Países dependentes do turismo terão de esperar mais dois anos pela recuperação, diz Moody’s
Apesar de alguns sinais de melhorias, os indicadores de pressão sobre os níveis de crédito continuam elevados nos mercados emergentes e nas empresas que operam nesses mercados, diz a Moody's.
A agência de notação financeira Moody’s considerou esta segunda-feira que as economias dependentes do turismo terão de esperar mais dois anos até o setor recuperar para os níveis anteriores à pandemia, ao contrário dos países dependentes do petróleo.
“O turismo só vai recuperar daqui a dois anos, pelo que as economias dependentes deste setor vão continuar a ser pressionadas durante os próximos dois anos”, disse um dos responsáveis do departamento de análise do ‘rating’ na Moody’s, David Staples.
Falando num seminário sobre a recuperação económica dos mercados emergentes, o analista vincou que, ao contrário do turismo, a subida do preço do petróleo vai animar as economias dependentes desta matéria-prima, mostrando assim que os lusófonos Cabo Verde, por um lado, e Angola, Brasil e Guiné Equatorial, por outro, poderão ter uma evolução económica diferente nos próximos trimestres.
Apesar de alguns sinais de melhorias, os indicadores de pressão sobre os níveis de crédito continuam elevados nos mercados emergentes e nas empresas que operam nessas mercados, consideraram os analistas que falaram no seminário da Moody’s.
“Em 2020, o PIB real dos países emergentes que fazem parte do G20, excluindo a China e a Turquia, caiu quase 6%, em média”, salientou o diretor executivo da Moody’s Atsi Sheth, vincando que “a produção económica dos mercados emergentes está a recuperar este ano, mas para muitos mercados emergentes, será preciso esperar até 2022 para chegar aos níveis anteriores à pandemia”.
Numa análise mais focada para a África subsaariana, a analista Giulia Pellegrini, da seguradora Allianz, vincou que a região “não deverá ter novos incumprimentos financeiros (‘defaults’) este ano”, não só pela recuperação económica em curso nos países, mas também pela ajuda que tem recebido.
“Não esperamos novos ‘defaults’ este ano, houve várias iniciativas para apoiar os países africanos nestes tempos de dificuldades, reduzindo os pagamentos da dívida, alargando a Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) até dezembro e instituindo um Enquadramento Comum para o Tratamento da Dívida para além da DSSI”, lembrou a analista, notando, no entanto, que nenhum destas soluções é definitiva.
“Estas iniciativas reduzem temporariamente os pagamentos, mas muitos países não aderiram porque receiam que as agências de notação financeira reduzam o ‘rating'”, apontou Giulia Pellegrini.
A Moody’s mantém a África subsaariana com Perspetiva de Evolução Negativa, colocando Angola, Moçambique e Etiópia, entre outros, em Perspetiva Negativa, o que indica que uma nova redução do ‘rating’ é provável devido aos efeitos da pandemia nas contas públicas.
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