Trabalhadores dos hotéis exigem aumento salarial mínimo de 90 euros
Os trabalhadores exigem ainda a “integração nos quadros de todos os trabalhadores despedidos”, “horários estáveis” e a “proibição do trabalho temporários".
A Fesaht – Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal aprovou uma moção a exigir um aumento salarial mínimo de 90 euros para os trabalhadores dos hotéis representados pela Associação da Hotelaria de Portugal.
Cerca de meia centena de trabalhadores protestaram, na quinta-feira, junto ao congresso da associação hoteleira que decorre em Albufeira, contestando a falta de mão de obra que o patronato diz sentir e reivindicando a revisão da contratação coletiva.
Numa altura em que vários responsáveis do setor turístico, e especificamente hoteleiro, apontam a falta de mão de obra com que se deparam no setor como um dos constrangimentos à retoma, o porta-voz da Fesaht afirma que a dificuldade se prende com as condições oferecidas e baixos salários praticados.
Assim, reunidos em Albufeira, no Algarve, os dirigentes, delegados sindicais e trabalhadores dos hotéis e outros alojamentos turísticos aprovaram uma moção na qual “exigem aumento salarial mínimo de 90 euros para todos os trabalhadores”, bem como a “reposição de todos os direitos dos trabalhadores retirados desde o início da pandemia” e o “pagamento pontual dos salários”.
Os trabalhadores exigem ainda a “integração nos quadros de todos os trabalhadores despedidos”, “horários estáveis” e a “proibição do trabalho temporário, de prestadores de serviços e de estagiários para ocupar postos de trabalho permanentes”.
Por fim, exigem também a “fiscalização séria aos apoios do Estado às empresas no âmbito da recuperação económica na pandemia, ao cumprimento da contratação coletiva, ao combate ao trabalho não declarado e clandestino, ao cumprimento dos horários de trabalho e demais direitos dos trabalhadores”.
“Dados oficiais, e a informação que circula na comunicação social, aponta que 80% dos trabalhadores dos hotéis e demais estabelecimentos de alojamento recebem apenas o salário mínimo nacional e trabalham ao fim de semana, aos feriados. É um trabalho muito penoso para os trabalhadores e, por isso, é natural que muitos trabalhadores que foram empurrados violentamente nesse período da pandemia” não queiram agora voltar a trabalhar no setor, disse aos jornalistas, na quinta-feira, Francisco Figueiredo, da Fesaht.
“Os patrões despediram os trabalhadores violentamente logo no início da pandemia e dizem agora que têm falta de trabalhadores. Muitos deles arranjaram outras alternativas de emprego melhor, e eles agora precisam de aliciar os trabalhadores oferecendo condições de trabalho dignas e melhores salários. Isso é que não está a acontecer”, explicou.
Por seu turno, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) contestou as críticas da Fesaht aos salários e à falta de valorização dos trabalhadores, afirmando que está disponível para negociar e que aguarda reunião na DGERT – Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho para a revisão da contratação coletiva.
“Foi dado início à revisão desse contrato em 2012, no entanto, ao fim de anos de tentativas de aproximação, foi reconhecido que não era possível chegar a consenso e recorreu-se ao mecanismo previsto na lei: mediação na DGERT, entidade do Ministério do Trabalho. Também aí o processo está a correr desde 2016, tendo sido interrompido durante estes últimos quase dois anos, em razão da pandemia”, começou por explicar a AHP em comunicado, na quinta-feira, acrescentando que a celebração de um Contrato Coletivo de Trabalho exige muito mais do que a revisão das tabelas salariais”, uma das reivindicações da Fesaht.
A AHP afirmou que os salários que estão a ser praticados na hotelaria “são já superiores aos fixados nas tabelas dos sindicatos” e que as “condições e termos do exercício da função são igualmente valorizadas pelos trabalhadores e empregadores. É aí que se pretende chegar: equilíbrio e valorização das profissões turísticas”.
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