Concentra compra histórica marca de jogos Majora antes do Natal

Empresa de brinquedos detida pela família Feist compra a Majora ao The Edge Group por 800 mil euros. Novos donos estão a relançar marca com 83 anos e esperam “impulso forte nas vendas” já este Natal.

Criada em 1939 pelas mãos de Mário José Oliveira, que inspirado por uma viagem à Alemanha começou a desenhar jogos de tabuleiro na cave da casa dos pais, situada na conhecida Avenida da Boavista, no Porto, a Majora é considerada a mais antiga empresa portuguesa de jogos e tem no catálogo referências clássicas como o Sabichão ou o Jogo da Glória.

A terceira geração da família Oliveira não evitou a falência do negócio, que em 2014 passou para as mãos do lisboeta The Edge Group, liderado pelo empresário José Luís Pinto Basto, por um valor anunciado na altura de 600 mil euros. Este fundo de investimento ficou com todo o espólio da marca, que veio a relançar no mercado em 2016.

Inativa desde 2018, quando interrompeu as operações, a histórica marca de origem nortenha acaba de ser comprada pela Concentra Brinquedos, com o diretor-geral, Ricardo Feist, a adiantar ao ECO que esta “operação bastante complexa, que já estava pensada antes da pandemia e que durou cerca de ano e meio a ser concluída”, custou perto de 800 mil euros.

É um processo de consolidação fundamental para ganharmos escala e competirmos num mercado cada vez mais global. E uma aposta estratégica desenvolver mais produtos próprios, em alternativa às marcas internacionais que distribuímos.

Ricardo Feist

Diretor-geral da Concentra

A empresa fundada em 1966 e sediada em Oeiras — além de comercializar marcas próprias, distribui mais de 50 referências internacionais de brinquedos, como a Patrulha Pata, Panda, Batman ou Frozen — foi apoiada nesta transação relativa a 100% do capital pela consultora Moore Stephens e pela sociedade de advogados RPBA – Ricardo da Palma Borges & Associados.

“São duas empresas portuguesas emblemáticas e achamos que é um processo de consolidação fundamental para ganharmos escala e competirmos num mercado cada vez mais global, de forma mais eficaz e eficiente. Depois, para a Concentra é uma aposta estratégica desenvolver mais produtos próprios, em alternativa às marcas internacionais que também distribuímos. Finalmente, porque o segmento dos jogos tem vindo a crescer bastante nos últimos anos, devido aos confinamentos e pela vontade das famílias passarem mais tempo a jogar em conjunto”, justifica Ricardo Feist.

Voltar a faturar cinco milhões até 2030

Nos anos de maior sucesso comercial, entre 2006 e 2009, a Majora faturou cerca de cinco milhões de euros por ano. Os novos donos reconhecem que será “um processo longo de reconstrução da marca”, mas esperam até ao final desta década voltar a esse volume de vendas, estimando que nessa altura a marca Majora vá pesar cerca de 20% no negócio global. E vão começar já neste Natal, com o relançamento de uma linha baseada no top 10 de jogos mais vendidos.

A médio e longo prazo, o líder da Concentra diz que pretende desenvolver uma nova imagem e “guia de estilo” para a Majora, uniformizar todos os produtos e “recuperar a essência da marca”. Por outro lado, pretende desenvolver uma nova gama em diferentes categorias: familiares, educativos ou voltados para “nichos”, como jogos de estratégia, party games de adultos, solidários ou para seniores.

Ricardo Feist, diretor-geral da Concentra

Prestes a entrar na época alta dos brinquedos, que vale dois terços das vendas anuais, Ricardo Feist assume que “o facto de [estar] a relançar a marca Majora nesta fase do ano, obviamente que vem trazer um impulso forte nas vendas”. “Acrescentamos esta marca icónica ao nosso portefólio e também esperamos um crescimento forte na categoria de jogos, onde queremos ser líderes — não só com a Majora, mas com todo o portefólio que a Concentra já detinha”, completa.

Já questionado sobre uma eventual subida dos preços para esta época natalícia, o empresário recusa um novo aumento com reflexo no bolso dos consumidores portugueses, além daquele que já registou ao longo deste ano e que calcula rondar, em média, os 5%. “Obviamente o mercado de brinquedos não é imune a todos os aumentos de custos que tem havido”, indica, ao mesmo tempo assegurando que tem feito “todos os possíveis para manter os preços inalterados, absorvendo grande parte desses custos”.

