Moody’s sobe ‘rating’ da CP mas estrutura financeira “continua insustentável”
A Moody's refere que, "apesar da redução no nível total de dívida de 4,2 mil milhões de euros em 2014 para 2,1 mil milhões de euros em 2020", a "estrutura financeira da CP continua insustentável".
A agência de notação financeira Moody’s anunciou esta terça-feira a subida do rating da CP – Comboios de Portugal para Baa3, com perspetiva estável, alertando, por outro lado, que a estrutura financeira da empresa “continua insustentável”.
“A subida tem em conta as fortes ligações entre a Comboios de Portugal [CP] e o soberano, do qual recebe um apoio financeiro considerável”, considerou Francesco Bozzano, o analista da CP na Moody’s, onde tem o cargo de analista vice-presidente-sénior.
Na sexta-feira, a agência de rating norte-americana Moody’s subiu a notação da dívida portuguesa de Baa3 para Baa2, com perspetiva estável, apontando a expectativa de melhoria do crescimento da economia no longo prazo.
De acordo com um comunicado da agência de rating norte-americana sobre a CP, a classificação Baa3 “assume que no futuro o Governo português continuará a providenciar à CP fundos, na forma de empréstimos ou aumentos de capital, permitindo à CP cumprir as suas obrigações de dívida atempadamente”.
No entanto, a Moody’s refere que, “apesar da redução no nível total de dívida de 4,2 mil milhões de euros em 2014 para 2,1 mil milhões de euros em 2020, devido a novo capital providenciado pelo Governo português, a estrutura financeira da CP continua insustentável”.
“O rating de Baa3 está um nível abaixo do rating do soberano, refletindo o risco residual, ainda que baixo na visão da agência, de que o soberano poderá não conseguir fazer pagamentos no futuro ou que a dívida não garantida da CP não pode ser tratada como parte da dívida pública nalguma reestruturação”, pode ainda ler-se no comunicado da Moody’s.
A agência espera, assim, que “o Governo português financie (ou através de novo capital ou de mais empréstimos) as necessidades financeiras da CP em 2021, incluindo cerca de 60 milhões de euros de gastos de capital, e cerca de 1,7 mil milhões de maturidades de dívida que são devidas ao Governo português”.
“A liquidez da CP permanece fraca e a empresa depende do apoio do Governo português para cumprir as suas obrigações financeiras”, assinala a Moody’s.
Na sexta-feira, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse, à chegada ao Porto, que está a trabalhar com o Ministério das Finanças para ter novidades acerca do saneamento da dívida da CP já no quadro do Orçamento do Estado para 2022.
“É uma tarefa muito difícil. Nós estamos a trabalhar com o Ministério das Finanças para conseguirmos encontrar um nível de dívida aceitável para uma empresa como a CP”, disse o governante à chegada da Train Summit – Green deal e Descarbonização à estação de Campanhã, no Porto.
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