TAP agrava prejuízos para 1.230 milhões em ano de pandemia
Quebras no número de passageiros e na carga transportados atiraram a companhia para os piores resultados de sempre. A redução de 38% nos gastos operacionais ajudou a travar as perdas.
A TAP perdeu mais de 1.200 milhões de euros em ano de pandemia. Os resultados são os mais negativos de sempre para a empresa, que na última década teve lucros apenas num ano. Apesar dos cortes de custos (incluindo os associados ao plano de reestruturação), as contas de 2020 foram especialmente penalizadas pela Covid-19 que levou a uma forte quebra nos passageiros e na carga transportados.
“O resultado líquido do ano foi negativo em 1.230,3 milhões de euros“, anunciou a TAP, em comunicado enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O prejuízo é mais de 12 vezes superior ao resultado negativo de 95,6 milhões de euros registado em 2019. O resultado operacional (EBIT) passou de positivo a negativo de 964,8 milhões em 2020, enquanto o EBITDA caiu para -273,7 milhões.
“Tal como em todo o setor da aviação a operação e resultados de 2020 foram severamente impactados pela quebra de atividade em resultado da pandemia de Covid-19, apesar da rápida e eficiente reação da TAP”, justifica a empresa interinamente liderada por Ramiro Sequeira.
O número de passageiros transportados teve uma quebra de 72,7%, invertendo a tendência de crescimento que vivia há quatro anos, e as receitas de passagens caíram 70,9%. Já no segmento de carga — que recebeu um impulso no arranque de 2021 devido ao transporte de vacinas –, a TAP Air Cargo registou um decréscimo de 8,5% totalizando 125,7 milhões de euros de receitas.
Os rendimentos operacionais totais atingiram 1.060,2 milhões de euros, um decréscimo de 67,9% face a 2019, “que se ficou a dever sobretudo ao decréscimo dos rendimentos de passagens em 2.065 milhões de euros (-70,9%) e da atividade de manutenção para terceiros que registou um decréscimo de 143,4 milhões de euros (-67,9%) face ao período homólogo do ano anterior”, explica.
O overhedge de combustível jet fuel teve um impacto negativo de 165,3 milhões de euros, em resultado da quebra de atividade sofrida pela Covid-19. Em sentido contrário, nas diferenças cambiais, houve um impacto positivo de 162,1 milhões relacionadas com a apreciação do euro face ao dólar, que mais do que compensou a penalização sofrida pela desvalorização do real brasileiro face ao euro.
2008 tinha sido o pior ano até agora
Fonte: relatórios e contas da TAP
Massa salarial, lessors e combustíveis ajudam a cortar custos
Em dificuldades há um ano devido às restrições impostas pelos países para controlar a pandemia de Covid-19, a TAP recebeu, no ano passado, 1,2 mil milhões de euros em apoio público e está em processo de reestruturação. Apesar de ainda aguardar resposta da Comissão Europeia ao plano proposto pelas autoridades portuguesas, a companhia aérea avançou com medidas que permitiram já cortar custos.
“Os gastos operacionais totais ascenderam a 2.024,9 milhões de euros no ano de 2020, um decréscimo de 1.226,6 milhões de euros (-37,7%) face ao período homólogo do ano anterior, maioritariamente explicado pela redução significativa dos custos variáveis indexados ao decréscimo da operação, em função da rápida decisão da empresa em ajustar a capacidade e das negociações havidas com fornecedores e lessors, assim como a redução dos custos com pessoal”, refere a TAP.
Um dos pilares do plano é a redução da massa salarial. No ano passado, a diminuição de custos com o pessoal foi de 258,9 milhões de euros devido à menor atividade da empresa, da não renovação de contratos a termo, da aplicação da medida de layoff simplificado e, mais recentemente, da aplicação do regime de apoio extraordinário à retoma progressiva. Já os gastos com combustíveis caíram 529,2 milhões de euros.
Para 2021, a TAP sublinha que o negócio irá depender da evolução da pandemia e do plano de vacinação “que ditará a velocidade da recuperação económica doméstica e internacional, principalmente nos países que são os principais mercados da TAP”. O plano de restruturação prevê uma “recuperação lenta” da atividade da empresa, “tentando acomodar a maior incerteza do setor no ano de 2021, tal como projetado pelos organismos o setor”.
Ainda assim, a companhia aérea está confiante face à implementação da reestruturação. “O plano de reestruturação prevê que a TAP atinja um resultado operacional equilibrado até 2023, assegurando uma situação que permita fazer face aos compromissos financeiros nas suas maturidades. Nesta data, aguarda-se a conclusão das negociações em curso com a Comissão Europeia para aprovação do Plano de Reestruturação que deverão concluir-se brevemente”, acrescenta.
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