Mais vendas online e exportações, após Natal “forte”

Atualmente na segunda geração e detida ainda a 100% pela família do fundador, Pedro Feist, a Concentra emprega 20 pessoas e é a única empresa portuguesa (e familiar) na lista dos cinco maiores operadores no mercado de brinquedos em Portugal, em que concorre com multinacionais como a Lego, a Mattel, a Hasbro e a Famosa. Em 2021 faturou perto de 15 milhões de euros, recuperando logo no ano passado do primeiro impacto da pandemia nesse indicador.

Para 2022 estima um crescimento de 20%, ao fechar o ano com um volume de negócios de 18 milhões de euros. A exportação pesa 12%, com destaque para Espanha. O filho do fundador detalha o objetivo, com a aquisição da Majora e a gama própria da Concentra, de “reforçar essa aposta na expansão para um mercado mais ibérico”. E também nas vendas online, que só pesam 10% do total — longe da quota digital no país vizinho (36%) ou no Norte da Europa (Inglaterra, Alemanha, Países Escandinavos), onde mais de metade dos brinquedos são comprados através da internet.

O mercado de brinquedos em Portugal ronda os 200 milhões de euros. Quase não tem indústria e 85% das vendas são feitas através das grandes cadeias da distribuição moderna, como o Continente, Pingo Doce, Auchan ou Intermarché.

Sem qualquer fornecedor nacional – “infelizmente, em Portugal já não existe indústria de fabrico de brinquedos e, portanto, não seria competitivo tentar reativar qualquer produção no nosso país”, desabafa Ricardo Feist –, embora tenha alguns artigos feito em Espanha, nos Países Baixos, na Alemanha ou na Polónia (sobretudo na parte dos jogos de sociedade), a grande maioria dos brinquedos são fabricados na China.

Do ponto de vista comercial, o mercado de brinquedos em Portugal, que ronda os 200 milhões de euros, é dominado pela distribuição moderna. As grandes cadeias, como o Continente, Pingo Doce, Auchan ou Intermarché, controlam cerca de 85% do negócio; e o retalho especializado os restantes 15%, destacando-se nesta lista a Toys ‘R’ Us, o CentroXogo ou a Fnac, além dos vendedores mais tradicionais de brinquedos.

O mercado de brinquedos acaba por ser à prova de crises. Os consumidores mais facilmente cortam noutras coisas do que nos brinquedos, pois tentam que as crianças não sofram qualquer efeito.

Ricardo Feist

Diretor-geral da Concentra

E depois de ver o mercado “muito ativo” nos primeiros nove meses do ano, Ricardo Feist prevê que “a campanha de Natal também seja forte, apesar das grandes dúvidas e incertezas” provocadas pela inflação e pela guerra na Ucrânia. “Sobretudo agora que a Concentra incorporou também a Majora no portefólio, o que [a] coloca numa posição ainda mais robusta para atacar o mercado”, detalhou.

“O mercado de brinquedos já tem passado por muitas crises e acaba por ser um setor à prova de crises. No sentido em que os consumidores mais facilmente cortam noutras coisas do que nos brinquedos, pois tentam que as crianças não sofram qualquer efeito [negativo]. Portanto, continuamos a acreditar que, apesar de tudo, vamos ter um ano 2022 bastante forte”, rematou o diretor-geral da Concentra.

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Brasil de braços abertos ao investimento? Empresários têm dúvidas

Lula da Silva ainda não definiu as prioridades de política económica. António Saraiva e Jorge Rebelo de Almeida têm dúvidas sobre a possibilidade de um novo ciclo de investimento português no Brasil.

O Brasil vai estar, de novo, de braços abertos para o investimento empresarial português com Lula da Silva como Presidente? O ministro da Economia, António Costa Silva, afirma que Portugal vai procurar uma cooperação comercial mais ativa nesta nova fase política do Brasil, mas os empresários têm mais dúvidas sobre uma mudança política que signifique uma espécie de regresso ao passado quando as empresas descobriram o mercado brasileiro.

À margem a sessão de abertura da Web Summit, o ministro da Economia disse ao jornal Valor Económico que a eleição de Lula abre novas perspetivas para as relações empresariais entre os dois países. A ApexBrasil, a entidade congénere da Aicep naquele país, comunicou que o Brasil tem a maior participação de sempre na edição deste ano da Web Summit, uma Missão de Internacionalização que inclui 60 startups e 20 empresas inovadoras”. Mas muda alguma coisa? António Saraiva não acredita em mudanças significativas relativamente ao que é o passado recente do investimento português no Brasil. “Não vai trazer nada de novo“, atira o presidente da CIP. A mais importante das razões é que o Brasil “é um país economicamente muito protecionista e Lula da Silva não vai mudar isso“.

