Azerbaijão vai fornecer eletricidade à UE através de novo cabo submarino

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2022

Acordo assinado na Roménia prevê o início das obras em setembro de 2023 para que entre ao serviço, pelo menos, em 2029. Submerso no Mar Morto, cabo ligará o Azerbaijão à Hungria via Geórgia e Roménia.

O Azerbaijão vai fornecer eletricidade à União Europeia através de um novo cabo submarino, segundo um acordo hoje assinado na Roménia e que visa diversificar a energia da UE na sequência da invasão russa à Ucrânia.

“Decidimos ignorar os combustíveis fósseis russos e recorrer aos nossos parceiros energéticos confiáveis”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, em Bucareste.

No comunicado de imprensa que o Presidente romeno, Klaus Iohannis, divulgou à margem de uma reunião entre os vários signatários, o enquadramento financeiro e técnico do acordo não é especificado. No entanto, o acordo prevê o início das obras em setembro de 2023 para que entre ao serviço pelo menos em 2029.

Com 1.195 quilómetros de extensão, quase exclusivamente submerso no Mar Negro, o cabo deve ligar o Azerbaijão à Hungria via Geórgia e Roménia. Esses quatro países fazem parte do acordo hoje assinado. A Roménia e a Hungria são países membros da União Europeia, pelo que beneficiarão do apoio da Comissão Europeia.

“Estamos a preparar-nos para construir o cabo elétrico submarino mais longo. Se eu fosse mais jovem, diria que é preciso ser como um “rock’n rol” [ousado] para lançar este projeto”, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

Desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro, a UE multiplicou as parcerias estratégicas com diversos países produtores na tentativa de reduzir a sua dependência dos hidrocarbonetos russos. “É a nossa contribuição para a segurança energética europeia” e “uma nova ponte entre a UE e o Azerbaijão”, afirmou o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev.

O cabo representa uma “nova rota repleta de oportunidades” para a Geórgia, “um país com destino europeu” que poderá tornar-se um “hub energético”, adiantou Ursula Von Der Leyen.

Permitirá transportar eletricidade países vizinhos como a Moldávia e a Ucrânia e “contribuirá para a modernização do sistema energético ucraniano”, salientou a presidente da Comissão Europeia.

O acordo abrange outras áreas de cooperação, nomeadamente, “novas tecnologias energéticas”, “produção de hidrogénio” ou a “expansão da infraestrutura de transporte”, segundo um comunicado da presidência romena hoje divulgado.

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+M

Quem ganhou o campeonato da comunicação no Mundial do Qatar?

Se dentro de campo o primeiro lugar no Mundial do Qatar vai ser decidido este domingo entre França e Argentina, no campeonato das marcas associadas à competição já há vencedores. Veja os resultados.

“Não esquecemos os direitos humanos”, a ação do Meo em parceria com a Amnistia Internacional que, em vez de comunicar a associação da Altice à seleção nacional, pretendeu sensibilizar a população para os abusos generalizados que decorreram na preparação do Mundial do Qatar, foi a campanha em torno do Mundial que mais agradou aos portugueses. De acordo com o estudo Mundial de Futebol Qatar 2022 – Tracking de Patrocínios e Campanhas, elaborado pela Scopen e partilhado com o +M/ECO, a campanha da Partners foi a mais bem avaliada por 75% das pessoas que contactaram com a ação.

Somos patrocinadores da Seleção Portuguesa de Futebol há mais de duas décadas e estaremos sempre ao seu lado durante este Mundial. Mas há causas maiores que têm de ser relevadas, causas maiores do que qualquer marca, qualquer país ou desporto”, comentou com o +M/ECO, antes do arranque da competição, Luíza Galindo, diretora de marketing de comunicação da operadora, justificando esta opção.

