Galp reduz preços de eletricidade em 11% e mantém fatura do gás natural no 1.º trimestre

  • Lusa
  • 20 Dezembro 2022

Para um consumo médio de uma família tipo com dois filhos, "esta atualização irá traduzir-se numa descida média de 3,5 euros a seis euros” por mês, indica a empresa.

A Galp vai reduzir as faturas da eletricidade em cerca de 11%, em média, a partir do início de 2023, mantendo as faturas do gás natural nos primeiros três meses do ano, adiantou fonte oficial à Lusa.

“No seguimento da nota enviada aos seus clientes no final do mês passado, e uma vez divulgadas as atualizações das tarifas de acesso à rede por parte da ERSE [Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos] na semana passada, a Galp está neste momento em condições de informar que as faturas de eletricidade irão diminuir, em média, cerca de 11% a partir do início do próximo ano”, segundo uma resposta enviada à Lusa pela empresa.

Assim, disse a Galp, “para um consumo médio de uma família tipo com dois filhos, a mais comum na carteira de clientes da Galp, esta atualização irá traduzir-se numa descida média de 3,5 euros a seis euros” por mês. Por fim, destacou a Galp, “as faturas do gás natural permanecerão inalteradas nos primeiros três meses de 2022”.

Segundo dados divulgados pela ERSE na semana passada, “em 2023, as tarifas de acesso às redes observam reduções significativas, passando o seu valor a ser negativo para os consumidores em todos os níveis de tensão”.

Assim, “face ao nível de preços observado em 2022 no mercado, esta redução da tarifa de acesso às redes contribui para uma diminuição de cerca de 30% na fatura final dos consumidores industriais e de cerca de 55%, na fatura final dos consumidores domésticos, aliviando assim a pressão dos incrementos no mercado grossista nos preços finais pagos pelos clientes, tanto no mercado regulado como no mercado liberalizado”.

Ainda assim, o preço da eletricidade em mercado regulado aumenta 1,6% em janeiro de 2023, em relação a dezembro, sendo que a subida ascenderá a 3,3% face à média deste ano, valores superiores aos propostos em outubro, anunciou a ERSE.

No mesmo comunicado, a ERSE explicou que “este acréscimo tarifário, superior ao anunciado em outubro, deve-se a um menor sobreganho com a produção em regime especial (PRE), a devolver aos consumidores, do que o inicialmente previsto”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo deve acionar Fundo de Emergência Municipal por causa do mau tempo, defende PSD

Grupo Parlamentar do PSD exige ao Governo que acione o Fundo de Emergência Municipal e garanta apoios para reparação dos danos causados aos municípios e comunidades intermunicipais pelo mau tempo.

Os deputados do Grupo Parlamentar do PSD exigem ao Governo que “acione o Fundo de Emergência Municipal e garanta os apoios necessários à reparação dos danos causados aos municípios e comunidades intermunicipais pelas situações de cheias ocorridas no mês de dezembro de 2022″.

“Para o Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata é urgente que o Governo agilize os procedimentos para apuramento de danos e prejuízos e preste rapidamente apoio financeiro às autarquias afetadas, nomeadamente através do Fundo de Emergência Municipal, que deverá ser reforçado com os meios necessários e suficientes para este efeito”, lê-se numa nota enviada às redações pelos social-democratas.

O PSD lamenta que o PS tenha chumbado, em quadro da discussão do Orçamento de Estado, “uma proposta do Partido Social Democrata para reforçar o Fundo de Emergência Municipal”. Segundo os social-democratas, esta “proposta tinha como objetivo permitir a execução de compromissos do Governo assumidos na sequência de anteriores situações provocadas por fenómenos climáticos adversos e que se encontram de forma injustificada em total incumprimento”.

Os social-democratas descrevem como “muito preocupante” a situação que o país está a viver devido ao mau tempo e, como tal, propõem à Assembleia da República (AR) que recomende ao Governo a urgente utilização do Fundo de Emergência Municipal “para ressarcir os municípios e as comunidades intermunicipais pelos prejuízos que sofreram” e que as verbas sejam “atempadamente executadas”.

Os social-democratas exigem ainda que o Governo informe a AR sobre as iniciativas a implementar, os mecanismos (nacionais e europeus) que pretende acionar, e os montantes que vai disponibilizar.

O grupo parlamentar também quer que o Governo elabore, em parceria com os municípios e num prazo de 60 dias, um relatório sobre as repercussões e o impacto dos fenómenos climáticos em cada território. Do documento deverá constar, segundo o PSD, a descrição das principais causas assim a “indicação das medidas e concretizações necessárias por forma a minimizar e prevenir a ocorrência de situações análogas no futuro“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Processo EDP dividido. Mexia e Manso Neto ‘separados’ da acusação de Pinho e Salgado

A parte que respeita aos arguidos António Mexia, ex-líder da EDP e a João Manso Neto, chama-se agora de processo EDP/CMEC. Advogados foram notificados cinco dias depois da acusação de Pinho e Salgado

O processo — originalmente chamado de processo EDP — foi dividido em dois. A decisão data de 5 de dezembro mas os advogados de defesa de António Mexia e João Manso Neto só esta terça-feira foram notificados. Assim, a parte que respeita aos arguidos António Mexia, ex-líder da EDP e a João Manso Neto, chama-se agora de processo EDP/CMEC. Nele, vai ainda estar Manuel Pinho mas pelas decisões que tomou enquanto governante e que terão beneficiado a EDP, no caso relativo a novos 32 CMEC.

Já o ‘segundo’ processo refere-se à acusação deduzida na passada quinta-feira, contra Manuel Pinho, Ricardo Salgado e Alexandra Pinho. Em causa estão crimes de corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento de capitais. A acusação conta com 574 páginas e revela que Salgado e Pinho foram acusados de dois crimes de corrupção: ativa no caso de Salgado e passiva no caso de Pinho e de branqueamento de capitais. Aos crimes de Pinho junta-se ainda o crime de fraude fiscal. A ideia é a de evitar que, daqui, nasça mais um processo gigante.