Lula da Silva ganhou as eleições no domingo, mas pouco se sabe do que será a sua estratégia económica. Como escreve a revista Veja, “o petista Luiz Inácio Lula da Silva ainda não detalhou o que pretende fazer na área económica, e isso preocupa banqueiros e empresários. A dúvida número um é como ficará a política fiscal [orçamental]”. E talvez por isso a reação dos mercados foi ambígua. No discurso de vitória, Lula foi também genérico sobre o que serão as suas prioridades. “A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra“, prometeu Lula da Silva.

E quais são as perspetivas económicas? Segundo o último relatório do FMI, o PIB brasileiro recuperou para níveis de pré-pandemia e o ritmo económico mostrou-se favorável, apoiado pela expansão e o crescimento robusto do crédito ao setor privado. As estimativas mais recentes do Fundo, datadas de julho, apontam para um crescimento económico de 1,7% este ano, quase um ponto percentual acima da taxa de 0,8% calculada em abril, mas em 2023 prevê uma expansão de 1,1%, 0,3 pontos percentuais a menos do que o previsto quatro meses antes.

António Saraiva, presidente da CIP, em entrevista ao ECO - 04DEZ19

António Saraiva aponta a realidade das “regras trabalhistas“, um enquadramento que é também apontado por Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé, que tem dez hotéis no Brasil com mais de oito mil camas. O empresário hoteleiro afirma ao ECO que o Brasil precisa de reformas estruturais significativas em três áreas decisivas: “Justiça, área laboral e tributária“.

Não acredito que a eleição de Lula seja determinante para um regresso do investimento português”, diz Rebelo de Almeida, “a não ser que haja uma mudança radical…”, acrescenta.

Os dois líderes empresariais apontam o protecionismo, por um lado, e os níveis de exigência de capital, por outro, como fatores que funcionam como obstáculo ao investimento português no Brasil, e recordam os casos de insucesso de empresas portuguesas naquele país. “A economia brasileira é mais dependente do poder político do que é em Portugal, é mais dependente, mas tem setores pujantes, como a indústria e o agronegócio”, salienta o presidente do grupo Vila Galé.

O presidente da CIP desvaloriza os “chavões” sobre a relação económica e empresarial entre os dois países e põe a tónica no que poderá ser uma mudança no acordo União Europeia/Mercosul, com a eleição de Lula da Silva. “Pode dizer-se que haverá uma relação diferente entre Portugal e o Brasil, mas o que pode criar novas condições para o investimento português é um acordo ao nível comunitário com os países do Mercosul“. Já Rebelo de Almeida vê na melhoria das relações políticas uma eventual oportunidade. “O Presidente Bolsonaro nunca teve grande abertura para Portugal”, como aliás se percebe dos casos políticos que envolveram também o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa nas suas últimas deslocações ao Brasil.

Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé.Paula Nunes/ECO

O Presidente eleito vai ter um quadro político adverso na câmara do congresso. O partido com mais assentos é mesmo o de Bolsonaro, com 36% dos lugares, enquanto a base de apoio que serviu a eleição de Lula tem vários partidos e é responsável por 24% dos lugares. Conhecedor da realidade política brasileira, onde está há mais de 20 anos, Jorge Rebelo de Almeida salienta que o chamado “centrão político” desloca-se sempre em direção ao poder. “Lula da Silva vai ter de demonstrar capacidade de negociação política“, reconhece o empresário.

António Saraiva e Jorge Rebelo de Almeida apontam também a necessidade de saber quem serão os ministros do novo Governo de Lula da Silva nas áreas económicas. O líder do grupo Vila Galé valoriza, de qualquer forma, a escolha de Lula para a vice-presidência do Brasil, Geraldo Alckmin, antigo adversário do Presidente eleito. “É um moderado”, sentencia.

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“Rússia põe tecnologia ao serviço do terror”, acusa primeira dama da Ucrânia

Olena Zelenska aproveita palco da Web Summit para apresentar efeitos do uso da tecnologia na destruição do país. "Estamos numa viagem ao passado, a qual não pedimos".

“A tecnologia tem o poder para determinar a direção em que o mundo se movimenta. A Rússia põe a tecnologia ao serviço do terror.” Foi assim que a primeira dama da Ucrânia, Olena Zelenska, apresentou-se nesta terça-feira em Lisboa, na cerimónia de abertura da Web Summit. O discurso serviu para mostrar os efeitos do uso da tecnologia nas pessoas, para causar a morte ou para recuperar os feridos da guerra com a Rússia.

A intervenção teve pompa de Estado: Olena Zelenska fixou-se no palanque posto no palco, focou o olhar no teleponto e preparou um discurso muito personalizado, pronto para fazer pensar cada um dos espetadores no pavilhão Altice Arena. “A Rússia, deliberadamente, está a usar alvos vivos”, acusou a mulher de Volodomyr Zelensky. Nos ecrãs, foram vistos rostos de crianças, adolescentes e de uma grávida que morreram pelos drones usados pelo exército russo, acusou a primeira dama ucraniana.

