GreenVolt lucra um milhão com centrais em manutenção, mas Manso Neto afasta “surpresas negativas” no horizonte
Resultados afundaram mais de 80%, castigados pela manutenção das centrais. Compra da Tilbury pesou nas contas, mas não contou para o EBITDA. É um retrato "que já não é real", diz Manso Neto.
A GreenVolt apresentou um resultado líquido de 1 milhão de euros. Lucros caíram mais de 80%, afetados pela paragem de três das suas cinco centrais em Portugal, mas também por custos não recorrentes associados à compra da Tilbury. A aquisição pesou nas contas, castigando também o EBITDA naquele que é um retrato semestral que, diz Manso Neto, já não é real.
Os resultados da empresa de energias renováveis da Altri, que recentemente entrou no mercado de capitais português, encolheram 82,3% face ao mesmo período do ano passado. Do lado do EBITDA, registou-se uma diminuição de 32,6% para cerca de 10 milhões, com as receitas a descerem 9,8% para 41,6 milhões.
Estes números “foram impactados por vários efeitos não recorrentes, não sendo por isso diretamente comparáveis, como os custos de transação referentes, essencialmente, aos custos com a aquisição da central de Tilbury e às paragens de manutenção”, diz a empresa. Só a Tilbury custou mais de três milhões de euros ao EBITDA.
"Se se tivesse feito a consolidação da Tilbury, o EBITDA tinha crescido 66%. Que é a realidade. Passaríamos de 15 para 26 milhões de EBITDA.”
“Temos uma quebra de 11% do EBITDA, mas é normal”, diz Manso Neto, em declarações ao ECO. “Há paragens programadas nas centrais, sendo que este ano concentraram-se no primeiro semestre. Tivemos centrais paradas, uma delas na manutenção de mais de 100 mil horas, que só vai retomar agora em setembro. E no regresso tem mais 1,5MW de capacidade de produção”, acrescenta o CEO, desvalorizando os números enviados à CMVM.
“Se se tivesse feito a consolidação da Tilbury, o EBITDA tinha crescido 66%. Que é a realidade. Passaríamos de 15 para 26 milhões de EBITDA”, atira Manso Neto.
As regras contabilísticas obrigam a consolidar a aquisição, mas não posso consolidar as receitas. E a dívida. Não posso reconhecer os resultados correntes, mas obriga-me a reconhecer o custo” da compra da Tilbury. E sobre a dívida, que ascendeu a 246 milhões no final do primeiro semestre, Manso Neto diz que esta não é real.
“Só isto explica o aumento da dívida que não é, de facto, real. Era, mas já não é”, afirma, lembrando que entretanto a empresa avançou com o IPO, que a levou para a bolsa, numa operação em que arrecadou cerca de 150 milhões de euros.
“Tranquilo” com a meta de crescimento de resultados
Manso Neto desvaloriza o milhão de euros de lucro registado no semestre. Diz que não costuma fazer guidance quanto a resultados, mas está “tranquilo” com os números do final de 2021. E essa tranquilidade assenta no facto de agora já poder reconhecer nas contas os resultados da aquisição que pesou nas contas da primeira metade do ano.
“Se tivesse um segundo semestre igual ao primeiro, só isso seriam mais 12 milhões de EBITDA. E só do Reino Unido, sem Polónia, nem mais nada”, atira, lembrando que a GreenVolt conta ainda com operações na Grécia. “Não vejo surpresas negativas” no horizonte, diz o CEO em declarações ao ECO.
Questionado sobre a previsão de crescimento de 40% do EBITDA e dos lucros até 2025, Manso Neto reitera a tranquilidade em como será possível alcançar o prometido aos investidores. “Estou perfeitamente tranquilo [com essas metas de crescimento]. Aliás, num ano normal, supondo que eu tinha comprado a Tilbury a 1 de janeiro, eu já estava com crescimento de 66%. Num ano normal, eu não tinha 10 milhões, tinha 25 milhões de euros de EBITDA”, conclui.
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