Acusação que sublinha que, desde 1994, Manuel Pinho, ex-ministro de Economia do Governo socialista de Sócrates, recebeu do “saco azul” do GES o montante mensal de cerca de 15 mil euros – e meio milhão de euros de uma só vez em maio de 2005, o qual não foi por si declarado até julho de 2012. Ou seja, durante 18 anos. E sublinham que este funcionava não só como um “mero informador mas, sobretudo, um verdadeiro agente infiltrado do BES/GES no Governo da República”.

“É uma profunda falta de respeito pelos direitos processuais dos arguidos e dos seus advogados, que se veem na contingência de ter mendigar junto de jornalistas conhecidos que lhe enviem as peças processuais dos processos onde têm procuração. É que isto diz muito justiça de espetáculo que vivemos”,segundo declarações do advogado João Medeiros, ao jornal Observador. O sócio da VdA representa o antigo presidente da EDP, António Mexia, e o antigo administrador João Manso Neto e esperava ter recebido a notificação da separação destes processos na quinta-feira, dia da acusação. Mas tal não aconteceu.

António Mexia foi constituído arguido a 2 de junho de 2017, na sequência de buscas à EDP. Tal como João Manso Neto, antigo administrador da elétrica, é suspeito de quatros crimes de corrupção ativa e de alegados subornos ao antigo ministro Manuel Pinho (Governo Sócrates), ao ex-diretor-geral da Energia Miguel Barreto e a João Conceição, antigo consultor de Pinho no Ministério da Economia e atual administrador da REN.

Quer a Mexia quer a Manso Neto, o MP imputa ainda o crime de participação económica devido ao negócio relacionado com alegadas irregularidades na adjudicação da construção da barragem do Baixo Sabor ao consórcio Grupo Lena/Odebrecht.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Despedimentos, receitas em queda e muitas sondagens. Menos de dois meses depois, Twitter diz a Musk que é tempo de sair

  • Mariana Marques Tiago
  • 20 Dezembro 2022

Elon Musk comanda o Twitter desde outubro. Agora, por sua iniciativa, pôs o lugar à disposição numa sondagem. E milhões de utilizadores votaram pela saída. Recorde os dois meses de caos na liderança.

“Devo abandonar a liderança do Twitter?”, perguntou Elon Musk, esta segunda-feira, na rede social que comprou por cerca de 44 mil milhões de dólares (41 mil milhões de euros). Antes até do encerramento da votação, o resultado já era claro: “Sim.” Mas porque é os utilizadores do Twitter decidiram votar para tirar Musk, que tem mais de 122 milhões de seguidores, dos comandos da plataforma?

Musk, um “agitador” que quer “estar na ribalta”

O envolvimento de Elon Musk no Twitter foi atribulado desde o início. Em abril, soube-se que o sul-africano comprou uma posição de 9,2% na empresa. Dias depois, o magnata confirmava a intenção de partir para a compra da totalidade da rede social.

Musk só oficializaria a compra sete meses depois, em outubro, após avanços e recuos no processo. Pelo meio, os receios de muitos investidores quase se tornaram reais: o detentor da Tesla chegou a anunciar que, afinal, ia desistir do negócio, acusando o Twitter de não cumprir com as suas obrigações contratuais, já que tinha impedido o acesso a dados e informações pedidas (nomeadamente, a quantidade de bots – contas automáticas – a vaguear pela rede social).

O Twitter acabaria por avançar contra Musk na Justiça, com o objetivo de o forçar a cumprir o acordo inicialmente estipulado. Para o empresário, a saída foi a de prosseguir com a compra da rede social. Em troca, exigiu que o Twitter deixasse cair o processo e aceitasse a sua proposta inicial: 44 mil milhões de dólares. Afinal, só quer “tentar ajudar a humanidade”, escreveu no Twitter.

João Miguel Lopes caracteriza Musk como um “agitador” que procura “posicionar-se [no mercado] e estar na ribalta”. O professor de marketing do ISCA (Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro), defende que a prova disso foi a forma como negociou a compra da empresa: “Basta ver a estratégia usada: fazer uma oferta e depois desvalorizar a plataforma para, de alguma forma, voltar atrás com essa oferta, quase procurando uma descapitalização da imagem de marca que o Twitter tem.” E acrescenta: “Na minha opinião, esta não é a estratégia mais correta”.

Investidores retraem-se e receitas encolhem

Antes de Musk assumir a liderança do Twitter, as receitas da empresa já estavam a estagnar. Segundo o The Wall Street Journal, desde 2019 que a rede social não tem lucros anuais, sendo que o principal negócio tem sido a publicidade (que correspondeu a 90% dos lucros). Em 2021, a receita com origem nos anunciantes foi de cerca de 4,51 mil milhões de dólares, mas, este ano, desde a compra, já se registou uma quebra de 15% só nas receitas europeias.

O próprio empresário admitiu uma “uma queda massiva na receita” com anunciantes no início de novembro (cerca de um mês após a sua aquisição) e garantiu que o Twitter estava a perder quatro milhões de dólares diariamente. Para o sul-africano, a quebra no investimento deveu-se a “grupos de ativistas que pressionam os anunciantes, mesmo que nada tenha mudado no que toca à política de moderação de conteúdos” na plataforma.

Essa política de moderação de conteúdos já era um tema frequente no discurso de Elon Musk ainda antes de este completar a aquisição do Twitter. Na véspera da concretização do negócio, escrevia aos anunciantes que a plataforma não se iria tornar num espaço onde “qualquer coisa pode ser dita sem qualquer consequência”.

Além disso, anunciou também que, na rede, iria existir “liberdade de expressão”, anunciando que “o pássaro está livre” no dia da formalização da compra. Mais tarde, porém, alertou que “liberdade de expressão não é liberdade de alcance”, pelo que tweets ofensivos e de ódio seriam desmonetizados, mas não proibidos. Musk terminou também com a moderação de desinformação relacionada com a Covid-19 e as vacinas.

Agora, “os anunciantes vão ter de tomar uma decisão: investir ou não nesta rede”, diz João Miguel Lopes. O professor de marketing continua: “Atualmente já estamos a ver, como consequência das decisões de Musk, muitos utilizadores a sair e a migrar para outras plataformas. Neste momento, sinto que há uma retração por parte dos investidores, porque há uma incógnita”.

