Marcelo dissolve Assembleia da República se Orçamento chumbar

Para quem ainda tivesse dúvidas, agora ficou bastante claro. O Presidente da República diz que se o OE chumbar, vai dissolver o Parlamento. Mas o Governo deve continuar em funções.

No dia em que a Mesa Nacional do Bloco de Esquerda confirmou que vai votar contra o Orçamento do Estado para 2022, se não houver mais alterações à proposta, Marcelo Rebelo de Sousa clarificou que se o documento não passar no Parlamento, vai dissolver a Assembleia da República e o país vai para eleições antecipadas.

Mas, mesmo nesse cenário, afirma que o Governo “deve continuar em funções. Se se demitisse, agravava a situação crítica” do país.

Em declarações transmitidas pela RTP3, o Presidente da República continua a acreditar “que o Orçamento vai passar”.

“Não só porque é desejável, mas porque é aquilo que eu espero olhando para a alternativa”. E qual é a alternativa? “A alternativa é a dissolução. No momento em que o Orçamento não passasse, passava-se imediatamente ao processo de preparação de dissolução [da Assembleia da República]”

Marcelo elogia “esforço” do Governo

“Isso tem grandes custos para o país”. É assim que o Presente da República reage à possibilidade de o Orçamento não passar, na quarta-feira, no Parlamento.

“E por isso vejo com apreço o esforço que está a ser feito e que vai ser feito até ao último minuto”. E diz mais: “vejo um esforço para alterar bastante a proposta do Orçamento. Do que me recordo, nos últimos seis anos, é talvez o ano em que há maiores alterações fruto da negociação tão cedo relativa à proposta do OE”.

“São profundas algumas, e isso significa um esforço para se chegar a um bom porto, porque é evitar a dissolução da Assembleia da República e eleições”.

Confrontado por um jornalista com as palavras de António Costa que deu a entender que não se demite em caso de um chumbo do Orçamento, Marcelo repetiu que “são duas coisas diferentes”.

“Uma coisa é o Governo não se demitir e outra coisa é ser dissolvido o Parlamento. Que é dissolvido o Parlamento se não houver OE, já sabem qual é a minha posição. Outra coisa, é o Governo continuar em funções. Se se demitisse agravava a situação crítica”.

Marcelo termina dizendo que continua a pensar que “não vai ser esse o cenário. Continuo a acreditar que o cenário é o de bom senso”.

A votação na generalidade da proposta do Orçamento do Estado para 2022 está agendada para esta quarta-feira na Assembleia da República.

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Governo diz que aumento extra vai beneficiar 2,3 milhões de pensionistas

A ministra Ana Mendes Godinho anunciou este domingo que o aumento extra de 10 euros nas reformas em 2022 vai abranger 2,3 milhões de pensionistas.

O Governo convocou para este domingo uma conferência de imprensa para responder à decisão da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda de votar contra o Orçamento do Estado para 2022, caso não haja mais cedências por parte do Governo.

Na conferência estiveram presentes Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Marta Temido, a ministra da Saúde, e ainda Ana Mendes Godinho, a ministra do Trabalho e da Segurança Social.

Ana Mendes Godinho elencou as principais medidas que estão no Orçamento, nomeadamente o aumento extraordinário das pensões previstos para 2022 e as cedências que entretanto foram feitas para responder às exigências do Bloco e do PCP.

Em vez de um aumento de 10 euros nas pensões a partir de 1 de agosto, o PS e o Governo vão propor que este aumento extraordinário seja antecipado para janeiro de 2022. Além disso, em vez de abranger pensionistas que recebam até 1,5 IAS (658 euros), o aumento extra vai beneficiar pensionistas com reformas até 2,5 IAS, ou seja, 1.097 euros mensais.

Este novo limiar, de 1.097 euros mensais, vai abranger 2,3 milhões de pensionistas, segundo revelou este domingo Ana Mendes Godinho.

Apesar disso, desabafou a ministra do Trabalho, o Governo encontrou uma “total intransigência para conseguir aproximações” com o partido liderado por Catarina Martins.

Mendes Godinho referiu ainda que os gastos com as pensões aumentaram 25% face aos valores de 2015, e que face ao último Orçamento há um acrescimento de despesa de 600 milhões de euros. Mas deu sinais de não quer fazer mais cedências: “Nao podemos pôr em risco a legislatura”, concluiu.

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Governo “lamenta a decisão” de voto do BE. “Esmagadora maioria das propostas são extra-OE”, diz Duarte Cordeiro

Quanto às exigências do Bloco, a "esmagadora maioria das nove propostas são extra-OE", sinaliza Duarte Cordeiro. Governo está disponível para negociar mas pede a Bloco para rever posição.