Primeira dama da Ucrânia, Olena Zelenska.Hugo Amaral/ECO

Para reforçar o impacto da apresentação, foi também exibido um vídeo em que dezenas de crianças, num abrigo, entoam a música “Stefania”, dos Kalush Orchestra com que a Ucrânia venceu a edição de 2022 da Eurovisão. Não poderia acreditar que as crianças em 2022 teriam de ir para os abrigos. As pessoas deviam voar para Marte, não para os abrigos. Parece uma viagem ao passado, a qual não pedimos.

Depois de referir que 40% da produção energética do país está comprometida, o discurso virou-se para o lado bom da tecnologia. “Queremos usar a tecnologia para salvar e não para magoar as pessoas“, assinalou. Nos ecrãs surgiu uma criança com uma mão biónica e um adolescente com uma prótese na perna, proporcionada por uma organização dos Estados Unidos.

O palco serviu para Olena Zelenska apresentar a sua fundação, lançada há um mês, e que tem como prioridades a educação e os cuidados médicos. “É possível apoiar projetos para ajudar pessoas. Encontrem esses projetos, pois ajudar a Ucrânia significa tornar o mundo num lugar melhor.”

Da esquerda para a direita: Olena Zelenska (primeira dama da Ucrânia); Paddy Cosgrave (fundador da Web Summit); António Costa e Silva (ministro da Economia); Carlos Moedas (presidente da câmara de Lisboa).Hugo Amaral/ECO

O final do discurso foi feito para o aplauso de pé: “A nossa grande vitória vai consistir em várias pequenas vitórias. Acredito que a tecnologia serve para criar e não para destruir. […] A tecnologia pode colocar o mundo num lugar melhor. Vamos fazer isto em conjunto.”

Com um pavilhão iluminado com o azul e amarelo da Ucrânia, a cerimónia de abertura da Web Summit ficou concluída.

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Costa Silva na Web Summit: Há 90 milhões para apoiar três mil startups

Ministro da Economia usa palco principal da Web Summit para anunciar o arranque dos vouchers digitais para apoiar novos negócios tecnológicos nos próximos quatro anos.

Há 90 milhões de euros a caminho para apoiar um total de três mil startups nos próximos quatro anos. O anúncio foi do ministro da Economia, António Costa Silva, esta terça-feira na cerimónia de abertura da Web Summit, e confirmou uma notícia já avançada pelo ECO. “Nos próximos dias vamos lançar um financiamento de 90 milhões de euros para vouchers digitais e ajudar 3 mil startups nos próximos quatro anos”, referiu o ministro da Economia no palco principal da cimeira, no Altice Arena. O financiamento desta medida está previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Com o anúncio da abertura das candidaturas previsto para os “próximos dias”, o Governo prepara-se para avançar a medida, que irá ser executada pela Startup Portugal.

“Temos a responsabilidade de fazer a gestão de fundos significativos do PRR: 125 milhões de euros de fundos no âmbito da medida C16, que visa apoiar o ecossistema empreendedor. Desses vamos ter 90 milhões dedicados especificamente às startups, em vouchers green e digital. São destinados a empresas que desenvolvem modelos de negócio digitais e que tenham sustentabilidade e o lado ‘verde’ também presente no seu modelo de negócio. Vinte milhões de euros vão ser destinados às incubadoras em vales para upskill, para essas incubadoras se profissionalizarem, reforçarem os seus recursos, o seu talento, conseguirem prestar o melhor serviço, desempenhar melhor a sua função do que até aqui”, adiantou o diretor executivo, António Dias Martins, em agosto em entrevista ao ECO.

Numa intervenção em que convidou os estrangeiros a mudarem-se para Portugal, o ministro recordou que o país está a preparar uma nova lei das startups, “uma das mais agressivas da Europa”, e que vai incluir medidas para incentivar que os trabalhadores possam ter ações da empresa em que trabalhar.

Costa Silva considerou ainda que o país e a Web Summit têm uma “casamento bem sucedido” e que a procura de novas soluções energéticas é um dos maiores desafios para os próximos anos.

Moedas desafia o impossível

A assistir no palco ao discurso de António Costa e Silva esteve o presidente da câmara de Lisboa. Carlos Moedas fez a apresentação internacional do projeto Unicorn Factory Lisboa, com a qual pretende apoiar 20 ideias por ano, num investimento de oito milhões de euros em parceria com entidades privadas.

