A partir de agora, quem vai ser vacinado e quando? E vem aí o auto-agendamento
Com a chegada de mais vacinas, o plano de vacinação foi revisto. A idade passa agora a ser "regra" (ainda que com exceções), há novos grupos prioritários e o auto-agendamento está para breve.
O plano de vacinação contra a Covid-19 não é estático e vai sofrendo alterações, com base no conhecimento da doença, bem como noutras condições externas. Nesse sentido, e tendo em conta que a partir deste trimestre haverá uma maior disponibilidade de vacinas, este plano foi reajustado. O fator da idade passa agora a ser “regra” (ainda que com exceções), houve algumas alterações aos grupos prioritários e o auto-agendamento deverá estar disponível dentro de uma semana.
A ministra da Saúde reconheceu que Portugal enfrentou “um problema de escassez de vacinas”, e alguns imprevistos durante a primeira fase do plano de vacinação, mas garantiu que a situação vai agora reverter-se. “Vamos entrar numa fase de maior disponibilidade de vacinas”, disse Marta Temido, na apresentação da revisão do plano, acrescentando que “o maior desafio agora é o da fluidez e da celeridade do processo de vacinação”.
Esta tão desejada velocidade cruzeiro foi também transmitida pela diretora-geral da Saúde, que garantiu o país vai entrar numa fase de “vacinação rápida”. Assim, a idade passa nesta segunda fase a ser o principal critério para a convocatória, começando pelos mais velhos independentemente das patologias associadas e ocorrendo por “faixas etárias decrescentes”. Por outras palavras, tendo em conta que as pessoas com mais de 80 anos estão praticamente vacinadas com pelo menos uma dose da vacina, nesta segunda fase a vacinação vai arrancar pelas pessoas dos 70 aos 79 e depois dos 60 aos 69.
Quais são os novos grupos prioritários?
Nesse sentido, algumas doenças consideradas “mais graves” passam agora a ser consideradas prioritárias, independentemente da idade, como é o caso dos doentes oncológicos ativos (que estejam a fazer quimioterapia ou radioterapia), pessoas em situação de transplantação, pessoas com imunodepressão (por exemplo, com HIV mas não só), doenças neurológicas e epilepsia refratária, bem como doenças mentais como esquizofrenia.
Ao mesmo tempo, entraram também nesta segunda fase do plano de vacinação contra a Covid-19 pessoas com obesidade (acima de 35% do índice de marca corporal) ou diabetes tipo II, sendo que nestes casos os doentes serão vacinados de acordo com a faixa etária. O mesmo acontece com pessoas infetadas por Covid-19 e que recuperaram da doença há mais de seis meses. Estes vão começar agora a ser vacinados, também numa lógica de idade (dando prioridade aos mais velhos do que 60 anos), mas receberão apenas uma dose, dado que já que têm alguma imunidade ao vírus.
“A vacinação terá dois ramos. Um por faixa etária, intensivo e fácil de vacinar, e outro que não deixa para trás pessoas com doenças graves, independentemente da idade”, concluiu Graça Freitas. O objetivo passa, assim, por acelerar o processo de vacinação e dar uma maior proteção às faixas etárias com mais óbitos associados à Covid-19, bem como diminuir o potencial risco para as pessoas que estão com uma condição de saúde mais debilitada, independentemente da idade.
Maiores de 60 anos vão ser vacinados até final de maio
Deste que arrancou a vacinação, Portugal recebeu cerca de 2,9 milhões de doses de vacinas (às quais acrescem ainda 31,2 mil doses da Janssen) e administrou 2,7 milhões. Assim, 20% da população tomou, pelo menos, uma dose e 7% recebeu as duas inoculações. Só neste trimestre, o país espera receber cerca de 8,8 milhões de doses, ou seja, mais do triplo das vacinas recebidas até agora.
Nesse contexto, e dada “a abundância de vacinas”, a ministra da Saúde garantiu que “até ao final de maio ou até à terceira semana de maio todas as pessoas com mais de 60 anos” vão estar vacinadas com, pelo menos, uma dose da vacina, destacando que 96% das mortes registadas em Portugal foram nessas faixas etárias.
E nem os percalços com as vacinas da AstraZeneca (que é atualmente recomendada para pessoas com mais de 60 anos) e da Janssen (que ainda não está a ser administrada já que as autoridades de saúde ainda estão a analisar o parecer da EMA) colocam esse objetivo em causa, dado que o foco está na população acima dessa faixa etária. De sublinhar que Portugal mantém também o objetivo de ter 70% da população adulta imunizada, com pelo menos uma dose da vacina até ao final do verão, tal como acontece com a generalidade dos países europeus.
Auto-agendamento deverá estar disponível no espaço de uma semana
Com o intuito de atingir a velocidade de cruzeiro e “para aproveitar todas as vacinas que Portugal vai receber”, o coordenador da task force diz que vai ser necessário vacinar cerca de 100 mil pessoas diariamente, já “dentro de duas a três semanas”. “Não será uma tarefa fácil”, admitiu Henrique Gouveia e Melo, assinalando que deverá manter-se a este ritmo durante cerca de quatro meses.
Assim, para agilizar este processo e para que corra “todos os dias de forma correta e sem falhas”, as autoridades de saúde nacionais decidiram criar um sistema de auto-agendamento da vacinação, “evitando ser o sistema central a encontrar as pessoas” para serem vacinadas, explicou o vice-almirante. Este plataforma online deverá estar disponível “para a semana”, segundo revelou a ministra da Saúde. Até agora, os centros de saúde estão a contactar os utentes preferencialmente por SMS, ou por chamada telefónica (quando consideram necessário ou não existe resposta ao SMS) ou por carta (quando não existem contactos telefónicos disponíveis).
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