Renováveis pedem menos burocracia para cumprir metas europeias
Para o presidente da APREN, Pedro Amaral Jorge, as medidas apresentadas pela UE ficam “aquém do esperado quando não propõem metas vinculativas para os estados individuais e só no conjunto dos 27.
O setor das energias renováveis alertou durante a conferência anual da APREN, para a importância de lidar com problemas de licenciamento e burocracia para conseguir cumprir as metas impostas pela União Europeia (UE) no que diz respeito à descarbonização.
Durante o evento, organizado pela Associação de Energias Renováveis (APREN), com o tema ‘Renováveis, motor da recuperação económica’, várias associações, políticos e outros oradores avisaram para a burocracia em torno do licenciamento de projetos de energia renovável e para o impacto que poderá ter nos planos da UE para atingir a neutralidade carbónica em 2050.
Frederico de la Hoz, da administração da Unión Española Fotovoltaica (UNEF) avisou que existe, no setor, “um problema administrativo”, ainda que reconheça que é preciso aumentar os recursos e trabalhar mais nos projetos.
Juan Virgilio Marquez, presidente da Asociación Empresarial Eólica (AEE) disse que é preciso “acelerar a parte administrativa”, alertando para um “ambiente de conflito que não é positivo” e apelando para a “estabilidade regulatória e jurídica”.
Para José María Gonzalez Moya, diretor geral da Asociación de Empresas de Energías Renovables (APPA), a questão das licenças e autorizações cria um verdadeiro “congestionamento burocrático” para o setor que tem ainda de se debater com muito “ruído de fundo”.
Também em Portugal a questão está na ordem do dia. Carlos Zorrinho, eurodeputado, recordou que Portugal tem “políticas claras e recursos financeiros” e que estas “são áreas de excelência” em que o país tem “experiência adquirida”. Para Zorrinho, “este processo não se compadece com burocracias”.
O eurodeputado disse ainda que Portugal “é altamente prejudicado pela falta de interconexões” na área da energia e que na prática restringem o mercado à Península Ibérica.
O aumento dos preços de energia também foi debatido durante o congresso.
De acordo com Ignacio Cobo da consultora Afry, os mercados só deverão regressar ao normal entre 2023 e 2024.
“Estamos a entrar em terreno muito incerto, com novas tecnologia a aparecer e novos ‘players’ agressivos a entrar no mercado”, alertou, apelando para que as empresas deem “um passo atrás” e pensem no negócio, disse.
Já Laureano Alvarez, da Deloitte Espanha, referiu que os objetivos do novo pacote, o Fit for 55, significam que as metas cumpridas pela Península Ibérica já não chegam, indicando que é preciso aumentar a geração de renováveis em quatro vezes até 2050. O consultor alertou ainda que “tentar proteger os clientes ao intervir nos mercados grossistas não é boa ideia”, como se tem debatido em Espanha.
Para o presidente da APREN, Pedro Amaral Jorge, as medidas apresentadas pela UE ficam “aquém do esperado quando não propõem metas vinculativas para os estados individuais e só no conjunto de Europa a 27”.
O líder associativo indicou que estas metas “requerem o aumento massivo de toda a capacidade de produção, com recurso a diferentes fontes renováveis que terão de ser complementadas com armazenagem”.
“A Comissão Europeia apresentou um conjunto de instrumentos necessários, ainda que na minha opinião não sejam suficientes para cumprir os objetivos” no que diz respeito ao clima, defendeu o presidente da APREN.
“Os Estados-membros não podem esquecer que é fundamental apoiar os cidadãos a financiar investimentos em eficiência energética, novos sistemas de aquecimento e refrigeração e na mobilidade. Obviamente eletrificados com energia de fontes renováveis”, concluiu.
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