Bruxelas estuda “próximos passos” após anulação de ajuda estatal à TAP
A Comissão Europeia tomou "nota" da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia e vai estudar os "próximos passos", depois de a justiça ter anulado a ajuda do Estado português à TAP.
A Comissão Europeia disse ter “tomado nota” da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia (UE), que anula o aval da instituição à ajuda estatal de 1.200 milhões de euros à TAP, e analisará os “próximos passos”.
“A Comissão Europeia toma nota da decisão e vamos estudá-la e refletir sobre próximos passos”, reagiu o porta-voz do executivo comunitário para a área da fiscalidade, Daniel Ferrie, falando na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas.
O Tribunal de Justiça da UE anulou esta quarta-feira a decisão da Comissão Europeia que aprova a ajuda estatal de 1,2 mil milhões de euros à TAP por a considerar “insuficientemente fundamentada”, não obrigando ainda à devolução.
“A decisão da Comissão que declara o auxílio de Portugal a favor da companhia aérea TAP compatível com o mercado interno é anulada por não estar suficientemente fundamentada”, informou o Tribunal Geral (primeira instância) em comunicado de imprensa.
Ainda assim, a estrutura explicou que “os efeitos da anulação — entre os quais a recuperação do auxílio — são suspensos enquanto se aguarda uma nova decisão” da Comissão Europeia.
Em causa está o recurso interposto naquele organismo em julho de 2020 pela transportadora aérea de baixo custo Ryanair contra a ajuda estatal à companhia aérea de bandeira portuguesa TAP, com a argumentação de que este apoio português viola o tratado europeu e as regras concorrenciais.
O objetivo da companhia irlandesa low cost (baixo custo) era que, com esta ação, fosse anulada a decisão de 10 de junho de 2020, quando o executivo comunitário deu “luz verde” a um auxílio de emergência português à TAP. Tratou-se de um apoio estatal de 1,2 mil milhões de euros para responder às necessidades imediatas de liquidez dada a pandemia de Covid-19, com condições predeterminadas para o seu reembolso.
Como a decisão do Tribunal Geral ainda é primeira instância, as partes ainda podem recorrer para o Tribunal de Justiça da UE, dispondo de um prazo de dois meses para o fazer.
Em 2020, a TAP voltou ao controlo do Estado português, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de Covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado o auxílio estatal de 1,2 mil milhões de euros.
Já este ano, no final de abril, a Comissão Europeia aprovou um novo e intercalar auxílio estatal de Portugal à TAP, no valor de 462 milhões de euros, para novamente compensar prejuízos decorrentes da pandemia e, segundo a transportadora, garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas (que ainda decorre).
Além deste processo, foram interpostas várias outras ações pela Ryanair na primeira instância do Tribunal de Justiça da UE contra ajudas estatais aprovadas pela Comissão Europeia à aviação em altura de crise gerada pela pandemia de Covid-19, um dos setores mais afetados.
Em regra geral, nos acórdãos conhecidos até agora, o Tribunal Geral tem dado razão à Comissão Europeia, mas numa outra decisão publicada esta quarta-feira e relativa à ajuda estatal holandesa de 3,4 mil milhões aprovada por Bruxelas para a KLM, o organismo também determinou a anulação do aval por “insuficiência de fundamentação”.
Falando aos jornalistas, o porta-voz da Comissão Europeia Daniel Ferrie fez o mesmo comentário para a KLM, indicando que a instituição vai “estudar cuidadosamente” a decisão.
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