Casimiro admite “responsabilizar criminalmente” ex-CEO da Groundforce por gestão danosa
Paulo Leite já tinha sido afastado das funções de CEO e foi esta segunda-feira oficialmente destituído "por justa causa e com efeitos imediatos" do cargo de administrador não executivo.
O maior acionista da Groundforce admite avançar com uma acusação criminal contra o ex-CEO Paulo Leite por gestão danosa. A conduta do gestor na negociação do empréstimo bancário pedido pela empresa de handling com aval do Estado está a ser alvo de auditoria interna, sendo que Leite foi afastado, anunciou a Pasogal de Alfredo Casimiro em comunicado.
“A atitude do Eng. Paulo Leite, nomeadamente a sua conduta no processo do empréstimo e nos eventos que se lhe seguiram, estão a ser objeto de uma rigorosa auditoria legal e o Conselho de Administração da Pasogal não afasta a hipótese de o vir a responsabilizar criminalmente por gestão danosa, designadamente pela utilização e divulgação a terceiros de informação sigilosa da empresa e dos seus acionistas, obtida no âmbito das suas funções de administrador”.
Há um mês, o conselho de administração da Groundforce anunciou o despedimento de Paulo Leite de CEO, apontando quebras de confiança e violações dos deveres de lealdade. O gestor rejeitou as acusações e manteve-se como administrador não executivo. Esta segunda-feira os acionistas reuniram-se em assembleia geral para dar o passo que faltava para o afastar completamente.
"A atuação do Eng. Paulo Leite foi pautada por jogadas e intrigas políticas, por omissão de informação, por mentiras e por manobras pérfidas que tiveram como único objetivo a desestabilização da empresa.”
A assembleia geral de acionistas da Groundforce deliberou esta segunda-feira, por unanimidade, a destituição “por justa causa e com efeitos imediatos” de Paulo Leite, que foi até há pouco o CEO da empresa. Neste cargo não será para já substituído e Alfredo Casimiro irá manter-se a acumular as funções de chairman e CEO. Já para a administração, entra Bernardino Neves, diretor de operações da Urbanos.
A Pasogal explica que “esta deliberação fundamenta-se na prática de sucessivos atos de gestão que lesaram a empresa, bem como de notícias alimentadas pelo próprio e nunca desmentidas, que contribuíram para a deterioração do ambiente interno e da relação entre os seus acionistas”.
As notícias referidas dizem respeito à possibilidade de managment buyout (MBO) da Groundforce, numa altura de rutura financeira e em que os 2.400 trabalhadores estavam com salários em atraso. Nessa altura, a empresa estava a negociar uma solução temporária com a TAP e o Governo — que acabou por se concretizar numa operação de sale and leaseback de todos os equipamentos que está agora a ser contestada — enquanto tentava um empréstimo bancário com garantias públicas.
Segundo o empresário, “exigia-se o foco total” na gestão desse dossiê, do qual a empresa “dependia para sobreviver”. Mas “a atuação do Eng. Paulo Leite foi pautada por jogadas e intrigas políticas, por omissão de informação, por mentiras e por manobras pérfidas que tiveram como único objetivo a desestabilização da empresa, o prejuízo da imagem púbica e privada dos seus acionistas, para que, enfim, pudesse operar o tão noticiado “MBO”, que só a ele interessava e que pretendia afastar de cena o acionista que o tinha nomeado”, diz Casimiro.
O principal acionista da Groundforce acrescenta que “a conduta desleal e irresponsável” de Paulo Leite colocou em risco todo o trabalho que foi desenvolvido na empresa desde a sua reprivatização, em 2012, e destruiu “muito do valor” criado pelos trabalhadores e diretores da empresa.
Paulo Leite já esperava este resultado da assembleia geral que põe fim ao mandato que só deveria terminar no fim do ano, tendo enviado esta segunda-feira uma carta de despedida aos trabalhadores. Garante garante ter sido leal para com a moral, a ética e a legalidade, bem como promete que tudo fará para que a empresa de handling “não desapareça nesta turbulência”.
(Notícia atualizada às 17h30)
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