Cobertores do Montijo vão “pesar” na Europa e ficar offline
Nascido online na pandemia, o cobertor pesado Blanky, que resultou das insónias de Pedro Caseiro em Londres, está a sair da Península Ibérica e a estrear-se no retalho físico através da ColchaoNet.
Pedro Caseiro ainda estava a entrar nos 30 anos e já sofria com problemas de sono, que atribuía ao stress acumulado na consultoria. Andou à procura de outra solução que não tomar medicamentos, por lhe parecer uma medida drástica em tão tenra idade. Até que experimentou um cobertor pesado e passou a dormir melhor. Falou disso ao amigo Ricardo Parreira, que tinha conhecido durante o mestrado na Católica e também estava a viver em Londres. Já tinham antes equacionado lançar outros negócios, mas foi com este que se tornaram empresários.
Nascido no Barreiro, Pedro Caseiro licenciou-se em Economia na Universidade Nova de Lisboa e fez o mestrado em Finanças na Universidade Católica. Começou a trabalhar em consultoria na AT Kearney, onde esteve três anos, e transitou depois para a CIL Management Consultants, na capital britânica. Também com 33 anos, Ricardo Parreira, de Carcavelos, fez os dois ciclos de ensino em Gestão nas mesmas escolas. Iniciou a carreira na Accenture e rumou igualmente a Londres para ingressar na energética SSE, mas voltou mais cedo a Portugal, logo em 2018, para a Ageas Seguros.
Em setembro de 2020, após seis meses a trabalharem no desenvolvimento do produto – sobretudo a melhorar a confeção e a trabalhar no design –, ambos largaram os empregos e ficaram dedicados a tempo inteiro à Blanky. Arrancaram com as vendas online em setembro de 2020, apenas em Portugal e em Espanha. Cerca de um ano depois, estão agora a lançar um novo site internacional para arrancar com a comercialização noutros países europeus.
“Abrimos vendas para todos os países da Europa, mas não estamos a fazer marketing em todos eles porque é um esforço de investimento muito grande, a que não conseguimos chegar. Estamos focados em países onde o produto é mais reconhecido, em que temos mais concorrência, mas também onde a qualidade que tem pode ser mais valorizada, como a Suécia, Dinamarca, Finlândia, Alemanha e Grã-Bretanha”, relata ao ECO o cofundador, Pedro Caseiro.
Outra novidade é a entrada no retalho físico através da parceria com a ColchaoNet, a maior rede de lojas especializadas no setor do descanso em Portugal (colchões, estrados ou almofadas), com cerca de 30 lojas. Nesta primeira fase, os cobertores Blanky só vão estar disponíveis em oito espaços nos maiores centros urbanos. Seis delas na Grande Lisboa (Colombo, Alfragide, Almada Fórum, Cascais, Parque das Nações e Campo de Ourique), no Arrábida Shopping (Gaia) e no Centro Comercial Nova Arcada (Braga).
Pedro Caseiro, que é o responsável pela área comercial e de marketing da Blanky, diz ter “uma grande esperança de que as vendas corram muito bem”, apontado ao objetivo de ter cerca de 10% das vendas em 2022 através deste canal offline. “Vamos ser sempre maioritariamente uma empresa de e-commerce. Somos uma marca que apareceu durante a pandemia, em condições muito especiais. Muito voltada ao online e à exportação, num percurso inverso ao da maioria das marcas”, salientou.
Expansão logística e reajuste industrial
Os cobertores pesados já são utilizados há mais de 15 anos com fins terapêuticos por pessoas com autismo, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), mas são um produto ainda recente no mass market português. Disponível em três versões (individual, de casal e para crianças) com um peso que varia entre os 2 e os 15 quilos – não deve ultrapassar 10% do peso do utilizador -, promete melhorar a qualidade do sono com base no método Deep Touch Pressure, em que o peso extra relaxa o corpo, como uma massagem, acalmando o stress e a ansiedade.
O sócio da Blanky não divulga o volume de vendas realizado durante o primeiro ano, mas assegura que registou nesse período receitas suficientes para pagar os custos de investimento (break-even) e até conseguiu “dar algum lucro, embora muito pouco”. O objetivo comercial para 2022 já está traçado: fazer o primeiro milhão de euros.
Um dos grandes temas que temos é o controlo de stocks e a preparação da operação para o Inverno, o período mais forte. Precisamos de ter alguma capacidade de armazenagem para satisfazer os pedidos.
Estes cobertores são distribuídos para a Europa a partir de um centro logístico na zona do Montijo, tendo mudado recentemente para instalações três vezes maiores, passando a ter 300 metros quadrados. “Um dos grandes temas que temos é o controlo de stocks e a preparação da operação para o Inverno, o período mais forte. Precisamos de ter alguma capacidade de armazenagem para satisfazer os pedidos. E antecipando algum crescimento com a entrada noutros países da Europa e em retalho”, justifica o gestor.
A produção é feita em três fábricas diferentes: duas em Portugal e outra na Ásia, que neste momento e durante mais um mês é a única que está a produzir para a Blanky, uma vez que as unidades portuguesas estão a reajustar a maneira como são enchidos os cobertores. Pedro Caseiro salienta que “como é um produto relativamente novo, que a indústria têxtil nacional não estava habituada a produzir, [tiveram] de fazer alguns ajustes no processo fabril para garantir a qualidade do produto”.
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