Fundação EDP cria fundo de aquisição de arte com 100 mil euros para jovens artistas
Fundação EDP criou um novo fundo de aquisição de obras de arte contemporânea, em resposta ao quadro de emergência provocado pela pandemia no setor da cultura, revelou a nova presidente.
A Fundação EDP criou um novo fundo de aquisição de obras de arte contemporânea, de 100 mil euros, em resposta ao quadro de emergência provocado pela pandemia no setor da cultura, revelou a nova presidente, Vera Pinto Pereira. Em entrevista à agência Lusa sobre as prioridades para 2021, na área cultural, a gestora, nomeada no início do ano, indicou que a Fundação EDP vai “duplicar o investimento em aquisições de arte contemporânea”, para um total global de 200 mil euros.
“Nesta altura de emergência, os artistas plásticos e visuais têm a sua obra ainda menos visível, e decidimos, por isso, reforçar as aquisições, e especificamente, aos jovens artistas nacionais, com o objetivo de os apoiar nesta fase mais delicada, quando é importante assegurar a resiliência do meio artístico”, disse a presidente da Fundação EDP. Vera Pinto Pereira avançou que, além dos 100 mil euros previstos para aquisições de obras de arte, mais 100 mil euros serão incluídos no fundo de emergência, para o reforço das aquisições de arte.
Nesse sentido, foram escolhidas 22 obras de 15 artistas nascidos entre 1986 e 1996, em suportes de pintura, vídeo, instalação, e escultura, por um comité de seleção, composto por Miguel Coutinho, administrador e diretor-geral da fundação, José Manuel Fernandes, administrador e diretor cultural, e Inês Grosso, curadora do Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia (MAAT).
A responsável indicou que o fundo “possibilitou a compra de um conjunto significativo de obras a artistas, colmatando ou complementando lacunas de representação na coleção de arte da Fundação EDP, relativamente a artistas desta geração”. Serão adquiridas obras de Adriana Proganó, Alice dos Reis, AnaMary Bilbao, Andreia Santana, Carolina Pimenta, Eduardo Fonseca e Silva, Fernão Cruz, Gonçalo Preto, Henrique Pavão, Horácio Frutuoso, Igor Jesus, Maria Trabulo, Rita Ferreira, Sara Bichão e Tiago Madaleno.
Além de colmatar as lacunas na própria coleção, este fundo de aquisições pretende “contrariar o grave impacto que a pandemia do covid-19 está a ter no meio artístico, e especialmente nos jovens artistas em início de carreira”, salientou a gestora, nomeada presidente do conselho de administração da Fundação EDP, em substituição de António Mexia.
Anualmente, a instituição aplica cerca de 100 mil euros em aquisições para a Coleção de Arte Fundação EDP, cuja dimensão atinge atualmente mais de 2.450 obras, de quase 300 artistas. Iniciada em 2000 para abranger várias gerações de artistas portugueses contemporâneos, inclui várias áreas e disciplinas da criação artística, com início cronológico de referência na década de 1960 do século XX.
Questionada sobre as aquisições de 2020, Vera Pinto Pereira revelou que foram adquiridas – com cerca de 100 mil euros – cinco novas obras à dupla João Pedro Vale/Nuno Alexandre Ferreira, Welket Bungué, Gabriel Abrantes e Manuel João Vieira. A João Pedro Vale/Nuno Alexandre Ferreira foi adquirida a obra que integrou a exposição “Ama Como a Estrada Começa”, que esteve patente no MAAT; a Gabriel Abrantes duas obras que estiveram na exposição “Melancolia Programada”, patente também no MAAT – uma pintura, e o filme “Too many daddies, mommies and babies”, que lhe valeu o Prémio Novos Artistas da Fundação EDP -; a Welket Bungué o filme “Metalhart”, com o qual o realizador venceu o Prémio Fuso em 2020; a Manuel João Vieira, a instalação que esteve patente na exposição “Borderline”, na Galeria Miguel Nabinho.
Questionada pela Lusa sobre a continuidade do novo fundo para os próximos anos, a presidente do conselho de administração da Fundação EDP indicou que, neste momento, “o compromisso é para o fundo funcionar este ano [2021], em resposta específica ao momento de emergência social, que atinge muito a área cultural”.
“A fundação tem como missão contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, através de incentivos na dimensão social, mas também através de apoios e iniciativas na dimensão cultural, na qual sentimos que era oportuno investir mais”, apontou.
Sobre o valor global que a instituição vai aplicar este ano na área da cultura, Vera Pinto Pereira disse que “será sensivelmente idêntico a 2020”, no valor de 3,5 milhões de euros, que dizem respeito à programação para os museus geridos pela entidade – MAAT e Central Tejo – aquisições de obras de arte contemporânea, os dois prémios para as artes plásticas/visuais, de carreira e para novos talentos, e em serviços educativos dos museus.
A Fundação EDP organiza e patrocina, desde 2020, os galardões Grande Prémio Arte, que distingue uma carreira artística, no valor de 50 mil euros, este ano atribuído a Luisa Cunha, e o Prémio Novos Artistas, “aos valores promissores da criação nacional também nas artes plásticas e visuais, cujo concurso da 14ª edição será aberto até ao final do ano”.
“Parece-nos oportuno, nestas circunstâncias desafiadoras na área da cultura, assegurar este prémio, no valor de 20 mil euros, e que também tem uma exposição associada para a obra do vencedor”, disse a responsável. Há ainda uma intenção de investir nos serviços educativos dos museus tutelados: “Acreditamos que através da cultura contribuímos para uma sociedade mais criativa, mais culta, com maior sentido crítico, e estes serviços assumem um papel muito importante”.
“Em 2021 haverá um reforço do nosso programa de escolas no museu, focado na inclusão social de alunos que por questões geográficas ou financeiras não têm acesso a instituições culturais”, disse a presidente da fundação. Em média, 36 mil alunos de todos os graus de ensino, desde o jardim de infância à universidade, visitam anualmente os museus da Fundação EDP, segundo os dados estatísticos da entidade dos últimos cinco anos.
O MAAT inaugurou no início de abril três novas exposições: “Aquaria – Ou a Ilusão de um Mar Fechado”, “X Não é um País Pequeno – Desvendar a Era Pós-Global”, e “Earth Bits – Sentir o Planeta”, que estarão patentes até 06 de setembro deste ano. No fim de semana de 24 e 25 de abril – quando reabre ao público o edifício da Central Tejo – haverá uma programação especial com a participação dos curadores envolvidos nos três novos projetos, e que incluirá atuações e conversas ao vivo.
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