O Governo “lamenta a decisão” de voto contra do Bloco de Esquerda no Orçamento do Estado (OE). A posição foi transmitida pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, numa conferência de imprensa após o anúncio de voto do Bloco, durante o qual foi feita uma descrição sobre o conteúdo do OE e do processo negocial na qual o Governo “não se revê”.

Quanto às exigências do Bloco para a viabilização do Orçamento, a “esmagadora maioria das nove propostas são extra-OE”, sinaliza Duarte Cordeiro, sendo que o Governo “procurou aproximaçoes nestas matérias”. Ainda assim, o secretário de Estado admite que se a disponibilidade do partido for fechada nestas nove propostas terão “muita dificuldade em ir para além” do que já puderam responder.

“O Governo teve uma postura negocial construtiva, serena, procurámos responder a questões em concreto e dar avanços com propostas concretas no OE mas também com o conjunto de reformas que tivemos oportunidade de aprovar”, aponta o secretário de Estado, referindo-se às propostas aprovadas no Conselho de Minsitros esta quinta-feira.

Após elencar o conjunto de avanços feitos pelo Governo, Duarte Cordeiro sinalizou que o Executivo “entende que pela circunstância que estamos a viver este ano, pela necessidade e importância de ter um OE, que cria condiçoes para crescimento, investimento, que melhora rendimentos de familias, que continua a apostar nos serviços públicos, que OE deve ser viabilizado”.

Apesar de defender todos os avanços já feitos, o secretário de Estado assegura que o Governo “mantém a disponibilidade negocial”, sublinhano que o processo de negociaçao do OE “vai decorrendo até à votaçao final”. Para o Executivo, “fazia sentido uma reavaliação da posição por parte do Bloco”, olhando para além das nove propostas.

É de sinalizar que o Bloco de Esquerda também se mostrou disponível para continuar a negociar, até à votação na quarta-feira, mas reiterou que, se nada mudar, o voto será contra.

Quanto aos outros partidos, Duarte Cordeiro aponta ainda que os partidos com quem negoceiam “já viabilizaram orçamentos que não tinham nem de perto nem de longe tinham avanços que este tem”.

Marta Temido assume a palavra depois do secretário de Estado, para salientar todas as medidas já avançadas na área da Saúde. A dedicação plena foi um dos destaques, sendo que era também uma das medidas exigidas pelo Bloco, sendo que a ministra defende que a “definição do conteúdo específico tem de ser objeto de discussão e aperfeiçoamento com os sindicatos”.

A ministra reitera também que “para dar enquadramento a estas escolhas que consta do OE 2022 e da proposta de estatuto, o OE dispõe do quadro financeiro adequado”. “O OE para 2022 é um OE que reforça o SNS, não só nestes temas que hoje sublinhei, em muitas outras escolhas que constam no estatuto do SNS mas tambem nas respostas aos utentes”, sublinha Temido.

Para finalizar, a ministra alerta que há um conjunto de medidas, como a dispensa do pagamento de taxas moderadoras no SNS (exceto nas urgências), que poderão ser postas em causa sem um quadro orçamental.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, também foi chamada a enumerar o conjunto de avanços feitos na sua área, adiantando que o aumento extra anunciado pelo Governo vai beneficiar 2,3 milhões de pensionistas.

(Notícia atualizada às 18h47)

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Com impasse nas negociações para OE, Governo convoca conferência de imprensa para as 17h30

  • Lusa
  • 24 Outubro 2021

Estarão presentes na conferência o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e a ministra da Saúde.

O Governo marcou para este domingo, às 17:30, uma conferência de imprensa sobre o Orçamento do Estado para 2022, na Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa. “Estarão presentes o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e a ministra da Saúde, Marta Temido”, refere uma nota da secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares.

A nota foi enviada à comunicação social pouco antes de o Bloco de Esquerda anunciar que votará contra a proposta do Orçamento do Estado para 2022 se não existirem aproximações do Governo às propostas do partido. A votação na generalidade está marcada para quarta-feira.

“Se até à próxima quarta-feira o Governo entender negociar o Orçamento do Estado, o Bloco de Esquerda responderá com disponibilidade e clareza para as soluções que aumentam os salários, que protegem o SNS e que garantem justiça para quem trabalhou toda a vida. Se o Governo insistir em impor recusas onde a esquerda podia ter avanços, o Bloco de Esquerda responderá pela sua gente – pelo povo que trabalha e pelo SNS que nos orgulha – e votará contra o Orçamento do Estado para 2022”, afirmou hoje a coordenadora do BE, Catarina Martins.