As principais preocupações são: desconfiança face ao rumo da rede social, preocupação relativamente ao número de utilizadores que restará (que irá impactar os rácios de campanhas publicitárias) e a qualidade desses utilizadores, completa.

Neste momento, sinto que há uma retração por parte dos investidores porque há uma incógnita.

João Miguel Lopes

Professor de marketing do ISCA - Universidade de Aveiro

Em Portugal não existem dados “sobre o nível de investimento que as marcas portuguesas estão a fazer no Twitter”, esclarece a Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN). Mas João Miguel Lopes estima que serão cerca de 1,4 milhões de utilizadores. Já no que toca ao alcance da publicidade, há apenas 16,2% de penetração, “um número muito reduzido”.

Cortes na despesa para pagar empréstimos de Musk

A compra da rede social (no valor de 44 mil milhões de dólares) foi possível porque Musk vendeu ações da sua própria empresa, a Tesla, e obteve empréstimos de bancos como Bank of America, Morgan Stanley, BNP Paribas, Société Générale e até da Autoridade de Investimento do Qatar, segundo a Al Jazeera. Agora, os empréstimos serão pagos pelo Twitter e não pelo próprio Elon Musk, o que, conjuntamente com a queda de receitas da empresa, leva à necessidade urgente de gerar lucros e cortar nas despesas.

Por isso mesmo, recentemente, o empresário tentou recuperar o interesse e investimento publicitário por parte da Apple e Amazon através da oferta de incentivos, avançou a Reuters. Mas não ficou por aqui. Também relançou o Twitter Blue com novas funcionalidades, entre as quais o direito a ter o selo de verificação azul. A primeira vez que a empresa tentou esta abordagem, o resultado não foi o melhor: vários utilizadores fizeram-se passar por outras pessoas. Assim, surgiram outros dois subtipos de selo: dourado (para negócios) e cinzento (para membros do governo).

Num segundo nível, não conseguindo atingir o seu objetivo, Elon Musk “fez aquilo que um gestor geralmente faz”, diz João Miguel Lopes: dispensou trabalhadores. Em novembro, cerca de 3.700 funcionários souberam por email que tinham sido despedidos. Uma semana depois, o empresário voltou atrás e chamou alguns deles de volta, entre acusações de despedimento abusivo, com alguns a argumentarem que não receberam o pré-aviso de 60 dias exigido por lei.

Além de anunciar o encerramento temporário dos escritórios, Musk tomou ainda decisões como: mudar a equipa jurídica do Twitter, despedir os responsáveis de alguns departamentos, não pagar a renda da sede da empresa nem dos escritórios espalhados pelo mundo e recusar pagar uma fatura de quase 200 mil dólares por voos privados feitos pelo próprio aquando da aquisição da empresa. O The New York Times acrescenta ainda que despediu a equipa da cozinha e listou todo o equipamento e eletrodomésticos (assim como algum material de escritório), para o leiloar.

Sondagens ditam o futuro da rede social

Desde que assumiu a liderança do Twitter, o empresário – que já perdeu o estatuto de homem mais rico do mundo – começou a recorrer a sondagens para tomar decisões relacionadas com o funcionamento da rede.

Uma das primeiras – que captou a atenção de vários utilizadores – dizia respeito à reativação da conta de Donald Trump (banido após a invasão do Capitólio, nos EUA, uma decisão “altamente idiota”, na ótica de Musk). Em 24 horas, mais de 15 milhões de utilizadores se manifestaram: 51,8% votou a favor do regresso do político norte-americano. Mas, desde que foi readmitido, Trump não fez qualquer publicação, utilizando apenas a sua própria rede social, Truth Social.

O mesmo aconteceu com vários jornalistas, após escreverem sobre o empresário e as decisões tomadas até ao momento e por, alegadamente, terem divulgado informação sobre a sua localização. Musk lançou uma sondagem a propósito da reativação das contas, mas antes foi confrontado pelas Nações Unidas e pela União Europeia, que o ameaçaram com sanções.

Esta terça-feira, a Reuters adiantou que a resposta a sondagens poderá tornar-se uma funcionalidade exclusiva dos subscritores. Isto porque, após um utilizador fazer essa sugestão, Musk concordou, dizendo que “o Twitter fará essa alteração”.

Até ao momento, Elon Musk respeitou o resultado de todas as sondagens, o que significa que, brevemente, o Twitter poderá vir a perder o seu atual líder. Assim, o objetivo do empresário pode estar em risco, nomeadamente “fazer com que a plataforma tenha uma espécie de ecossistema, onde seja possível a partilha de mensagens ou até fazer pagamentos”, esclarece João Miguel Lopes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

General neerlandês nomeado novo chefe da agência europeia Frontex

  • Lusa
  • 20 Dezembro 2022

Hans Leijtens sucede à atual chefe interina da Frontex, a lituana Aija Kalnaja, que ocupou o cargo desde julho de 2022. O português Eduardo Cabrita concorreu ao cargo.

O comandante da polícia militarizada real neerlandesa Hans Leijtens foi esta terça-feira nomeado diretor-executivo da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira, conhecida como Frontex, anunciou o conselho de administração da instituição.

Nomeado pelo conselho de administração, de que foi membro em 2011-2015 e 2019-2022, Hans Leijtens sucede à atual chefe interina da Frontex, a lituana Aija Kalnaja, que ocupou o cargo desde julho de 2022 na sequência da demissão do francês Fabrice Leggeri, acusado de tolerar a expulsão ilegal de migrantes.

Na passada sexta-feira, o Organismo Europeu Antifraude (OLAF) confirmou que abriu uma investigação contra a Frontex, sem no entanto fornecer mais pormenores. Segundo os ‘media’ Mediapart, Der Spiegel e o coletivo Lighthouse Reports, a investigação diz respeito a Kalnaja.

Numa declaração enviada à agência noticiosa France-Presse (AFP), Kalnaja disse ter sido informada pelo OLAF de que ela é uma “pessoa envolvida num caso que envolve dois eventos distintos”, sem avançar quaisquer outros pormenores. “Estou disponível para cooperar total, aberta e incondicionalmente com o OLAF para esclarecer os factos”, acrescentou.

