Municipal de Matosinhos a 12 de janeiro, estes manifestaram-se a 02 de fevereiro em frente à sede da Galp e à residência do primeiro-ministro, António Costa, em Lisboa. O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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