Para segunda-feira às 12:00 está marcada uma conferência de imprensa do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que apresentará o resultado do Comité Central, cuja ordem de trabalhos é a análise da “situação política e social” do país. O PCP anunciou este ano pela primeira vez, desde o entendimento à esquerda feito há seis anos, o voto contra na generalidade, no caso de a proposta ser votada tal como foi entregue.

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Bloco de Esquerda deve votar contra o Orçamento do Estado mas mantém abertura para negociar

Bloco decidiu votar contra o Orçamento por considerar que o Governo não fez aproximações às nove propostas apresentadas. Mas o partido ainda está disponível para negociar.

O Bloco de Esquerda vai votar contra o Orçamento do Estado (OE) para 2022, mas continua disponível para negociar, anunciou este domingo Catarina Martins. A decisão surge depois de o partido considerar que o Governo não fez novas aproximações às nove propostas bloquistas apresentadas nas negociações para a viabilização do documento.

“Se até à próxima quarta-feira o Governo entender negociar o OE, o BE responderá com disponibilidade e clareza”, diz a coordenadora bloquista, em conferência de imprensa, transmitida pelas televisões. “Se o Governo insistir em impor recusas onde a esquerda podia ter avanços, o BE responderá pela sua gente e votará conta o OE para 2022”, aponta.

Catarina Martins defende que o Orçamento apresentado pelo Governo “excluiu todas as propostas entregues pelo BE, pelo que representa só prioridades do PS”.

A coordenadora do Bloco enumera várias bandeiras deste OE que não considera suficientes, nomeadamente na questão fiscal, onde “mantém as enormes injustiças do sistema fiscal português”. O impacto do desdobramento é, por exemplo, inferior aquele feito em 2018 e negociado com o Bloco: “o alívio de IRS em 2018 representa mais do dobro da reforma do IRS que Governo anuncia como grande bandeira”, salienta.

Já no combate à pobreza, Catarina Martins reitera que o Governo escolheu uma “política pouco ambiciosa”, que “recusa alteração estrutural” ao que a determina. Quanto à saúde, o Governo anuncia um reforço da transferência para o SNS mas “muitos dos projetos para 2022 repetem promessas de anos anteriores”, sublinha, criticando também o regime de exclusividade anunciado que se “limita a aumentar o horário de trabalho”.

Quanto às nove propostas que o Bloco apresentou para garantir a viabilização do OE, que diz serem “muito ponderadas”, o Governo “recusou-as a todas, respondendo nalguns casos com medidas de alcance limitado”, sinalizou a coordenadora bloquista. Assim, o partido considera que “este OE não cumpre objetivos a que se propõe e falha na resposta ao país”, sendo de “contenção”.

Ainda assim, o Bloco admite ainda mudar o sentido de voto, caso o Governo mostre avanços nas negociações. “Não temos muito tempo mas ainda há tempo”, reitera Catarina Martins. A votação na generalidade do Orçamento do Estado está marcada para esta quarta-feira, no Parlamento, e a viabilização ainda não é garantida.

(Notícia atualizada às 17h15)

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Empresas de segurança privada apostam nos drones para reduzir vigilantes no terreno

A COPS está a investir em drones para preparar o regresso dos grandes eventos em 2022, mas recusa que a aposta tenológica venha a ter “expressão significativa” no número de vigilantes a recrutar.

Em preparação para a retoma dos eventos físicos no próximo ano, em que se prevê que resistam ainda algumas restrições ou se imponham os novos hábitos impostos pela pandemia, há empresas de segurança privada que estão a apostar em drones para conseguir “controlar as movimentações em grandes espaços, sem ter de colocar tantos vigilantes no terreno”.

É o caso da COPS – Companhia Operacional de Segurança, com o presidente executivo, Miguel Ferreira, a explicar ao ECO que vai avançar com um “serviço híbrido de vigilância humana e remota”. Tendo em conta as condicionantes impostas pela Covid-19, “pareceu a solução adequada para [efetuar] um excelente serviço de vigilância, cumprindo todas as restrições”.

“Tivemos de repensar a forma como fazemos a vigilância em eventos. Pensámos em apostar em novas tecnologias, neste caso os drones, pois permite que não tenhamos muitos vigilantes a circular num grande aglomerado de pessoas, respeitando as normas de segurança, além de nos possibilitar um controlo bastante mais apurado das movimentações e ocorrências que possam acontecer num evento”, detalhou o gestor.

Miguel Ferreira, presidente executivo da COPS.

No entanto, Miguel Ferreira garante que esta aposta tecnológica “apenas melhora a forma como os vigilantes fazem o controlo do espaço”, recusando que venha a ter “expressão significativa” no número de operacionais a recrutar para eventos, como a tradicional concentração anual de motards em Góis, um daqueles de “grande envergadura” que já tem no calendário para 2022. É que, enumera, “é sempre necessário o controlo de acessos, a tomada de decisão, o controlo do drone e as equipas para atuar em caso de ocorrência”.