A nomeação do general Leijtens foi saudada pela comissária europeia para os Assuntos Internos (que gere as questões migratórias), Ylva Johansson, que agradeceu a Kalnaja “a excelente liderança [na Frontex] durante um período difícil”.

“Estamos empenhados em continuar a melhorar a liderança e a governação da Frontex, a fim de melhor proteger as fronteiras externas da UE [União Europeia] “, acrescentou Johansson. O tenente-general Hans Leijtens, que comanda o Royal Netherlands Marechaussee desde 2019, irá liderar a instituição durante cinco anos, segundo o comunicado da Frontex, com sede em Varsóvia.

Segundo o texto do comunicado, Hans Leijtens é doutorado em administração pública e tem mais de 30 anos de experiência na área de aplicação da lei. O ex-ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita foi um dos candidatos ao cargo de diretor-executivo da Frontex, mas em novembro foi divulgado que o seu nome não constava na lista de finalistas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Organização Mundial do Turismo elege Aldeia Histórica de Castelo Novo como uma das melhores do mundo

A aldeia histórica de Castelo Novo, no Fundão, foi distinguida como uma das 33 “Melhores Aldeias Turísticas” do mundo pela Organização Mundial do Turismo.

Portugal já tem duas aldeias históricas a figurar entre as melhores aldeias turísticas de todo o mundo com Castelo Novo a arrecadar, este ano, a distinção, juntando-se assim a Castelo Rodrigo que venceu em 2021. A distinção surge pelas mãos da Organização Mundial de Turismo, no âmbito da segunda edição da iniciativa “Best Tourism Villages by UNWTO” como impulso para a economia local e regional.

Situada em plena serra da Gardunha, a aldeia histórica de Castelo Novo foi distinguida como uma das “Melhores Aldeias Turísticas” entre 130 candidatas de 57 países. O anúncio oficial ocorreu esta terça-feira, estando agendada a cerimónia oficial da entrega da distinção para os dias 27 e 28 de fevereiro de 2023, na Arábia Saudita.

Este reconhecimento surge na sequência de candidaturas desenvolvidas pela entidade Aldeias Históricas de Portugal – Associação de Desenvolvimento Turístico.

“A segunda edição da iniciativa Best Tourism Villages by UNWTO distinguiu aldeias, por todo o mundo, genuinamente comprometidas com a promoção e a preservação do seu legado cultural e histórico, e promotoras de turismo sustentável”, lê-se no comunicado das Aldeias Históricas de Portugal enviado às redações.

Projetos como “Mobilidade Urbana Sustentável” – desenvolvido em parceria com a Renault Portugal –, a implementação da rede de fibra ótica com a Altice e uma série de medidas no campo da acessibilidade foram decisivos para a atribuição da distinção “Melhores Aldeias Turísticas” a Castelo Novo.

“Esta é mais uma distinção que confirma o mérito do trabalho desenvolvido pela Aldeias Históricas de Portugal – Associação de Desenvolvimento Turístico e pelos diversos agentes no território“, afirma o presidente das Aldeias Históricas de Portugal, Carlos Ascensão.

“Apesar das inúmeras candidaturas a nível mundial, a Organização Mundial de Turismo reconhece as boas práticas de sustentabilidade que têm sido implementadas na Aldeia Histórica de Castelo Novo e em toda a rede”, sustenta Carlos Ascensão.

Para o responsável, trata-se de “afirmar a estratégia da associação em tornar este território genuinamente sustentável e inovador, assente no conceito de crescimento verde, inclusivo e inteligente, com capacidade para potenciar o desenvolvimento local integrado, diferenciando-se no âmbito dos territórios de baixa densidade”.

O presidente da Câmara Municipal do Fundão, Paulo Fernandes, considera, por seu lado, que “esta excelente notícia representa o reconhecimento de muitos anos de valorização dos recursos fundadores da rede Aldeias Históricas de Portugal, uma das mais relevantes da região e do país”.

Entre os trunfos desta aldeia estão, destaca Paulo Fernandes, “o património arquitetónico e natural da Serra da Gardunha a par do seu património cultural ligado à agricultura, cruzado com o turismo de experiências, a mobilidade e a acessibilidade”.

Para o autarca, este reconhecimento serve de trampolim para impulsionar ainda mais a economia local, atraindo turistas e “uma nova geração de investimento privado na Aldeia Histórica de Castelo Novo”.

Entre as 12 aldeias de históricas da associação constam Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fosso entre Roménia e Portugal “está a diminuir”. Euro não é o culpado

Reformas nos mercados e investimento estrangeiro impulsionam crescimento da Roménia. Poder de compra no país aproxima-se do português.

2.768 quilómetros separam Portugal da Roménia, mas há muito mais que diferencia os países, desde a moeda, passando pelas políticas até às condições de vida. Por outro lado, os dois Estados-membros começam a aproximar-se num indicador que tem dado muito que falar: o PIB per capita, que tem crescido na Roménia e deverá mesmo ultrapassar Portugal nos próximos anos. O fosso entre os dois tem vindo a diminuir, sendo que a Roménia tem beneficiado de reformas e investimento direto estrangeiro, segundo aponta um economista do think thank Bruegel ao ECO. Mas a culpa não é do euro.

A notícia de que a Roménia iria crescer mais do que Portugal em 2024, segundo cálculos do Expresso com base nas projeções da Comissão Europeia, foi utilizada pela oposição para chamar à atenção do Governo para a posição do país na Europa, nomeadamente no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2023. O Governo desvalorizou as críticas, preferindo destacar o crescimento do país desde que assumiu o leme.

No entanto, a verdade é que a Roménia estava na cauda da Europa e vai agora chegar ao nível de Portugal. Há cerca de 20 anos, o PIB per capita de Portugal correspondia a 80% da média europeia (número que deverá ser de 78,8% em 2024) enquanto nos países do Centro e Leste Europeu se fixava pouco acima dos 50% (em 2024 a Roménia deverá chegar aos 79%).

