Portugal na cauda da OCDE no regresso ao PIB que se projetava antes da Covid
Não é só na União Europeia que a retoma portuguesa compara mal. Também entre os países da OCDE Portugal está na cauda, de acordo com um indicador da Organização.
Ainda que a economia tenha acelerado nos últimos meses, Portugal continua a ficar nas últimas carruagens do comboio da recuperação económica, tanto na União Europeia como entre os países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). De acordo com um indicador criado pela Organização especificamente para a situação da pandemia, a economia portuguesa continuava no segundo trimestre cerca de 7% abaixo da tendência pré-crise, entre os piores dos 45 países analisados.
Ao contrário de outras análises, este tracker da OCDE não se limita a comparar o nível da atividade económica de 2021 face ao de 2019 para ver se já recuperou o nível pré-crise. O indicador vai mais longe, comparando o atual tamanho da economia com o nível que teria sido atingido na ausência da pandemia, tendo como base de comparação as últimas projeções da OCDE para o crescimento económico de cada país em 2019, antes da Covid-19.
Ora, com base nestes números da OCDE, as projeções do tracker até pintavam um cenário mais negro (barra verde do gráfico) para a economia portuguesa no segundo trimestre, o qual não veio a concretizar-se (triângulo preto é o que se concretizou). Ainda assim, o gráfico mostra que Portugal está entre as economias mais atrasadas na recuperação total da tendência pré-crise, ao lado de países como a Indonésia (IDN), Espanha, Grécia, Eslovénia, Índia (IND) e República Checa.
Diferença entre o PIB atual e o PIB que se projetava antes da pandemia
Porém, estes dados referem-se ao segundo trimestre, tendo a economia portuguesa já recuperado ainda mais no período que já decorreu no terceiro trimestre. Segundo os dados mais recentes do tracker, na segunda semana de agosto o PIB português estava cerca de 3,1% abaixo da tendência de crescimento económico pré-crise. Face só a 2020, o nível de atividade económica regista um crescimento de 3,5% e comparando diretamente com 2019 estava nessa semana ligeiramente acima (+0,35%).
Já acima da tendência pré-crise está o PIB da Irlanda, o qual é influenciado significativamente por efeitos contabilísticos que incidem sobre o seu cálculo, e o da Estónia. Para lá caminham países como a Turquia, a Austrália, a Coreia do Sul, a Nova Zelândia, a Finlândia, a Suécia, os Estados Unidos — que já recuperaram o PIB que tinham antes da pandemia — e a Lituânia, de acordo com estes dados da OCDE.
Atividade económica da segunda semana de agosto a 3,1% da tendência pré-crise
Estas comparações resultam dos dados do indicador da OCDE que mede a atividade económica em tempo real através das pesquisas do Google. A nova ferramenta foi desenvolvida pelo economista da OCDE Nicolas Woloszko, usando machine learning (algoritmos) e dados de 250 variáveis do Google Trends — tendências de pesquisa do Google sobre consumo, emprego, imobiliário, incerteza económica, entre outros — para aferir a variação do PIB em tempo real. Este indicador não nos diz o que vai acontecer, mas o que está a acontecer.
Na semana passada, com base nos dados do segundo trimestre revelados pelo Eurostat, o ECO noticiou que Portugal era o terceiro país da União Europeia que estava mais longe de recuperar o nível do PIB pré-crise, uma ótica diferente da comparação feita pela OCDE. Portugal ainda está a 4,7% do nível pré-crise pandémica enquanto a média europeia está a cerca de 3% de completar a retoma, sendo influenciada pela maior demora nas quatro maiores da economia (Espanha, Itália, Alemanha e França).
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