O drone é operado por um vigilante e existe sempre a necessidade de uma equipa operacional nesse espaço para que possa atuar quando é detetada uma ocorrência.

Miguel Ferreira

Presidente executivo da COPS

Com sede em Loulé, uma delegação em Lisboa e uma filial no Porto, aberta em maio deste ano, a COPS faturou 24 milhões de euros no ano passado e é uma das 83 empresas de segurança privada a operar em Portugal. Segundo dados oficiais, o setor tem 60.233 profissionais habilitados para exercer (12% são mulheres), mas apenas 37.670 estão vinculados a empresas.

A COPS diz ter atualmente cerca de 1.750 funcionários com carteira profissional atribuída pelo Ministério da Administração Interna (MAI), que prestam serviços de proteção e vigilância em clientes de diversos setores, como tribunais, hospitais, escolas e universidades, câmaras municipais, portos, teatros, espaços de entretenimento, hotéis ou condomínios.

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Humano, sustentável e digital. Eis o “hotel do futuro”

Empresários e outros agentes do setor hoteleiro antecipam que as unidades turísticas vão focar-se na proximidade com os clientes, ser cada vez mais flexíveis e sustentáveis e apostar na digitalização.

A pandemia trocou as voltas a vários setores e o turismo foi um dos mais penalizados. Com a reabertura de rotas aéreas e o levantamento de restrições, o setor hoteleiro volta a ganhar um novo “fôlego”. Mas, afinal, como vão ser os hotéis do futuro? Empresários e representantes do setor antecipam que as unidades hoteleiras vão focar-se na proximidade com os clientes, ser cada vez mais flexíveis e sustentáveis e apostar na digitalização.

Nos últimos meses, a atividade turística em Portugal tem vindo a recuperar do impacto criado pela crise pandémica. Em agosto, o país registou 2,5 milhões de hóspedes e 7,5 milhões de dormidas em território nacional, segundo o último balanço do INE. O “caminho” para se chegar aos níveis pré-pandemia ainda é logo, com a secretária de Estado do Turismo a estimar que só aconteça em 2023. Ainda assim, empresários e representantes da hotelaria estão confiantes na retoma e sinalizam que há “uma revolução em curso”, que a pandemia acelerou.

O “hotel do futuro” vai ter de ser “mais humano, mais sustentável e mais digital”, sintetizou Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador Grupo Vila Galé, durante um debate sobre o tema organizado pela DecorHotel, uma iniciativa que aconteceu esta semana na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O empresário olha para esta transformação digital como um meio para “libertar” os trabalhadores dos hotéis de “tarefas e funções que são repetitivas, chatas e burocráticas” para que sedediquem em pleno “a criar relações de proximidade” e “empatia” com os clientes. “E isso não há nenhum smartphone que consiga”, sublinhou.

A sustentabilidade da nossa atividade não depende exclusivamente da decisão da nossa empresa. Depende também da nossa capacidade de influenciar os comportamentos dos consumidores.”

Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé

A opinião é partilhada pela arquiteta Sara Afonso, que aponta que os utilizadores dos hotéis querem “sentir-se em casa” e valorizam o “conforto do lar”. Tendo em conta que há uma fatia de turismo sénior, a também fundadora da Something Imaginary defende que devem ser criadas parceiras com centro de saúde próximos.

Tal como Gonçalo Rebelo de Almeida, Sara Afonso considera ainda que os hotéis vão ter de ser “adaptáveis”, de modo a que, caso aconteça outra pandemia, não tenham de fechar portas. Além disso, deve haver uma aposta maior no marketing, já que esta digitalização passa também pelas redes sociais.

Esta flexibilidade dos projetos joga ainda com aquele que vai ser um dos desafios do setor hoteleiro — e não só — no futuro: a sustentabilidade. No grupo Vila Galé, o “horizonte médio” da renovação de um hotel, desde as mudanças mais profundas às menos profundas, “andará entre os 10 e os 12 anos”, explicou o administrador. Pelo que um dos desafios é tentar encontrar “soluções mais neutras que possam durar um bocadinho mais” e mudar mais frequentemente outros aspetos, como os sofás ou as camas.

Neste aspeto, a opinião dos empresários é unânime. A sustentabilidade vai ser uma das grandes apostas do setor nos próximos anos e deve começar logo no projeto, isto é, desde a forma como é projetado, passando pela escolha dos materiais até à iluminação.