Zsolt Darvas, membro sénior do think tank Bruegel e também na Corvinus University de Budapeste, alerta que nem todas as projeções mostram isso, sendo que a última previsão do FMI prevê que Portugal tenha um PIB per capita superior ao da Roménia pelo menos até 2027. “No entanto, o fosso entre Portugal e a Roménia diminuiu desde o início dos anos 2000 e espera-se que diminua nos próximos anos”, admite.

Mas o que é que tem impulsionado o crescimento da Roménia? O economista aponta que o país “passou por uma transição económica dolorosa na década de 1990 e foi um dos últimos países da Europa Central que conseguiu estabilizar a economia e transformá-la numa economia de mercado”. “Mas desde o início dos anos 2000, a Roménia tornou-se uma economia convergente, impulsionada por reformas voltadas para o mercado e beneficiou do investimento estrangeiro direto e da atualização tecnológica“, sinaliza.

“As várias reformas estruturais implementadas ajudaram o processo de crescimento, assim como os fundos da UE“, acrescenta. Já a “falta de grandes desenvolvimentos insustentáveis ​​(como aumentos muito rápidos dos preços das casas, dívida pública alta e dívida externa elevada, como em muitos países do sul da Europa) contribuiu para a estabilidade macroeconómica, que ajudou o crescimento”, indica, existindo aqui mais um ponto de divergência com as economias do sul.

É ainda de destacar outro indicador que poderá influenciar o PIB per capita: “A população da Roménia está a diminuir mais rapidamente do que em Portugal“. “Portugal tinha praticamente o mesmo número de pessoas em 2021 e em 2000 (10,3 milhões), enquanto a população da Roménia diminuiu 14%, de 22,4 milhões em 2000 para 19,2 milhões em 2021”, indica Zsolt Darvas, explicando que “parte deste declínio foi a emigração para outros países da UE”.

Este fator é destacado pelo primeiro-ministro António Costa, quando questionado sobre esta comparação numa entrevista à Visão na semana passada. “Queremos comparar-nos com o PIB per capita de um país que perdeu 15% da sua população desde o princípio do século? Devemos mesmo comparar-nos com um país que tem menos oito anos de esperança de vida e mais do dobro da taxa de mortalidade infantil? Esse país é um exemplo para nós?”, questionou.

Costa defendeu que “devemos comparar-nos com os mais desenvolvidos”, apesar de admitir que “temos de fazer um esforço para andar mais depressa”. Salientou ainda que Portugal tem “algumas vantagens competitivas, como a da segurança e da transição energética”, tendo também vencido “outro obstáculo em que comparava mal com esses países de Leste: o das qualificações”.

Claro que todos preferimos comparar-nos com países mais desenvolvidos. O problema é que em relação a esses não fazemos boa figura e, em breve, nem sequer o faremos relativamente à Roménia, Polónia e Hungria, os três candidatos a ultrapassarem-nos em breve

João César das Neves

Economista

O economista João César das Neves aponta ao ECO que esta resposta é “eminentemente política”. “Claro que todos preferimos comparar-nos com países mais desenvolvidos. O problema é que em relação a esses não fazemos boa figura e, em breve, nem sequer o faremos relativamente à Roménia, Polónia e Hungria, os três candidatos a ultrapassarem-nos em breve”, atira. “Somos neste momento 19º nos 27 e arriscamo-nos a cair para 22º”, acrescenta.

De facto, olhando para os dados mais recentes do INE, vê-se que a Despesa de Consumo Individual per capita em Portugal, que “constitui um indicador mais apropriado para refletir o bem-estar das famílias”, se fixou em 83,6% da média da UE, inferior ao observado ano anterior (83,9%). Neste indicador, o país fica na 14.ª posição na Zona Euro e a 19.ª na UE. Já o PIB per capita de Portugal, expresso em Paridades de Poder de Compra, também recuou face à média europeia em 2021: foi 75,1% da média comunitária, uma queda face a 2020, quando tinha atingido os 76,2%.

Quanto à evolução mais lenta de Portugal, César das Neves aponta que o país “está descapitalizado, com baixa poupança e investimento, dívida elevada e um sistema bancário combalido”. “Pior, os temas do desenvolvimento, produtividade e competitividade quase desapareceu dos nossos debates políticos, que andam ocupados com outras questões”, critica o economista.

Já Fernando Alexandre alerta, num artigo de opinião no Observador, que “a queda de Portugal no ranking do PIB per capita da UE é muito preocupante”, já que “é uma condição necessária para erradicar o flagelo da pobreza infantil e na população mais idosa”. “Por outro lado, o afastamento do pelotão da frente prende-nos num círculo vicioso: os mais qualificados procurarão as melhores oportunidades de carreira noutros países, acentuando o empobrecimento do país e o enfraquecendo o seu potencial de crescimento”, acrescenta.

Enquanto no grupo de países mais pobres, a maioria do Centro e Leste Europeu, se registaram melhorias extraordinárias na posição em termos de PIB per capita, “sobressaem pela negativa os países do Sul da Europa”, nota ainda o economista. Fernando Alexandre conclui assim que “desde a decisão de adesão ao euro, em 1993, Portugal cometeu muitos erros, não tendo adaptado a sua política económica ao novo contexto”, mas os dados dos últimos 20 anos mostram também que “os países do Centro e do Leste Europeu foram os grandes ganhadores da integração europeia e que os países do Sul da Europa foram os grandes perdedores”.

Moeda própria não explica crescimento da Roménia

Outra diferença entre os dois países é então a integração na União Europeia e na Zona Euro. Portugal entrou na União Europeia em 1986 e adotou o euro em 2002, enquanto a Roménia se tornou um Estado-membro em 2007 e ainda tem a sua própria moeda, o leu romeno, estando no processo de adesão ao euro.

Por um lado, isto quer dizer que o país tem autonomia para usar políticas diferentes para fazer face aos desafios. O banco central aumentou a taxa de juros desde o final do ano passado de 1,5% para 6,75% em novembro, sendo que os cortes nas taxas de juros devem começar no final de 2024, como indica a OCDE.