O discurso também serviu para o presidente da câmara falar em Lisboa numa cidade onde “o impossível transforma-se no possível”, numa referência ao projeto fábrica de unicórnios, instalado no Hub Criativo do Beato. Carlos Moedas deixou também um convite para os fundadores de empresas mudarem-se para a capital.

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Bolsonaro: “Sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição”

  • ECO
  • 1 Novembro 2022

Jair Bolsonaro reconheceu os resultados eleitorais e garante que, como presidente e cidadão, cumprirá o que está definido na Constituição. Transição de governos vai começar.

Jair Bolsonaro falou, finalmente, ao país, 48 horas depois das eleições que deram a vitória a Lula da Silva. E, numa curta declaração, admitiu implicitamente a derrota. “Sempre fui rotulado como anti-democrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição“, disse. “Enquanto Presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa constituição“, acrescentou, o que confirma na prática que aceita o resultado das eleições e o início do processo de transição políticas entre governos.

Jair Bolsonaro não fez qualquer referência ao nome do presidente eleito, que tomará posse a 1 de janeiro de 2023. E sinalizou que rejeita qualquer apoio a reações violentas por parte de quem discorda dos resultados eleitorais. “Os atuais movimentos populares são fruto da indignação e sentimento de injustiça, de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como a invasão de propriedade, destruição de património“.

Bolsonaro lembra que, de acordo com os resultados eleitorais que deram a vitória a Lula, os seus apoiantes têm uma “robusta representação no congresso mostra a força dos nossos valores, Deus, pátria, família e liberdade”. Bolsonaro salienta a a formação de “diversas lideranças pelo Brasil” e garante que vai continuar ativo. “Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca, somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, superámos uma pandemia e as consequências e uma guerra., Sempre fui rotulado como anti-democrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição”. E recusou a ideia de censura “aos media e às redes sociais”.

Lula da Silva, recorde-se, ganhou a segunda volta das eleições por uma margem mínima, de 50,90% dos votos, contra os 49,10% de Bolsonaro.

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Contas verificadas no Twitter vão custar 8 dólares/mês

  • ECO
  • 1 Novembro 2022

Elon Musk anuncia que o Twitter vai começar a cobrar uma subscrição de 8 dólares por mês para os utilizadores com as contas verificadas.

Elon Musk conclui há dias a compra do Twitter e já anunciou mudanças… no Twitter. Numa sequência de tweets, o milionário dono da Tesla revelou que haverá mudanças na rede social, a mais importante das quais uma subscrição de 8 dólares por mês para os que têm as chamadas contas verificadas. Este valor, garante Musk, será ajustado país a país em função da respetiva paridade de poder de compra.

O novo dono do Twitter justifica esta opção por duas ordens de razões: Por um lado, os subscritores deste serviço poderão beneficiar de ferramentas exclusivas como a prioridade nas respostas, menções e ‘search‘ e a possibilidade de publicar vídeos mais longos e também beneficiar de exposição a metade dos anúncios da rede. Por outro, o próprio Twitter espera aumentar as suas receitas com este modelo, o que, garante Musk, servirá para remunerar os criadores de conteúdos na plataforma, mas não dá qualquer indicação de como isto será feito.

Nesta sucessão de tweets, Musk não explicita o que também é visto como um risco da operação, e que poderá justificar também esta decisão de avançar para a subscrição mensal. A companhia precisa de acelerar as receitas para garantir a operação de financiamento que permitiu a compra do Twitter, avaliada em cerca de 44 mil milhões de euros.

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Swiss Re prevê “ajustamento radical” de preços em janeiro

  • ECO Seguros
  • 1 Novembro 2022

O CFO da Swiss Re esclareceu como a resseguradora está a reagir à dinâmica de oferta e procura do mercado e o que os clientes podem esperar da época de renovaçoes, em janeiro de 2023.

A Swiss Re prevê um “ajustamento radical” dos preços na época de renovação, que arranca a 1 de janeiro de 2023, de acordo com declarações do Diretor Financeiro (CFO) John Dacey.

Após o anúncio dos resultados da empresa, na passada sexta-feira, o CFO da Swiss Re esclareceu como a resseguradora está a reagir à dinâmica de oferta e procura do mercado e alertou para o que os clientes podem esperar da época de renovação de 2023.

Dacey alerta para “um desequilíbrio no mercado nos resseguros, em geral, e no ramo de catástrofes naturais, especificamente”. O líder apontou que “é evidente que, entre outros fatores, a inflação aumentou o valor dos ativos em todo o mundo, elevou a quantidade de proteção exigida pelos proprietários de ativos de empresas primárias e exacerbou a quantidade de riscos que as empresas primárias gostariam de ressegurar”.