“Para se ter uma ideia, mil quilos de cimento são 800 quilos de CO2. Sem árvores, ao fim de 20 anos só resgata 650 quilos de CO2. Portanto, um hotel de 30 quartos vai ter, no mínimo, 200 metros cúbicos de betão… Podemos imaginar as árvores que esse hotel teria de plantar para fazer a compensação”, calculou Miguel Barbas, arquiteto e CEO da Sabrab, reiterando a importância de se pensar nesta questão logo na fase de projeto, por forma a evitar “uma pegada ecológica no dia da abertura”.

Ainda assim, como em todos os negócios que contactam diretamente com o cliente, quem manda é o consumidor. Caberá aos hotéis “influenciar comportamentos dos consumidores”, quer seja na redução de consumo de água, gás, energia ou alimentação. Ainda que possa não ser tarefa fácil. “A forma como a organização vai ter de se adaptar às pessoas — e não as pessoas à organização — vai ser diferente”, refere Cristina Siza Vieira.

Há uma revolução em curso que a pandemia acelerou. (…) Somos uma indústria de serviço e isso significa que o serviço tem que ser mais custoso e valer muito mais. Já não podemos crescer reduzindo custos. Temos que crescer em valor e no preço com que vendemos estes serviços.”

Cristina Siza Vieira, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP)

“Há comportamentos que induzimos, há comportamentos que vêm de fora e nos obrigam a alterar a organização, há comportamentos que vão ter de ter reflexos nas convenções coletivas de trabalho e na forma como o trabalho é encarado, nas escolas de hotelaria e turismo e na forma como a profissão é praticada e é ensinada”, sintetizou a presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

Cristina Siza Vieira lembrou ainda que a economia portuguesa é fortemente sustentada numa “indústria de serviços” e que, por isso, deve haver uma maior valorização do setor, quer aonível dos salários dos trabalhadores, quer relativamente ao “preço com que vendemos estes serviços”. Apesar da recuperação de dormidas e hóspedes, as receitas do setor do alojamento estão ainda quase 20% abaixo do valor atingido em 2019, segundo o último balanço do INE.

Esta visão é partilhada por Tim Vieira, CEO da Bravegeneration, que sublinhou que está “muito positivo” em relação à retoma do setor, mas alertou que é preciso “melhorar o serviço”. “Gostava de poder pagar melhores salários e pagar menos impostos”, atirou o empresário. Tim Vieira queixou-se ainda da burocracia imposta aos investidores. “Com as dificuldades que estamos a ter, vamos precisar de um Governo muito mais ágil, vamos precisar de muito menos burocracia”, concluiu.

No plano do investimento, a arquiteta Sara Afonso realça ainda que o modelo de negócio do setor hoteleiro está a “inovar”, dado que começam a existir cada vez mais negócios em copropriedade. “O risco deixou de ser só do hoteleiro. Temos modelos de negócio, hoje em dia, que são de risco partilhado. E isso é uma inovação do negócio”, completou a fundadora da Something Imaginary.

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Há mais quatro mortes e 604 casos de Covid-19 em Portugal

Desde o início da pandemia, o país detetou 1.085.138 casos e registou 18.133 mortes por Covid-19.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou 604 novos casos de Covid-19, perfazendo um total de 1.085.138 pessoas infetadas desde o início da pandemia. O boletim diário deste domingo revela ainda mais quatro mortes nas últimas 24 horas, num total de 18.133 óbitos desde o início da crise sanitária.

A maioria dos infetados continua a recuperar em casa, e o número de pessoas hospitalizadas com a doença voltou a diminuir. Atualmente, 269 doentes estão internados em unidades hospitalares (menos cinco nas últimas 24 horas), dos quais 52 em unidades de cuidados intensivos (menos três).

O boletim da DGS dá conta de um total de 1.035.693 recuperados, mais 243 do que no balanço anterior. Há, neste momento, 31.312 casos ativos em Portugal, mais 357 face a sábado.

Boletim epidemiológico de 24 de outubro:

Em termos regionais, a maioria das novas infeções continua a ser registada em Lisboa e Vale do Tejo (LVT). Dos 604 novos casos confirmados, 226 localizam-se nesta região, seguindo-se a região Norte, que contabilizou 160 novas infeções, e o Centro, com 131 novos casos. No resto do território continental, o Alentejo identificou 13 casos e o Algarve 47. Nas ilhas, os Açores registam 13 novos casos, enquanto a Madeira conta 14 infeções.

Há ainda 20.803 pessoas sob vigilância das autoridades de saúde, por terem tido contacto com casos confirmados de Covid-19, ou seja, menos 274 face a sábado.

(Notícia atualizada às 14h10)

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Portugal tem níveis mais baixos da UE de poupança energética nas habitações

  • Lusa
  • 24 Outubro 2021

A associação Zero considera que os incentivos fiscais e instrumentos financeiros promovidos para a melhoria da eficiência energética em Portugal têm “ainda resultados limitados”.