A adesão à Zona Euro (ou o uso de uma taxa de câmbio fixa) não tem sido um fator determinante do sucesso económico na Europa central

Zsolt Darvas

Economista

Mesmo assim, o economista do Bruegel ressalva que “uma moeda autónoma não contribui por si só para o crescimento económico de longo prazo“. A partir de uma análise do possível impacto da adoção do euro nos países da Europa Central, em que comparou com os membros do sul do euro, incluindo Portugal, Zsolt concluiu que “houve desempenhos macroeconómicos bons e maus tanto em países com regime de câmbio flexível quanto em regime de câmbio fixo”.

A adesão à Zona Euro (ou o uso de uma taxa de câmbio fixa) não tem sido um fator determinante do sucesso económico na Europa central“, reitera, sendo que “boas políticas estruturais e política fiscal responsável são os fatores importantes para o desenvolvimento económico, não o regime cambial”.

O economista César das Neves também nota que por vezes a moeda própria é utilizada como explicação, mas não “conseguem justificar como uma questão monetária afete drasticamente a evolução produtiva”. “A possibilidade de desvalorizar (que significa aldrabar os trabalhadores e consumidores para facilitar a vida aos exportadores) pode justificar algumas diferenças no curto prazo, mas não uma trajetória que é de quase estagnação por cá há mais de 20 anos”, reitera.

Guerra ainda vai impactar economia em 2023

E o que dizem as instituições internacionais? Segundo as últimas previsões da Comissão Europeia, o crescimento económico da Roménia vai abrandar de 6,5% em 2022 para 1,4% em 2023, refletindo o consumo doméstico e a procura externa mais fracos. Já para Portugal, Bruxelas estima um crescimento de 6,6% em 2022, mas abrandamento severo para 0,7% em 2023.

Previsões da OCDE para a RoméniaOCDE

Já o FMI sinaliza, no Artigo IV, que a “economia da Roménia recuperou bem da pandemia de Covid-19, mas o impacto da guerra começa a ser sentido”. “O PIB atingiu níveis pré-crise no primeiro semestre de 2021 e recuperou fortemente no primeiro trimestre de 2022 (6,4% homólogo) da vaga de Covid no outono de 2021, devido a fortes procura interna e procura externa por exportações de serviços”, indicavam, em setembro.

Mesmo assim, “os vínculos comerciais e financeiros diretos da Roménia com a Rússia e a Ucrânia são pequenos“, pelo que o impacto deverá ser limitado.

As instituições avançam com recomendações, nomeadamente no campo fiscal. “A médio prazo, o alargamento da base tributária, nomeadamente através da eliminação dos regimes fiscais especiais e das isenções, melhoraria a sustentabilidade das finanças públicas e tornaria o sistema fiscal mais equitativo”, recomenda a OCDE.

Já os analistas do FMI, no relatório do Artigo IV, “encorajaram as autoridades a considerar uma reforma mais ambiciosa do IRS e melhorias na eficiência do IVA”.

De forma mais geral, a OCDE aponta que “melhorar os padrões de vida e reduzir as disparidades, inclusive entre regiões, requer melhorias na cobertura e adequação da assistência social, mais esforços para combater a corrupção e mais investimentos em infraestrutura”.

Olhando para os pontos fortes, segundo a Comissão Europeia, os setores mais importantes da economia da Roménia em 2020 foram a indústria (21,7%), comércio grossista e retalho, transporte, alojamento e serviços de alimentação (19,7%) e atividades de administração pública, defesa, educação, saúde humana e assistência social (16,5%).

Contribuição para o crescimento do PIB da RoméniaFMI

Por Portugal, os setores mais importantes da economia foram o comércio grossista e retalhista e os serviços de transportes, alojamento e restauração (20,8%), a administração pública, a defesa, a educação, a saúde e os serviços sociais (20,7%) e a indústria (17,4%).

Fazendo uma comparação entre os dois países, alguns indicadores demonstram como a qualidade de vida é pior na Roménia, nomeadamente por ter uma maior percentagem de população em risco de pobreza (34,4% vs 22,4%), mais abandono escolar (15,3% vs 5,9%) e preços da eletricidade mais altos. Por outro lado, a dívida pública romena é menor (48,9% vs 125,5% em 2021, utilizando o período comparável), bem como a taxa de desemprego (5,6% vs 6,6%) e a dependência de importações de energia (28,2% vs 65,3%).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caso EDP. Juízes negam abuso de poder na manutenção da prisão domiciliária de Pinho

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) recusou qualquer abuso de poder ou ultrapassagem de prazos na prisão domiciliária de Manuel Pinho, segundo a decisão tomada sobre o “habeas corpus”.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) recusou qualquer abuso de poder ou ultrapassagem de prazos na prisão domiciliária de Manuel Pinho, segundo a decisão tomada esta terça-feira relativa ao “habeas corpus” para a libertação imediata do ex-ministro da Economia. Decisão que implica que Manuel Pinho vai manter-se em prisão domiciliária, com recurso a pulseira eletrónica.

Segundo os juízes conselheiros escreveram, na decisão a que o ECO/Advocatus teve acesso, o prazo máximo para a medida de coação “conta-se desde a data do seu início – e não desde a data da detenção”, salientando que a lei distinguiu a prisão preventiva e a obrigação de permanência na habitação com vigilância eletrónica da detenção.

Ricardo Sá Fernandes, advogado de defesa de Pinho, tinha defendido assim que o ex-governante foi detido no dia 14 de dezembro de 2021, pelo que a sua privação de liberdade começou logo a contar nesse dia e não apenas no dia seguinte, quando foi proferido o despacho das medidas de coação que estipulou a prisão domiciliária.

“Inexistindo um quadro de abuso de poder, (…) e sendo manifestamente infundada a petição, mais não resta que indeferi-la”, pode ler-se no acórdão, que reforça: “O período de detenção, validado pelo JIC [juiz de instrução criminal], não conta para o prazo máximo de duração da prisão preventiva e, assim, para o prazo máximo de duração da medida coativa de obrigação de permanência da habitação, sem que tenha sido deduzida acusação”, escrevem os juízes conselheiros.

Os juízes conselheiros defenderam ainda que não há “qualquer violação do direito à liberdade” -conforme está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Convenção Europeia dos Direitos Humanos e na Constituição.