Para a Swiss Re, isto não significa necessariamente que a resseguradora irá aumentar a sua própria exposição, disse John Dacey. Mesmo apesar das oportunidades.

Seremos participantes empenhados neste espaço à medida que avançamos“, disse o CFO. E continuou: “Trabalharemos com clientes que estejam dispostos a reconhecer os riscos subjacentes e os preços adequados. Mas eu esperaria um aumento material nos preços e um aumento material nas retenções de risco por parte das empresas primárias à medida que avançamos”.

John Dacey prosseguiu: “Penso que é claro para todos que não esperaríamos apenas, mas que exigiríamos melhores retornos sobre o negócio que subscrevemos e, portanto, as discussões com os nossos clientes são, de certa forma, reflexo dessa realidade. É um assunto suscetível de deixar algumas pessoas insatisfeitas com o aumento de preços que acreditamos ser apropriada neste momento”.

Sobre as renovações de resseguros em janeiro de 2023, Dacey disse que é importante considerar o cenário atual: “o que inclui não só o cansaço, mas também a frustração do capital de terceiros no mercado de ILS. O que inclui uma redução da capacidade pré-Ian anunciada por um número de participantes de resseguro no espaço nat cat. Reflete um aumento geral do valor dos ativos e um aumento da procura por parte das empresas primárias para obter cobertura”.

O líder descreveu ainda as condições: “Temos um desequilíbrio clássico entre a oferta e a procura. A 1 de janeiro e a minha expectativa é que os preços não irão demonstrar algum tipo de ajustamento evolutivo, mas sim um ajustamento bastante radical para refletir o risco que está a ser transferido sobre estes eventos”, explicou.

A terminar, John Daley acrescentou: “Pensamos ter uma boa visão do que é um preço apropriado e estamos em discussões com os clientes para nos certificarmos de que eles compreendem os nossos modelos de aumento das expectativas de custos de perda, mas também as margens que esperamos ao entrar em 2023”.

As margens de lucro, retorno positivo do capital aplicado, estão a tornar-se críticas no resseguro de catástrofes naturais. Os subscritores necessitam cobrir os seus custos de perdas, custo do capital, despesas e uma margem para os seus fornecedores de capital, ao longo do ciclo e a longo prazo.

A Swiss Re reportou prejuízos líquidos de 285 milhões de dólares para os primeiros nove meses de 2022, impulsionados por prejuízos no terceiro trimestre de 442 milhões de dólares em resultado de resultados de investimentos mais baixos e de pedidos de indemnização por catástrofes naturais.

 

 

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Web Summit já começou. Siga aqui em direto

Sexta edição presencial em Lisboa da cimeira tecnológica arranca no início da noite desta terça-feira, com a primeira dama da Ucrânia no palco principal.

Arranca nesta terça-feira a sexta edição presencial (sétima, no total) da Web Summit. Há mais de 70 mil participantes registados para acompanharem, na FIL e no Altice Arena, a cimeira tecnológica criada pelo irlandês Paddy Cosgrave.

Durante a cerimónia, o ministro da Economia, António Costa e Silva, anunciou que nos próximos dias serão abertas as candidaturas para o programa de vales digitais e verdes. Com um orçamento de 90 milhões de euros, a medida pretende apoiar 3.000 startups nos próximos quatro anos.

O destaque da noite de abertura é a primeira dama da Ucrânia, Olena Zelenska, cuja presença foi anunciada a poucas horas do início da abertura.

O arranque da cerimónia de abertura estava marcado para as 18h15 mas atrasou-se devido a um incidente com um dos cabos pendurados no teto do Altice Arena, segundo o jornal digital Observador. A cerimónia apenas começou pelas 19h09.

Até sexta-feira, além de mais de 70 mil participantes, estarão presentes 2.630 startups e empresas, 1.120 investidores e 1.040 oradores de um pouco por todo o mundo.

(Notícia atualizada às 20h11 com mais informação)

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Dubai Aerospace processa 11 seguradoras por jatos bloqueados na Rússia

  • ECO Seguros
  • 1 Novembro 2022

A empresa de aluguer de aeronaves Dubai Aerospace Enterprise (DAE) instaurou um processo em Londres contra 11 seguradoras, incluindo Lloyd's of London, AIG, Chubb e Swiss Re.

A empresa de aluguer de aeronaves Dubai Aerospace Enterprise (DAE) instaurou um processo, em Londres, contra 11 seguradoras, incluindo a Lloyd’s of London, AIG, Chubb e Swiss Re, dois meses após ter perdido quase 600 milhões de dólares devido a 19 aeronaves presas na Rússia.

O Tribunal Superior também cita a Fidelis Insurance Ireland, HDI Global Speciality, Abu Dhabi National Insurance Company, Great Lakes Insurance, Global Aerospace Underwriting Managers, Starr Europe Insurance e Axis Speciality Europe.

