Pandemia força portugueses a poupança acrescida de 17,5 mil milhões até 2023, estima o BdP
A poupança dos portugueses somará mais 17,5 mil milhões entre 2019 e 2023 face ao cenário pré-pandemia. Este é um fator que pode impulsionar o crescimento económico, mas só se se traduzir em consumo.
O Banco de Portugal estima que entre 2019 e 2023 os portugueses terão acumulado mais 17,5 mil milhões de euros em poupança do que se estimava antes da pandemia, no cenário traçado em dezembro de 2019. Esta poupança adicional, de certa forma “forçada” pela pandemia, poderá ser benéfica para o crescimento económico dos próximos anos caso se transforme em consumo.
No boletim económico de junho, o banco central calcula que os portugueses vão acumular riqueza “adicional” (ou seja, face ao que normalmente poupam) nestes quatro anos equivalente a quase 9% do PIB ou 11,9% do rendimento disponível. Esta é “uma almofada de crescimento se e quando as decisões das famílias face a esta poupança se traduzirem em aumentos do consumo”, assinalou Mário Centeno na conferência de imprensa.
Este é um risco ascendente, isto é, positivo para a economia portuguesa num cenário macroeconómico que já revê em alta as previsões anteriores: o PIB vai crescer 4,8% em 2021, em vez dos 3,9% estimados em março, e 5,6% em 2022, em vez de 5,2%. Com este crescimento, a economia vai recuperar mais cedo da pandemia, com a retoma finalizada no primeiro semestre de 2022.
“Comparativamente com anteriores recessões, a contração da atividade em 2020 foi mais abrupta e profunda, mas espera-se que a recuperação seja também mais rápida“, destaca o boletim económico de junho. Porém, esta retoma poderá ser ainda mais acelerada caso os portugueses decidam gastar parte ou toda a poupança acrescida que o período da pandemia. Mas tal não é claro.
Esta poupança é “riqueza acumulada”, explicou o governador do Banco de Portugal, mas “não se traduz em consumo” no cenário central do Banco de Portugal. “Se houver uma propensão a consumir mais elevada desta forma de riqueza do que é habitual, temos de facto um risco em alta para a atividade económica“, disse, notando que a propensão para transformar a riqueza em consumo é menor do que para gastar o rendimento corrente.
“Há despesa adiada que pode vir a concretizar-se e que em larga medida já tem vindo a concretizar-se“, admite Centeno, notando que “alterações de padrão” no consumo dos portugueses pode ter um impacto positivo sobre o crescimento económico “no curto prazo”. Contudo, nada garante que tal aconteça.
No boletim económico de junho “assume-se que a poupança acumulada pelas famílias durante a pandemia se traduz, em termos agregados, num aumento persistente da riqueza”. “As características dos principais aforradores – de rendimentos mais elevados e com menor propensão ao consumo – suportam esta hipótese“, argumentam os economistas do banco central. No entanto, “não pode ser excluída a possibilidade de uma parcela destes recursos ser canalizada para consumo“, admitem.
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