“Da interpretação que fizemos destas normas, conclui-se que a medida coativa de OPHVE aplicada ao ora peticionante/arguido ter-se-ia extinguido se até às 24 horas, do dia 15 de dezembro de 2022, não tivesse sido deduzida acusação”, indicaram, continuando: “Estando provado que, em 15 de dezembro de 2022, o Ministério Público deduziu acusação contra o arguido (…), o prazo extintivo da OPHVE (…) não ocorreu”, explicaram os magistrados.

Na quinta-feira, Manuel Pinho e Ricardo Salgado foram acusados pelo Ministério Público no âmbito do processo EDP. Pinho foi acusado de um crime de corrupção passiva para ato ilícito, outro de corrupção passiva, um crime de branqueamento de capitais e um crime de fraude fiscal. Já Ricardo Salgado foi acusado em concurso efetivo e autoria material de um crime de corrupção ativa para ato ilícito, um crime de corrupção ativa e outro de branqueamento de capitais.

A mulher do ex-ministro, Alexandra Pinho, foi também acusada em concurso efetivo e coautoria material com Manuel Pinho de um crime de branqueamento de capitais e outro de fraude fiscal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

MAI anuncia que reestruturação do SEF vai concretizar-se até março de 2023

  • Lusa
  • 20 Dezembro 2022

“As forças de segurança estão a partir de agora habilitadas a poderem cooperar em termos policiais para garantirem a segurança e a gestão integrada de fronteiras", disse o ministro.

O ministro da Administração Interna anunciou esta terça-feira que a reestruturação do SEF vai concretizar-se durante o primeiro trimestre do próximo ano e rejeitou que se trata da extinção de um serviço de segurança.

“Falamos de reestruturação, mesmo do ponto de vista legal deve falar-se de reestruturação do SEF, porque as competências e pessoas que têm essas competências vão continuar a trabalhar no sistema de segurança interna. O que está previsto é que no primeiro trimestre de 2023 tenhamos as condições para que esta transição ocorra”, disse aos jornalistas José Luís Carneiro.

O ministro falava após a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de Segurança Pública, o Serviço Estrangeiros e Fronteiras e a Polícia Judiciária terem assinado quatro protocolos que estabelecem o modelo de cooperação entre as forças e serviços de segurança no âmbito da reestruturação do sistema português de controlo de fronteiras.

A assinatura destes protocolos marca o início do transferência de competências policiais para a GNR, PSP e PJ no âmbito da reestruturação do SEF. “As forças de segurança estão a partir de agora habilitadas a poderem cooperar em termos policiais para garantirem a segurança e a gestão integrada de fronteiras, tendo em vista criar uma cultura comum de trabalho, como aconteceu durante o verão entre a PSP e o SEF”, precisou José Luís Carneiro.

No âmbito da reestruturação do SEF, que foi adiada até à criação da Agência Portuguesa para as Migrações e Asilo (APMA), as competências policiais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras vão passar para a PSP, GNR e PJ, enquanto as atuais atribuições em matéria administrativa relativamente a cidadãos estrangeiros passam a ser exercidas pela APMA e pelo Instituto dos Registos e do Notariado.

A reestruturação do SEF foi decidida pelo anterior Governo e aprovada na Assembleia da República em novembro de 2021, tendo já sido adiada por duas vezes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Associação Nacional de Farmácias defende atualização de preços para evitar falhas de medicamentos

  • Lusa
  • 20 Dezembro 2022

"Podemos confirmar que desde o ano passado, e comparando com o período homólogo, tem havido um aumento da escassez de medicamentos, de uma forma transversal”, disse a presidente da ANF.

A Associação Nacional de Farmácias (ANF) defendeu esta terça-feira a atualização dos preços dos medicamentos, alertando que haver uma legislação que apenas permite a sua redução é “claramente um problema” para a acessibilidade dos utentes aos fármacos, porque inviabiliza alguns.

A presidente da ANF, Ema Paulino, foi ouvida na comissão parlamentar de Saúde, a pedido do partido Chega, sobre a rutura de medicamentos, onde alertou para este problema e apresentou algumas propostas. Na sua intervenção, o deputado do Chega Pedro Frazão afirmou que, em setembro deste ano, se registaram 7,5 milhões de embalagens de medicamentos em falta, mais 14% do que em agosto, e mais 114% do que no mesmo período de 2021.

Pedro Frazão adiantou que há cerca de 858 medicamentos em rutura, 33 dos quais sem alternativa terapêutica, questionando como é que as farmácias estão a gerir esta falta de medicamentos. Em resposta, Ema Paulino afirmou que o problema não é novo, mas tem vindo a agravar-se ao longo do tempo e em determinadas alturas do ano.

“Relativamente à altura do ano podemos confirmar que desde o ano passado, e comparando com o período homólogo, tem havido um aumento da escassez de medicamentos, de uma forma transversal” que é acompanhada a nível internacional.

A nível das farmácias, existem “dois fenómenos”, um dos quais as falhas de inverno, nomeadamente dos medicamentos paracetamol e ibuprofeno, associadas “a um aumento da procura” especificamente este ano, devido “ao aumento significativo” das infeções respiratórias em relação ao ano passado. Ressalvou, contudo, que tem havido capacidade de reposição.

Outro fenómeno, indicou, diz respeito a falhas mais permanentes e que se têm vindo a agravar ao longo da última década. Segundo Ema Paulino, as “maiores ruturas” são nos medicamentos mais caros, normalmente os inovadores, uma vez que são “mais atrativos” para exportar para outros mercados, porque “são os mais baratos dentro dos mais caros na União Europeia”.

Também se constatam esta ruturas nos medicamentos mais baratos em que geralmente existem genéricos, mas que há perda de rentabilidade e os laboratórios vão deixando de os comercializar ou nem os colocam no mercado. A farmacêutica contou que “todos os dias” gerem estas faltas de maneira a que não tenha impacto nas pessoas, adiantando que a grande maioria destes medicamentos têm alternativas terapêuticas.