Um porta-voz da Lloyd’s disse que a seguradora “não tem liberdade para partilhar informações sobre qualquer sinistro, apólice ou tomador de seguro específico”. A Munich Re, ascendente da Great Lakes, a AIG e a Swiss Re recusaram-se a comentar. As outras seguradoras e a DAE não responderam aos pedidos de comentários por parte da Reuters.

Mas os proprietários garantem avançar com um processo contra as seguradoras, alegando que perderam o controlo de mais de 400 aviões alugados no valor de quase 10 mil milhões de dólares. Isto ocorreu depois de o ocidente ter sancionado a Rússia devido à guerra na Ucrânia e Moscovo, o que bloqueou a partida dos jatos.

A queixa foi apresentada em Londres quatro meses depois de a AerCap, a maior empresa de aluguer de aviões do mundo, ter também instaurado um processo contra seguros no valor de 3,5 mil milhões de dólares, pelos seus mais de 100 jatos apreendidos na Rússia.

A DAE, que, em agosto, afirmou ter amortizado 576,5 milhões de dólares pelos seus aviões, afirmou, nas suas declarações de resultados semestrais, que não tinha “nenhuma forma de determinar se estes aviões irão ser devolvidos no futuro”.

“O grupo tem seguro em relação às aeronaves em questão, ao abrigo de várias apólices de seguro, e foram apresentadas reclamações de seguro para recuperar montantes devidos ao abrigo das apólices”, acrescentou.

Os pormenores da reclamação, que foi apresentada na semana passada, ainda não estão disponíveis publicamente.

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Bolsa de Lisboa fecha em alta e destaca-se na Europa ao valorizar 1,92%

  • Lusa
  • 1 Novembro 2022

Das 15 cotadas que integram o índice PSI, 13 valorizaram na primeira sessão do mês. BCP liderou subidas (8,52%) um dia após reportar lucros de 97,2 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.

A bolsa de Lisboa fechou a sessão desta terça-feira com o índice PSI a subir 1,92% para 5.827,92 pontos, liderando nos ganhos registados na maioria das bolsas europeias. Das 15 cotadas que integram o índice PSI, 13 subiram, uma desceu (a Navigator, que recuou 0,10% para 3,85 euros) e uma ficou inalterada (a Corticeira Amorim, 9,78 euros).

O BCP liderou as subidas, com os títulos a valorizarem 8,52% para 0,16 euros. O banco liderado por Miguel Maya apresentou resultados esta segunda-feira, tendo reportados lucros de 97,2 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida de 63% face a igual período do ano passado.

Em alta fechou ainda a Galp, que subiu 3,07%, para 10,59 euros, a Mota-Engil, que avançou 2,47%, para 1,24 euros, a GreenVolt, com ganhos de 2,19%, para 7,95 euros, e a Altri, que subiu 2,04%, para 5,75 euros.

Com valorizações acima de 1% ficaram ainda a EDP Renováveis (1,60%, para 21,65 euros), Jerónimo Martins (1,33%, para 21,26 euros), Sonae SGPS (1,18%, para 0,99 euros) e a NOS (1,01%, para 4,00 euros). Entre as cotadas com ganhos inferiores a 1% estiveram os CTT (3,15 euros), a EDP (4,46 euros), a REN ( 2,63 euros) e a Semapa 12,92 euros).

No resto da Europa, Londres subiu 1,29%, Paris avançou 0,98%, Frankfurt valorizou 0,64% e Madrid fechou a ganhar 0,53%:

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Empresas portuguesas de vestuário e calçado vão dar formação em Angola

Empresários querem reforçar presença em Angola com investimentos na área industrial e usar o país como plataforma comercial para outros países africanos. Governo português defende "pragmatismo".

Os empresários portugueses do vestuário e confeção e também da área do calçado juntaram-se para avançar com um projeto que pretende desenvolver um ecossistema industrial em Angola nestes setores relacionados com a moda, podendo abranger igualmente a plantação de algodão. O “primeiro passo” passa pela criação de um centro de formação em Angola para a indústria têxtil, do vestuário e do calçado.

Em declarações ao ECO a partir de Luanda, para onde viajou na semana passada na companhia de Manuel Carlos, presidente não executivo da associação do calçado (APICCAPS), o líder da indústria do vestuário e confeção (ANIVEC), César Araújo, sublinha que “esta escola de formação vai permitir que estes setores se possam desenvolver de uma forma mais fácil”. “Porque não basta montar uma fábrica, é preciso ter os trabalhadores bem qualificados, sejam costureiras, eletricistas, mecânicos”, refere.

