Évora vai ter produção de hidrogénio verde com tecnologia portuguesa pioneira
O hidrogénio produzido nestes parques, que devem começar a funcionar em pleno em setembro, será “maioritariamente” para “injeção na rede de gás natural e fornecimento às indústrias consumidoras.
Dois parques para a produção a baixo custo de hidrogénio verde, com tecnologia desenvolvida em Portugal e considerada “inovadora e pioneira” no mundo, estão em instalação no concelho de Évora, num investimento de 4,8 milhões de euros.
“Não há ninguém no mundo a produzir hidrogénio verde utilizando a concentração de radiação solar. A nossa tecnologia é altamente inovadora e pioneira”, pois, “é o primeiro projeto mundial à escala de produção”, afirmou esta terça-feira João Wahnon, da Fusion Fuel.
Esta empresa portuguesa está a desenvolver o projeto H2 Évora, que inclui a instalação de dois parques para a produção de hidrogénio verde, um deles junto ao parque industrial da cidade e o outro perto da localidade de Nossa Senhora da Tourega.
Segundo o responsável, que falava aos jornalistas à margem da visita efetuada hoje ao projeto pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, o parque de Nossa Senhora da Tourega conta com 15 unidades (painéis) denominadas Hevo-Solar, enquanto o outro tem 40 unidades.
“Estas unidades captam a radiação solar, concentram a radiação solar 1.500 vezes e, tirando partido dessa energia concentrada e do calor que isso produz”, é realizada “a eletrólise para produção do hidrogénio verde em alta eficiência”, o que se reflete “em baixo custo”, explicou.
João Wahnon referiu que o hidrogénio produzido nestes parques, os quais vão começar a funcionar em pleno em setembro, vai ser “comprimido e armazenado” e uma parte será utilizada para a produção de eletricidade com recurso a uma “fuel cell”, ou célula de combustível.
O hidrogénio da Fusion Fuel será “maioritariamente” para “injeção na rede de gás natural e fornecimento às indústrias consumidoras, como refinarias, cerâmicas, cimenteiras e metalúrgicas” e “estações de serviço para viaturas a hidrogénio”, adiantou.
Salientando que a Fusion Fuel levou “mais de três anos em testes” até chegar à tecnologia Hevo-Solar, o responsável afiançou que esta, “quando instalada em regiões de radiação alta, permite produzir o hidrogénio a preços mais baratos”.
O objetivo da empresa “é massificar a produção mundial de tecnologia para produção de hidrogénio” e, “ciente do enorme potencial”, decidiu “cotar a empresa no índice Nasdaq”, cuja operação ficou concluída no final de 2020.
“Com essa operação, conseguimos financiar e capitalizar a empresa num valor suficiente para fazer face ao nosso ambicioso plano estratégico, que envolve Portugal, mas também muitos outros locais no mundo”, realçou.
Além dos dois parques em Évora e de negócios um pouco por todo o mundo, a empresa tem também em curso a construção de uma unidade industrial, em Benavente (Santarém), num investimento de 35 milhões de euros, para o fabrico da tecnologia para projetos a desenvolver em Portugal e para exportação.
O administrador revelou que a Fusion Fuel tem ainda um outro projeto em Portugal, que está na fase de “licenciamento”, para “a instalação de 624 megawatts de capacidade de eletrólise para produzir 61 mil toneladas de hidrogénio por ano”, num investimento que deverá chegar “a 655 milhões de euros”, nos próximos anos.
“Estamos a falar de um investimento que começará pequeno, com 31 milhões de euros, em 2022”, disse.
Nesse sentido, acrescentou, a empresa já selecionou “mais de 800 hectares” para a instalação de parques em Sines e Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal, na Ota, no concelho de Alenquer (Lisboa), e em Portalegre.
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