Chegou a era das mega centrais solares. Solara4 já tem o OK final para injetar energia na rede
A exploração da maior central solar do país vai evitar anualmente a emissão de 177 mil toneladas de CO2 e permitirá abastecer de eletricidade o equivalente ao consumo de 200.000 casas.
A ligação à rede elétrica nacional chegou a estar prevista para o segundo trimestre de 2019, mas só agora, mais de dois anos depois, “a maior central fotovoltaica em território nacional” recebeu finalmente a sua licença de exploração.
O anúncio foi feito pela própria Direção Geral de Energia e Geologia, no seu site: “Foi emitida no dia 15 de setembro, a licença de exploração para a Central Fotovoltaica de Alcoutim que passa a ser a maior central fotovoltaica do país e a maior central da Europa não subsidiada”, pode ler-se. Além do sim da DGEG, a central tinha já uma Avaliação de Impacto Ambiental favorável, da APA.
“Este tipo de infraestruturas é essencial para Portugal alcançar a promoção da descarbonização do setor energético e contribui para as metas de energias renováveis previstas alcançar no PNEC 2030, representando mais de 1,3% desse esforço no que se refere à nova capacidade renovável do setor eletroprodutor”, pode ler-se no comunicado da DGEG.
Recentemente, o secretário de estado da Energia, João Galamba, admitiu que existe um “subdesenvolvimento do solar fotovoltaico em Portugal. Apesar de ser o país com um dos maiores potenciais, a atual capacidade instalada solar é bastante baixa em termos percentuais no mix energético em Portugal (7,1% em agosto) quando comparado com os restantes países europeus”, disse o governante.
A exploração desta nova mega central solar vai evitar anualmente a emissão de 177 mil toneladas de CO2 e permitirá abastecer de eletricidade o equivalente ao consumo de 200.000 casas. Toda a energia ali produzida será comprada durante 20 anos pela espanhola Audax, na sequência de um contrato de longo prazo (PPA) assinado em 2019
De seu nome Solara4, o projeto foi anunciado com pompa e circunstância em março de 2017, numa cerimónia de lançamento da primeira pedra na freguesia de Vaqueiros, concelho de Alcoutim, distrito de Faro. Além do então ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e do ex-secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, o evento de apresentação do projeto contou também com a presença dos responsáveis máximos das entidades promotoras internacionais, Barry O’Neill, da WELink, e Peng Shou, da China Triumph International Engineering.
Falava-se então de um investimento global de 200 milhões de euros. O projeto foi depois comprado pela Allianz Capital Partners, em representação da seguradora Allianz, também dona da central Ourika.
Hoje, quatro anos depois, a central Solara4 vai finalmente entrar em produção e começar a injetar energia elétrica na rede. Destrona assim a central fotovoltaica Ourika, situada em Ourique (Beja) e inaugurada em 2018, com 46 MW, que era até agora a maior do país. Antes desta, o título coube durante bastante tempo à central da Amareleja, a funcionar desde 2008, com 45 MW de potência instalada.
Em todo o país, incluindo regiões autónomas, o projeto e2p – Energias Endógenas de Portugal, uma parceria entre a APREN e o INEGI para o desenvolvimento de uma base de dados online com todos os centros eletroprodutores com base em fontes renováveis, dá conta da existência de 91 centrais fotovoltaicas com potência igual ou superior a 1 MW.
O salto agora é de gigante, dos 46 MW da Ourika, para os 219 MW da Solara4. Chegou assim a era das mega centrais solares a Portugal, com capacidades já na ordem das centenas de MW. Nas próximas a inaugurar, resultantes dos leilões de energia solar de 2019 e 2020, a próxima meta a superar poderá ser já de 1 GW. É esperado que até 2030 Portugal chegue a 8 GW de capacidade solar fotovoltaica.
Para já, a maior do país é mesmo a Central Fotovoltaica de Alcoutim, que ocupa uma área descontínua de 320 hectares, com mais de 660 mil painéis instalados, cada um deles com uma potência de cerca de 340 W, num total de 219 MW instalados e uma potência de injeção na rede limitada a 200 MVA, informa a DGEG.
Ligada à rede elétrica através de uma linha de serviço particular de 400 kV que liga a central à subestação de Tavira, a Solara4 tem 40 postos de transformação e 125 inversores com uma potência disponível de 1.600 kVA.
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