Embora este centro tenha como objetivo formar pessoal para dar corpo à indústria angolana, “não quer dizer que não possamos fazer no futuro um intercâmbio de trabalhadores”, reconheceu o também presidente da Calvelex, que tem três fábricas de confeção no Norte do país, lembrando a falta de mão-de-obra em Portugal e atestando que “a partilha de trabalhadores entre os dois países faz todo o sentido”.

Esta escola de formação vai permitir que estes setores se possam desenvolver de uma forma mais fácil. Porque não basta montar uma fábrica, é preciso ter os trabalhadores bem qualificados, sejam costureiras, eletricistas, mecânicos.

César Araújo

Presidente da ANIVEC (vestuário)

“Este é um trabalho que tem de ser feito com cabeça, tronco e membros. É um trabalho a longo prazo e não para resolver um problema imediato. É uma parceria para o futuro. E como Angola vai ter um desenvolvimento enorme nos próximos anos, faz todo o sentido que Portugal faça parte desse desenvolvimento. Isto não é para deslocalizar a produção”, reclama César Araújo, que nos últimos dias visitou cinco fábricas e reuniu com empresários angolanos e também de origem portuguesa que têm unidades de produção no âmbito destas fileiras.

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César Araújo, CEO da Calvelex e presidente da ANIVECRicardo Castelo/ECO

Além do representante da Nau Verde, que engloba a Calvelex, a Polopiqué, a Riopele e a Paulo de Oliveira, fizeram parte da comitiva outros empresários, como Paulo Coelho Lima (Lameirinho) e Ana Lisa Sousa (Vandoma Ties), que, do ponto de vista comercial, veem também Angola como plataforma para outros mercados africanos. Nos últimos dias reuniram-se com as autoridades angolanas e participaram na segunda edição da Luanda Fashion Week, parceria luso-angolana em que os jovens talentos locais da área do design de moda podem desenvolver as suas coleções.

Governo português apela ao “pragmatismo”

Depois do pico registado em 2014, as exportações para Angola têm vindo a cair ano após ano também nestes dois setores. Em 2021, a indústria portuguesa do têxtil e vestuário vendeu cerca de 21,6 milhões de euros para Angola, enquanto a fileira do calçado enviou para o país africano artigos avaliados em perto de 4,2 milhões de euros. Este ano, como destaca o secretário de Estado da Economia, as importações e as exportações entre os dois países estão a crescer perto de 50% em termos homólogos.

“Podemos beneficiar da experiência que temos na indústria mais ligeira, de que Angola tem muita falta. Não apenas numa perspetiva de abastecimento do mercado interno, mas de, a médio e longo prazo, aproveitar as zonas de comércio livre que em África se estão a afirmar. E poder Angola ser, em algumas atividades, um polo de produção para a exportação para outros países limítrofes”, destaca João Neves. Em Luanda sentiu as autoridades “muito interessadas” na participação portuguesa neste tipo de projetos. E conhecedoras de que, no vestuário e calçado, “Portugal tem empresas muito reconhecidas a nível internacional e, portanto, falar com empresas portuguesas é falar com algumas das melhores empresas a nível global”.

Para termos projetos que sejam rentáveis e que tenham níveis adequados de produtividade, temos de trabalhar a vertente da formação, ao mesmo tempo que a identificação de projetos.

João Neves

Secretário de Estado da Economia

Após se ter reunido com os secretários de Estado da Economia e do Comércio de Angola, o governante reconheceu ao ECO que estes projetos devem ser acompanhados de “processos de formação e de requalificação profissional que sejam adequados para investimentos que empresas angolanas ou portuguesas possam fazer nestes setores”. “É absolutamente crítico que isso seja feito porque a tradição [angolana] na área do vestuário e do calçado é muito limitada. Para termos projetos que sejam rentáveis e que tenham níveis adequados de produtividade, temos de trabalhar a vertente da formação, ao mesmo tempo que a identificação de projetos”.

João Neves, secretário de Estado da Economia

Questionado sobre se a relação diplomática entre os dois países já está normalizada, depois de ter sido perturbada ao longo dos últimos anos por vários casos ligados à justiça, o secretário de Estado da Economia respondeu que “o passado é o passado” e notou “uma mudança que resulta também das últimas eleições em Angola, de afirmação de um trajeto que pretendem fazer”.

“Aquilo que os empresários devem fazer – e têm muita consciência disso – é adaptar-se ao ambiente de negócios. As circunstâncias são o que são e temos de olhá-las, tentando encontrar soluções que permitam materializar os projetos de investimento ou de cooperação económica que tenhamos de fazer. É essa a perspetiva muito pragmática que temos”, concluiu.

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