Portugal é o país da União Europeia (UE) com valores mais baixos de poupança energética nos edifícios residenciais, de acordo com a análise da associação ambientalista Zero ao recente relatório do grupo de investigação da Comissão Europeia JRC.

“Portugal é o país da UE-28 a apresentar os valores mais baixos de poupança energética nos edifícios residenciais nos três níveis de renovações” (profundas, médias e ligeiras), referiu hoje a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, com base nas conclusões do mais recente relatório do ‘Joint Research Centre’ (JRC) da Comissão Europeia, sobre o progresso dos Estados-membros na implementação da Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD, na sigla inglesa), que está atualmente sob revisão.

Também no que diz respeito aos edifícios não residenciais, Portugal apresenta as taxas de poupança mais baixas resultantes da renovação ligeira e média e o segundo valor mais baixo na renovação profunda, apenas atrás do Reino Unido.

“O relatório demonstra que as renovações profundas apresentaram um impacto muito mais significativo na poupança energética em comparação com as renovações de nível ligeiro e médio”, sublinha a Zero. No entanto, a maior parte dos investimentos nacionais em renovação ocorreu em renovações médias e ligeiras, onde as taxas de poupança energética são menores.

A associação refere que “o parque edificado português é um parque obsoleto, nomeadamente no setor residencial” e, do conjunto de problemas que afetam o desempenho energético dos edifícios nacionais, “além do envelhecimento natural dos materiais e da ausência de manutenção”, destacam-se ainda “as características físicas do edifício, nomeadamente ao nível do baixo desempenho térmico da envolvente e a ineficiência dos sistemas energéticos instalados”.

Segundo o relatório, Portugal registou um crescimento exponencial no número de certificados energéticos emitidos entre 2011 e 2018 (225% nos edifícios residenciais, 633% nos edifícios não-residenciais e 379% nos edifícios públicos), o que, para a Zero, “é um aspeto muito positivo”. Porém, a associação considera que os incentivos fiscais e instrumentos financeiros promovidos para a melhoria da eficiência energética em Portugal têm “ainda resultados limitados”.

“Portugal ainda está aquém do desempenho energético desejado para os edifícios e necessita avançar com as ações a nível nacional, em consonância com as políticas e estratégias atuais para cumprir com o objetivo de neutralidade climática”, defendeu a Zero.

A nível europeu, o setor residencial apresentou uma redução de, aproximadamente, 10% no consumo final de energia, devido a melhorias na eficiência energética e a invernos mais amenos. Por outro lado, o setor comercial europeu teve um aumento de 2%, devido ao crescimento económico, aponta o relatório.

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Paulista Fabiana Thorres troca casas por confeção na Caparica

Chegou a Portugal com o sonho da moda, mas acabou a trabalhar numa imobiliária. Com a ajuda do compatriota Silvio Korich montou uma confeção e vai lançar uma coleção de roupa com pele de bacalhau.

Fabiana Thorres levava mais de duas décadas de experiência na área da confeção quando decidiu sair do Brasil com os quatro filhos devido ao clima de insegurança. Há três anos, quando escolheu Portugal, tinha na mente prestar serviços de consultoria para marcas de moda, mas cedo percebeu que “não era assim tão fácil”. Acabou a trabalhar numa imobiliária na região da Costa da Caparica.

No entanto, o sonho transformou-se em realidade quando um dia se cruzou na imobiliária com Silvio Korich. O empresário brasileiro, a viver em Portugal há 30 anos, é proprietário da Matic Têxtil – Fios e Confeções, e decidiu investir na ideia desta compatriota, que é agora dona de uma confeção na Charneca da Caparica com 12 máquinas industriais e que emprega oito pessoas.

“Falei com o Silvio Korich sobre o meu desejo de abrir uma confeção em Portugal. Para minha surpresa, ele decidiu investir na minha ideia. Reparámos que as grandes empresas de confeções estão localizadas no Norte e o meu objetivo era transformar a região da Costa da Caparica num polo de moda luso-brasileiro“, conta ao ECO.

Na fase inicial do projeto, com o país e o mundo a enfrentarem uma escassez brutal de máscaras no contexto da pandemia de Covid-19, Fabiana Thorres, de 49 anos, começou a produzir máscaras certificadas. Atualmente, a marca já está a atacar outros nichos de negócio e trabalha em regime de private label com várias marcas de moda e de vestuário de praia.

