Gestão da CGD diz que greve fechou “menos de 30 agências”, sindicato fala em “sucesso”
"Os balcões que estão a funcionar estão a funcionar de forma deficitária", responde a dirigente sindical Joana Carvalho.
A greve convocada pelo Sindicato de Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) levou ao encerramento de “menos de 30 agências”, segundo a administração, com o sindicato a considerar o protesto “um sucesso de norte a sul”.
“Nós temos menos de 30 agências apenas encerradas, portanto os clientes estão a ser servidos, além das plataformas ‘online'”, afirmou o administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) José João Guilherme, em declarações à comunicação social na sede do banco, em Lisboa.
O administrador remeteu ainda para fatores como o período da greve – entre o Natal e o Ano Novo, “em que muita gente faz ponte devido a estas tolerâncias de ponto” – e para o contexto pandémico e para o apoio aos filhos por parte de funcionários, que poderão ter contribuído para o encerramento destas agências.
Posteriormente, em comunicado, o banco público indicou que “estiveram hoje abertas ao público mais de 94% das agências e a totalidade dos gabinetes da Caixa”, acrescentando que “foi processado um volume de transações de clientes superior em 20% face ao dia de ontem [quarta-feira]”.
Já a dirigente sindical do STEC Joana Carvalho disse à Lusa que a greve de dois dias está “a ser um sucesso”.
“Não temos números, mas sabemos, de uma forma generalizada, que está a ser um sucesso de norte a sul. Os balcões que estão a funcionar estão a funcionar de forma deficitária”, disse Joana Carvalho, que apontou que o objetivo da greve se prende com os trabalhadores “mostrarem o seu descontentamento com tudo o que está a acontecer na Caixa Geral de Depósitos”.
“O objetivo desta greve é os trabalhadores mostrarem o seu descontentamento com tudo o que está a acontecer na Caixa Geral de Depósitos, e isso engloba as condições de trabalho, a questão dos aumentos salariais e engloba toda a forma como esta administração nos tem vindo a tratar enquanto trabalhadores”, referiu.
A secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional (CGTP-IN), Isabel Camarinha, falou uma “grande adesão”, mas lamentou o que disse ser “uma grande pressão aos trabalhadores para que não fizessem greve”, inclusive com ameaças de que não receberiam prémio porque este dia “seria contabilizado como falta”.
“Os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos estão mais uma vez a mostrar que não ficam de braços caídos face a uma proposta desrespeitosa por parte da administração em relação ao aumento salarial para 2022“, disse à Lusa, apontando que o sindicato reivindica um aumento global de 90 euros para todos os trabalhadores.
Em comunicado durante a manhã, a CGD lamentou a greve, convocada “em pleno processo de negociação de revisão salarial”, garantindo que a tabela de remuneração do banco “é muito superior” à dos concorrentes.
Afirmando que se “comprometeu com os sindicatos a apresentar uma proposta, o que efetivamente fez”, a Caixa salientou que, “apesar da falta de acordo, as negociações continuam, à semelhança dos restantes bancos”.
A posição foi corroborada por José João Guilherme, que garantiu que “as negociações estão em curso” e que a CGD opera “em contexto de concorrência com outros bancos”.
“A Caixa opera em contexto de concorrência com os outros bancos, portanto tem de ter condições equivalentes. A Caixa não pode ter um salário médio bastante superior à média do setor, creio que 19%, condições de reforma superiores à média do setor, subsídios, como subsídios para crianças ou de alimentação, acima da média do setor. Tudo depende do ponto de partida: 0,4% é muito ou pouco? Depende do ponto de partida”, defendeu o responsável.
Os trabalhadores da CGD estão em greve esta quinta e sexta-feira contra a proposta de atualização salarial feita pela administração do banco. Os trabalhadores do Grupo CGD defendem um aumento justo dos salários, considerando a “proposta de aumento salarial de cerca de 0,4% insultuosa e vergonhosa”, segundo o STEC.
O STEC acusa a administração da CGD de uma postura de “total sobranceria, intransigência e desrespeito para com os trabalhadores”, sublinhando que “esteve desde o início deste processo com total responsabilidade e disponibilidade para negociar, mas não pode aceitar a desconsideração reiterada da gestão sobre os trabalhadores da CGD”.
Para o sindicato, à questão salarial soma-se “a contínua deterioração e degradação das condições de trabalho e ao facto grave e perigoso de a CGD não cumprir com o horário de trabalho legalmente estabelecido” e acusa a administração do banco de não pugnar pelo diálogo e pela paz social na empresa.
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