Brexit. Agricultores apreensivos com controlos e falta de preparação das autoridades
Confederação dos Agricultores de Portugal entende que os “sucessivos adiamentos” da aplicação das medidas de controlo são “sintomáticos dessa falta de preparação”.
Os agricultores estão apreensivos com a entrada em pleno funcionamento dos controlos aduaneiros e fitossanitários no Reino Unido e alertam para a falta de preparação do Governo britânico e para a eventual necessidade de corredores verdes, adiantou a CAP.
“Estamos apreensivos e atentos quanto ao momento em que entrarem em pleno funcionamento as regras no âmbito dos controlos aduaneiros e fitossanitários e quanto à capacidade de resposta das entidades competentes britânicas e até da nossa administração, dado o volume de requisitos que passa a ser exigido”, apontou o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, em resposta à Lusa. Para a confederação, os “sucessivos adiamentos” da aplicação das medidas de controlo são “sintomáticos dessa falta de preparação”.
Luís Mira sublinhou ainda que qualquer alteração, por exemplo, no transporte e na entrega dos produtos, causa consequências ao nível dos custos, cumprimento de prazos contratuais e quantidade de produtos, aspetos “particularmente relevantes” no caso da agricultura. Assim, a CAP reiterou ser necessário monitorizar o mercado e avaliar a eventual necessidade do estabelecimento de “corredores verdes” para determinados produtos.
Porém, o secretário-geral da CAP vincou que o Reino Unido é um mercado “muito importante” para Portugal e, em particular, para os produtos agroalimentares, com destaque para os vinhos, hortícolas ou as frutas. “No início do ano, verificaram-se alguns constrangimentos ao nível dos transportadores, entretanto ultrapassados”, indicou Luís Mira.
Neste sentido, a CAP considera prematuro concluir qual o impacto do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), tendo em conta os efeitos da pandemia de Covid-19, entre outros, acrescentando que os dados das exportações de julho “são bastante positivos”, com produtos como o azeite, vinhos e hortícolas a apresentarem crescimentos, face ao período homólogo.
Em 14 de setembro, o Governo britânico anunciou o adiamento da introdução de controlos de importação de produtos da União Europeia, em função de constrangimentos nas cadeias de abastecimento.
O executivo de Boris Johnson determinou assim, entre outros pontos, que o requisito de pré-notificação de importações agroalimentares, que deveria entrar em vigor no dia 01 de outubro deste ano, vai ser introduzido em 01 de janeiro de 2022, enquanto a exigência de certificados sanitários, fitossanitários e de verificações físicas de produtos nos postos de controlo de fronteira entra em vigor em 01 de julho de 2022, quando estava previsto o seu início para janeiro do mesmo ano. Já as declarações de proteção e segurança nas importações passam a ser obrigatórias a partir de 01 de julho de 2022, seis meses depois da data que estava agendada.
O Brexit efetivou-se em 31 de dezembro de 2020, praticamente um ano após o Reino Unido ter oficialmente deixado a União Europeia, depois de um referendo.
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