Entre outras, produz para a Greenfits, uma marca de roupa sustentável direcionada ao público feminino; para a Corpo Dourado, a Biquínis Da Praia e a canadiana Now in Rio Swim. Todas as matérias-primas usadas na confeção são sustentáveis ou zero resíduos. “Queremos ter um ADN sustentável. É possível fazer moda de qualidade pensando no meio de ambiente. Menos tendência e mais essência“, sublinha a empresária.

Sofia Fernandes, uma das fundadoras da Greenfits diz que esta é uma “parceria luso-brasileira promissora”. “Primamos muito por Portugal e fizemos questão de produzir nossas peças cá. Estamos entre os cinco países pioneiros no mundo em matéria-prima biodegradável, mas no que respeita à malha para fitness ainda não. Por isso, importamos o que há de melhor no Brasil”, acrescenta.

Vestidos e biquínis com pele de bacalhau

No Brasil, Fabiana Thorres usava a pele de salmão para criar detalhes em peças de roupa, como vestidos e biquínis. No Rio de Janeiro chegou a fazer uma coleção inteira para uma marca com pele de salmão e tilápia. Quando chegou a Portugal, umas das missões era voltar a reaproveitar o desperdício da pele de peixe.

Apresentou a ideia à Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, que mostrou interesse no projeto, mas sugeriu outra particularidade: usar a pele de bacalhau, dado o consumo elevado da espécie em Portugal. Aceitou o desafio e o projeto está “em andamento”, tendo já conseguido resultados em relação à durabilidade da matéria-prima e da pele. “Estamos a trabalhar numa coleção com pele de bacalhau que vai fazer diferença”, promete.

 

Fabiana Thorres realça que já tem “algumas amostras” e está a desenvolver uma primeira coleção. “O meu forte foram sempre os vestidos, mas tenho muitos clientes de moda de praia e, como tal, os detalhes da pele de bacalhau vão ser incorporados em vestidos e biquínis. Já tive um contacto da embaixada da Áustria, que se interessou bastante nesta matéria-prima e neste processo. Também marquei presença [na feira] Modtissimo, no Porto, e percebi que o produto tem muita aceitação”, resume.

A primeira exposição de peças à base de pele de bacalhau vai acontecer na Casa da Guia, em Cascais, durante a primeira semana de novembro, onde promete mostrar vários vestidos, blusas e saias. Os interessados vão poder encomendar o vestido com pele de bacalhau através das redes sociais de Fabiana Thorres, com o preço a variar entre 380 e 650 euros.

Queremos ter um ADN sustentável. É possível fazer moda de qualidade pensando no meio de ambiente. Menos tendência e mais essência.

Fabiana Thorres

Empresária

Na ótica de Fabiana Thorres, o consumidor final está cada vez mais exigente e as marcas procuram, cada vez mais, matérias-primas sustentáveis. “A indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo e temos de começar um movimento mais amigo do ambiente e pensar nas matérias-primas que estamos a usar. Quando atendo clientes que querem fazer uma coleção nova, eles já vêm ter comigo a pensar em matérias sustentáveis”, conclui a empresária.

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“Governo devia intervir menos” no mercado dos combustíveis, diz CEO da OZ Energia

  • Lusa
  • 24 Outubro 2021

“Uma coisa é o intervir mais ou menos, outra coisa é a quantidade de impostos que [o Governo] aplica sobre o setor da energia”, defende Micaela Silva.

A presidente executiva da OZ Energia, Micaela Silva, defendeu que o “Governo devia intervir menos” no mercado dos combustíveis, porque é liberalizado e não tem margens excessivas de comercialização, mas é “muito penalizado” pela quantidade de impostos.

“O Governo devia intervir menos, [porque] o mercado dos combustíveis é um mercado liberalizado, um mercado que funciona, que se auto regula e onde há uma concorrência perfeita”, defendeu a presidente executiva (CEO) da energética do Grupo Manuel Champalimaud, em entrevista à agência Lusa.

A responsável tinha sido questionada sobre se o Governo devia atuar mais no sentido de dar resposta ao aumento dos preços dos combustíveis que está a deixar a Europa a braços com uma crise energética.

“Eu entendo que o setor não tem abusos de margens [dos comercializadores]. Nós estamos num setor perfeitamente concorrencial, com vários postos de abastecimento, todos eles competem entre si e não há, com certeza, margens excessivas”, acrescentou, referindo-se à uma proposta de lei do Governo para limitar as margens na comercialização de combustíveis, que foi aprovada e entrou em vigor na sexta-feira.

De acordo com a lei, que vem alterar vários decretos que estabelecem os princípios gerais relativos à organização e funcionamento do Sistema Petrolífero Nacional, “as margens máximas” podem “ser definidas para qualquer uma das atividades da cadeia de valor dos combustíveis simples ou do GPL engarrafado, sendo fixadas por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da economia e da energia, sob proposta da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos e ouvida a Autoridade da Concorrência”.