Mas há situações que têm de ser reencaminhadas ao médico para reavaliação terapêutica porque não existe um medicamento idêntico ou totalmente similar, contou. Para Ema Paulino, é necessária uma revisão do preço dos medicamentos, que não é feita desde 2003, que acompanhe “a inflação” e que possibilite a viabilidade de comercialização de alguns medicamentos que foram tendo reduções de preços sucessivas.

Haver uma legislação que apenas permite redução de preços é claramente um problema para acessibilidade aos medicamentos por parte dos portugueses, porque inviabiliza alguns medicamentos que estão no mercado e, inviabilizando esses medicamentos, muitas das vezes as alternativas são medicamentos mais caros e, até do ponto de vista da sustentabilidade do sistema, não é uma medida eficiente e efetiva”, defendeu.

Por outro lado, disse, as descidas de preços dos medicamentos também têm um impacto nas farmácias que não podem repercutir no preço final os aumentos de custos que estão a sofrer, além de estarem a ter “uma pressão muito grande para aumentar vencimentos”.

“Mas aquilo com que nos estamos a confrontar ao dia de hoje é que as pessoas não conseguem ter acesso aos medicamentos porque não existem no mercado e, de facto, as alternativas são mais caras”, lamentou a presidente da ANF, que representa cerca de 2.700 farmácias (94% do total).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sonae e Bankinter fundem operações para liderar crédito ao consumo em Portugal

Sonae termina acordo com Banco CTT nos serviços financeiros e lança joint-venture (50/50) entre Universo e Bankinter Consumer Finance para criar "operador líder no crédito ao consumo em Portugal".

A Sonae chegou a acordo com o Bankinter Consumer Finance para a criação de uma joint-venture que prevê a combinação dos negócios do Universo com a entidade gestora da oferta de produtos e serviços de crédito ao consumo do Bankinter em Portugal.

Em comunicado enviado à CMVM, a holding liderada por Cláudia Azevedo refere que o acordo visa a criação de um operador líder em crédito ao consumo em Portugal, que terá como acionistas a Sonae e o Bankinter Consumer Finance, ambos com 50% do capital.

Atualmente, o Universo conta com mais de um milhão de clientes e uma carteira de crédito de aproximadamente 400 milhões de euros. Segundo o mais recente relatório e contas da empresa, o volume de negócios aumentou 13 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, em termos homólogos, com o EBITDA subjacente a aumentar 10 milhões até setembro, “beneficiando de uma maior maturidade do portefólio de crédito e de iniciativas de cross-selling“.

“Ao longo dos últimos anos, o Universo tem vindo a afirmar-se como um operador de referência no mercado português de serviços financeiros, alavancando a vertente digital e contribuindo para reforçar o desempenho dos negócios do grupo e do seu ecossistema de parceiros. O princípio de acordo agora firmado com o Bankinter tem a ambição de alavancar este trajeto de sucesso para constituir um operador líder no crédito ao consumo em Portugal”, salienta João Dolores, CFO da Sonae.

O princípio de acordo agora firmado com o Bankinter tem a ambição de alavancar este trajeto de sucesso para constituir um operador líder no crédito ao consumo em Portugal.

João Dolores

CFO da Sonae

Esta parceria com o Bankinter acontece depois de o Universo ter acordado com o Banco CTT terminar o atual acordo na área dos serviços financeiros a 31 de dezembro de 2023, data em que terá uma opção de compra da carteira de crédito existente nessa instituição. Em comunicados separados ao regulador do mercado, ambas indicam que a alteração significativa do contexto macroeconómico e financeiro global justifica a necessidade de as partes revisitarem os termos subjacentes ao acordo”.

O grupo nortenho, que viu os lucros subirem 33% até setembro, mas travar durante o verão, assinala ainda, num comunicado enviado às redações, que “este acordo visa, nomeadamente, proteger o cliente final, mantendo-se o Universo como único ponto de contacto, emitente e concedente de crédito”.

O Universo assumirá ao longo do próximo ano a responsabilidade pelas atividades de financiamento e de risco de crédito, prevendo-se que a exposição líquida do Banco CTT a cartões de crédito Universo se venha a reduzir gradualmente durante o próximo ano e que no fim de 2023 o Universo venha a assegurar a compra das exposições existentes nessa altura.

“Com a concretização deste acordo, o Banco CTT ganhará opções estratégicas na gestão do seu portefólio e libertará liquidez e capital que reforçará o desenvolvimento e crescimento rentável do Banco CTT, assentando a sua estratégia de crescimento acelerado em três pilares: (i) rentabilização da sua base de clientes; (ii) desempenho de excelência em poupança e seguros; e (iii) crescimento no crédito às famílias”, salienta a empresa liderada por João Bento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo espanhol altera PRR para adicionar 94 mil milhões

Novas reformas e investimentos vão concentrar-se no impulso à industrialização e autonomia estratégica de Espanha, no setor agroalimentar, tecnológico e digital.

O Conselho de Ministros espanhol aprovou esta terça-feira uma alteração ao seu Plano de Recuperação e Resiliência para mobilizar 7,7 mil milhões de euros de transferências adicionais de fundos europeus e 84 mil milhões de empréstimos e 2,6 mil milhões do RepowerEU, de acordo com o comunicado do Conselho de Ministros espanhol.

As novas reformas e investimentos vão concentrar-se no impulso à industrialização e autonomia estratégica de Espanha, no setor agroalimentar, tecnológico e digital. Além disso, segundo o comunicado são reforçados 11 projetos estratégicos e será posto em marcha um novo PERTE de descarbonização industrial. Estas alterações terão um prazo mais alargado para serem executadas.

Além disso foi aprovado um fundo de 20 mil milhões para investir nas comunidades autónomas e mais 15 mil milhões para facilitar o financiamento de PME, reforçando os créditos do banco de fomento espanhol (ICO).

Estas alterações serão agora votadas quinta-feira no Parlamento, sendo depois apresentado em janeiro às comunidades autónomas.

Espanha pediu o mês passado o pagamento do terceiro cheque à Comissão Europeia no valor de seis mil milhões de euros que estão vinculados ao cumprimento de 23 marcos e seis metas ao longo do primeiro semestre deste ano, que se somarão aos 31,06 mil milhões já recebidos por via do pré-financiamento, mas também do primeiro e segundo desembolso.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.