Adiamento de pagamento de fundos seria catástrofe económica para a Europa, diz BCE
Isabel Schnabel pediu que o dinheiro do fundo fosse distribuído rapidamente, só uma pequena parte para impulsionar o consumo a curto prazo e o resto investir para tornar a Europa mais competitiva.
Isabel Schnabel, membro do comité executivo do Banco Central Europeu (BCE), acredita que “seria uma catástrofe económica para a Europa se o pagamento de fundos” fosse adiado indefinidamente.
Numa entrevista ao semanário alemão Der Spiegel, Schnabel acrescentou que, “nesse caso, a Europa deveria pensar em soluções alternativas”, afirmando que isso “poderia levar muito tempo”.
Schnabel respondeu desta forma quando questionada sobre a ação judicial apresentada no Tribunal Constitucional alemão por Bernd Lucke, o fundador do partido alemão de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha), o primeiro partido da oposição no Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento), para suspender temporariamente a legislação alemã que ratifica o fundo de recuperação.
No entanto, Schnabel recusou pronunciar-se sobre o Tribunal Constitucional Alemão.
A economista alemã disse que “é muito importante que a Europa dê uma forte resposta orçamental com o fundo de recuperação“. “Desta forma, a Europa demonstra, por um lado, solidariedade para com os países que foram duramente atingidos pela crise, mas têm pouco espaço orçamental.”.
“Por outro lado, é importante para a economia europeia como um todo e, portanto, para a Alemanha como país exportador”, acrescentou.
Schnabel instou a que o dinheiro do fundo fosse distribuído rapidamente, apenas uma pequena parte do qual deveria impulsionar o consumo a curto prazo e a maior parte deveria ser investido para tornar a Europa permanentemente mais competitiva, digital e amiga do ambiente.
Schnabel considerou também que é “inevitável” que as dívidas públicas subam, dada a situação de crise sem precedentes, e que o endividamento também faz sentido, desde que as despesas impulsionem o crescimento de uma forma sustentável.
Sublinhou ainda que é crucial a curto prazo acelerar as campanhas de vacinação para poder impulsionar o crescimento.
O Tribunal Constitucional alemão proibiu o Presidente, Frank-Walter Steinmeier, de assinar a ratificação do fundo de recuperação.
A decisão foi conhecida um dia depois de o parlamento alemão, o Bundestag, ter aprovado a lei que permite o aumento dos recursos próprios do bloco europeu com vista à emissão de 750 mil milhões de euros de dívida comum que financiarão esta ajuda.
Em causa está um recurso apresentado pelo grupo “Bündnis Bürgerwille”, em nome de 2.200 cidadãos, “animado” pela AfD, a questionar a sua constitucionalidade, argumentando que o plano viola os tratados europeus ao abrir a porta para empréstimos conjuntos pelos Estados membros.
O Tribunal Constitucional alemão tem até três meses para tomar uma decisão.
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