Para Micaela Silva, trata-se de uma medida que “não é bem vista à livre concorrência”. No entanto, a presidente executiva da energética ressalvou que “uma coisa é o intervir mais ou menos, outra coisa é a quantidade de impostos que [o Governo] aplica sobre o setor da energia”, que considerou ser “muito penalizado”.

Micaela Silva apontou que, se no passado o Governo atuou de forma “muito agressiva” no agravamento do imposto sobre os combustíveis (ISP), porque o preço do petróleo estava baixo, agora, estando-se a viver a situação inversa com os preços no mercado grossista a bater recordes sucessivos, “havia que decrescer” o imposto.

“Essa atuação agora devia ter sido a inversa e devia ter sido muito mais agressiva, porque um ou dois cêntimos de decréscimo [no adicional ao ISP], é muito pouco”, realçou. A responsável sublinhou que, penalizando as empresas poluidoras, “quem está a pagar a fatura também são as famílias”.

“Estamos a dar com uma mão e a tirar com outra. É politicamente correto dizer que estamos a penalizar as empresas poluidoras, mas a economia não funciona sem combustíveis e vemos hoje em dia toda a contestação que está a ocorrer em torno do aumento dos combustíveis, porque isso vai afetar os meios de produção de várias empresas”, defendeu.

Para Micaela Silva, “os governantes não fizeram o trabalho de casa prévio e não perceberam que a economia não pode ficar desequilibrada”, porque, prosseguiu, primeiro há que criar as condições para uma economia ‘verde’ e só depois “exigir às empresas e às populações que façam a transição para essa economia”.

“Para sermos bons alunos [na ação climática] temos de estar preparados para pagar a fatura económica e Portugal não está preparado, porque a sua economia não é uma economia sólida”, argumentou.

Questionada sobre a fixação de preços no gás de garrafa, uma medida adotada durante o período de confinamento devido à pandemia de covid-19, a responsável defendeu que “não é o caminho certo a seguir”, uma vez que o gás de garrafa está no mercado liberalizado.

“Para nós, não faz sentido termos fixação de preços e sobretudo comparar com um mercado que é completamente diferente do mercado português”, afirmou, referindo-se ao mercado espanhol, onde os preços da botija de gás são mais baixos, o que, segundo Micaela Silva, se explica pela diferença na qualidade do serviço e nos preços de aquisição.

“Eu entendo que não terá havido na rede nenhum abuso de aumento de preço para se aproveitar desta situação [de pandemia]. Não foi uma questão de margens elevadas, mas sim de acomodar custos para os quais não estávamos preparados, porque não foram orçamentados”, concluiu, referindo-se aos custos com material de proteção individual, para que se pudesse continuar a entregar gás nas habitações.

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Já 123 mil pessoas receberam a terceira dose da vacina contra a Covid-19

As pessoas com mais de 80 anos vão poder fazer o auto-agendamento das vacinas contra a gripe e Covid-19 a partir de 26 de outubro. Já foram administradas 279 mil vacinas contra a gripe.

As pessoas com mais de 80 anos vão poder fazer o auto-agendamento das vacinas contra a gripe e da dose de reforço contra a Covid-19 a partir de 26 de outubro, depois de ter arrancado a campanha que está a decorrer por ordem decrescente de idades. Já 123 mil pessoas receberam a terceira dose da vacina contra a Covid-19.

Este agendamento poderá ser feito no Portal Covid-19. Entretanto, os utentes vão ser “convocados através de uma SMS para a toma em simultâneo da vacina contra a gripe e contra a Covid-19 ou apenas para a vacina contra a gripe ( se não forem elegíveis para Covid-19)”, explica a Direção-Geral da Saúde (DGS) em comunicado.

O agendamento será automático, mas podem haver casos em que sejam chamados doentes abaixo da faixa que se encontra aberta por já cumprirem todos os critérios de elegibilidade e para não atrasar o processo, alerta ainda a DGS. A campanha começou pelos utentes com idade igual ou superior a 80 anos e vai por ordem decrescente de idades.

Atualmente, já 85,7% da população tem a vacinação primária contra a Covid-19 completa, e 123 mil pessoas receberam a terceira dose ou uma dose adicional de vacina contra a Covid-19. Quanto às vacinas da gripe, já foram administradas 279 mil.

“O ritmo de vacinação da gripe está dependente da entrega das vacinas no território nacional e sujeita a ajustes de acordo com a disponibilidade de
vacinas”, sublinha a DGS, acrescentando que se prevê que a partir do início de novembro “o número de vacinas disponíveis seja suficiente para acelerar o ritmo da vacinação”.

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