Portway despede em Faro. Está a contratar 400 temporários para Lisboa
Empresa de handling já reduziu mil trabalhadores desde o início da pandemia e garante que vai ter de despedir mais. Por outro lado, está a recorrer a empresas de trabalho temporário.
A Portway está a contratar trabalhadores temporários para reforçar a atividade no aeroporto de Lisboa ao mesmo tempo que faz um despedimento coletivo de efetivos em Faro. As alterações na força de trabalho da empresa de handling coincidem com um período em que a aviação começa a reagir em alta à diminuição das restrições de viagens e aos avanços na vacinação contra a Covid-19, mas também acontece numa altura em que a concorrente Groundforce está em risco de insolvência.
“São mais de 400 vagas em aberto para trabalhar no aeroporto de Lisboa. Com acesso a formação inicial e possibilidade de trabalhar num dos setores de atividade mais dinâmicos, esta é a tua oportunidade”. É com esta a descrição que a empresa de trabalho temporário Randstad convida às candidaturas para nove cargos diferentes no setor da aviação.
As vagas são para operador de assistência em escala, técnico de assistência em escala, supervisor do departamento de placa, team leader, coordenador de placa, supervisor do departamento de passageiros, assistente de suporte operacional, duty manager cargo e administrativo de recursos humanos.
As atividades vão ser desempenhadas para a Portway, que está a subcontratar não só pela Randstad, mas também pela Multitempo, segundo apurou o ECO. O processo de contratação de trabalhadores temporários foi confirmado aos sindicatos, a quem não foi avançado um número final. Questionada sobre o número total de contratações a prazo e sobre as intenções para estes funcionários, a empresa não respondeu, apontando apenas para um ajustamento para o verão.
“A Portway está a preparar a sua operação para um esperado aumento de atividade pontual e sazonal dos seus clientes, por razão da abertura do mercado inglês, nos meses de pico de verão”, disse fonte oficial da empresa. “Em algumas situações, esse aumento de atividade dos clientes Portway representa a necessidade de reforços pontuais na nossa estrutura, em particular de recursos humanos“.
O reforço em Lisboa acontece após a empresa de handling ter despedido cerca de mil pessoas desde o início da pandemia. A força de trabalho foi reduzida de 2.340 para os atuais 1.309, entre não renovação de contratos a prazo e rescisões por mútuo acordo. Em simultâneo, a Portway chamou esta segunda-feira os representantes dos sindicatos para anunciar novos cortes.
"A Portway está a preparar a sua operação para um esperado aumento de atividade pontual e sazonal dos seus clientes, por razão da abertura do mercado inglês, nos meses de pico de verão. Em algumas situações, esse aumento de atividade dos clientes Portway representa a necessidade de reforços pontuais na nossa estrutura, em particular de recursos humanos.”
A proposta implica o congelamento durante quatro anos das progressões na carreira, bem como do vencimento de diuturnidades e dos aumentos salariais que estavam acordados para este ano. A empresa pretende ainda cortar outras regalias como nos subsídios de turno, pagamentos suplementares nos feriados, trabalho suplementar ou subsídio de refeição quando não for pago em cartão.
Apesar das reduções, a empresa garantiu aos trabalhadores que não pode abdicar de um despedimento coletivo em Faro, que deverá abranger mais de 100 trabalhadores. A proposta foi recusada pelos sindicatos. Além de Lisboa e Faro, a Portway tem ainda unidades no Porto, Funchal e Beja.
As várias empresas de aviação a operar em Portugal têm retomado a atividade nos últimos meses, desde o início do desconfinamento, mas o setor continua muito abaixo dos níveis pré-Covid-19. A par da pandemia, o conflito entre os acionistas da Groundforce — Pasogal e TAP — é um fator adicional de incerteza.
A TAP, na qualidade de credora, deu entrada com um requerimento junto dos Juízos de Comércio de Lisboa do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa para a insolvência da Groundforce. O caso ainda está a ser alvo de apreciação judicial e o processo ainda deverá demorar, mas a Portway poderá estar a preparar-se para uma eventual necessidade da TAP de procurar outros serviços de handling. A companhia aérea também pediu, no início do ano, licença de selfhandling.
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