Centro europeu espera verão com maior liberdade de circulação na UE
“Algumas medidas terão ainda de ser mantidas mesmo durante o verão, como o distanciamento físico e o uso de máscaras em algumas situações”, mas pode haver mais liberdade de circulação no verão.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) não recomenda a realização de viagens não essenciais na União Europeia (UE) para evitar a propagação de novas variantes do SARS-CoV-2, mas espera “mais liberdade” no verão.
“Neste momento, o que recomendamos é que se evitem as viagens não essenciais porque […] a maioria dos países está numa situação que chamamos de séria preocupação”, declarou em entrevista à agência Lusa o responsável pela unidade de Emergência de Saúde Pública do ECDC, Piotr Kramarz.
Numa altura em que a mutação do vírus detetada no Reino Unido representa 75% dos casos de infeção ao nível da UE e em que as estirpes identificadas no Brasil e na África do Sul se continuam a difundir no espaço comunitário, o responsável salientou que “a propagação destas variantes preocupantes pode, pelo menos, ser atrasada ao se evitarem viagens desnecessárias nesta fase”.
Expectativa diferente tem o também chefe-adjunto do programa de doenças do ECDC para o próximo verão.
“Creio que ainda não haverá possibilidade de voltar à realidade antes da pandemia” no verão, mas “se houver reduções na transmissão e, especialmente se as populações em risco forem cada vez mais protegidas dos graves resultados da covid-19 então, teremos mais liberdade” de circulação, estima Piotr Kramarz.
Claro que “algumas medidas terão ainda de ser mantidas mesmo durante o verão, como o distanciamento físico e o uso de máscaras em algumas situações”, acrescentou o especialista.
“O que mais nos preocupa são os efeitos graves nas pessoas mais velhas e nas pessoas que têm doenças crónicas”, que são aliás as camadas da população prioritárias para a campanha de vacinação contra a Covid-19 em curso na UE.
“Se não causar doenças graves [a infeção] é, claro, menos ameaçadora”, assinalou Piotr Kramarz.
O especialista pede, também, que os países atinjam “uma capacidade suficiente de sequenciação genómica para detetar estas novas variantes”, de forma a combatê-las.
A posição de Piotr Kramarz surge numa altura em que se discute, ao nível da UE, uma proposta legislativa apresentada pelo executivo comunitário relativa à criação de um certificado digital para comprovar a vacinação, testagem ou recuperação da covid-19, um documento bilingue e com código QR que deve entrar em vigor até junho para permitir a retoma da livre circulação.
A ideia de Bruxelas é que este livre-trânsito funcione de forma semelhante a um cartão de embarque para viagens, estando disponível em formato digital e/ou papel, com um código QR para ser facilmente lido por dispositivos eletrónicos, e que seja disponibilizado gratuitamente, na língua nacional do cidadão e em inglês, de acordo com a proposta.
Os setores do turismo e das viagens representam cerca de 10% do PIB europeu.
Num relatório divulgado em março, o ECDC sugeriu o alívio de restrições às viagens – assentes em teste ou quarentena – para quem esteve infetado com Covid-19 nos seis meses antes de viajar, devendo manter outras regras.
O ECDC propôs também nesse documento que, “para indivíduos que recuperaram recentemente de uma infeção Covid-19, um certificado confirmando a sua recuperação nos últimos 180 dias […] poderia ser aceite como o equivalente ao teste negativo SARS-CoV-2 que é exigido aos viajantes”.
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