Na segunda posição, com 74%, ficou a campanha “Footballverse”, da Nike, questionando qual a melhor geração da história. Uma produção que juntou no mesmo filme Ronaldo Fenómeno, Ronaldinho Gaúcho, Cristiano Ronaldo e o filho Cristianinho, e ainda Kevin De Bruyne, Phil Foden, Virgil van Dijk, Sam Kerr, Alex Morgan e Carli Lloyd. Foi apresentada como a maior produção de sempre da marca que equipa 13 das 32 seleções que participaram no Mundial do Qatar. O top 3 fica preenchido com “A Magia de Acreditar”, da Coca-Cola, com 69%.

As duas posições seguintes voltam a ser ocupadas por marcas nacionais, com a Sagres e a Galp a registarem uma avaliação de 66% e 65%, respetivamente.

A notoriedade dos sponsors da seleção nacional foi outro dos pontos abordados no estudo. Aqui, destaque para a Sagres, que lidera tanto na fase pré Mundial, como na fase de jogos. Neste ponto, de realçar também a Galp, que subiu à segunda posição após o arranque do campeonato. “Toda a nossa campanha está focada no caminho da transição energética e da sustentabilidade, usando como forma de passar a mensagem um apoio de mais de duas décadas à seleção nacional”, como explicou ao +M/ECO Filipa Appleton, head of brand da Galp. Meo, Continente e Nike encerram o top 5, aqui com a particularidade de Nike diminuir ligeiramente a notoriedade como patrocinadora da seleção nacional na segunda fase da avaliação, ao contrário do que acontece com as restantes marcas que encabeçam este ranking.

Entre os patrocinadores do Mundial sobressai a Coca-Cola, que obtém a maior notoriedade na fase de jogos, ultrapassando a Qatar Airways, que fica na segunda posição. A McDonalds, na terceira posição, sobe significativamente a visibilidade da marca no patrocínio ao Mundial, da primeira para a segunda fase do inquérito.

“Historicamente, a Sagres, Galp e Continente sempre foram as marcas mais destacadas em campanhas de apoio à seleção. A nível internacional, a Nike e Coca-Cola são as marcas icónicas, mas cujas campanhas nem sempre conseguem fazer o engagement aos portugueses, mas têm o reconhecimento da força da mensagem. Desta vez, o mundial exigia a melhor mensagem de todas, este foi um campeonato revestido de emoção

Quanto à recordação total das campanhas, a “Fome de Vencer”, do Continente, registou o maior recall, sendo que a campanha da Galp sobe à segunda posição na fase de Jogos da seleção subindo 10 pontos percentuais. “Além da campanha Fome de Vencer, que o Continente promove habitualmente nos momentos de atividade da seleção, temos previstos produtos e atividades promocionais alusivos ao momento para os portugueses poderem viver o percurso da seleção com toda a intensidade”, comentava Tiago Soeiro, brand activation & sponsorship manager do Continente, a propósito da ativação do patrocínio da insígnia à seleção. Seguem-se as campanhas da Sagres, McDonalds e Coca-Cola, a ocuparem o top 5 das ações com maior nível de recordação no Mundial.

“Entre as campanhas analisadas, o resultado que sobressai é a campanha da Meo ‘Não esquecemos os Direitos Humanos’, que obteve a melhor avaliação em agrado, apesar de não ter a maior visibilidade ou recall, resume Alexandra Machás, managing director Portugal da Scopen, questionada sobre eventuais tendências de comunicação que se possam retirar da ativação das marcas neste Mundial.

E em relação a competições anteriores, há alguma grande diferença? “Face ao último Mundial ou até face ao Euro, em geral as campanhas que usam personalidades do futebol ou outras foram sempre das que mais sobressaíram, além da boa criatividade e slogan. Desta vez é a mensagem, e, sobretudo, a atualidade, pertinência e força da mensagem que passaram, além de, igualmente, as campanhas que usaram as personalidades do futebol”, diz a responsável. Justificando assim “a campanha da Meo ter sobressaído em opinião, a Nike com a nostalgia dos grandes jogadores, a da Coca-Cola com a ‘magia’, a Galp com o tema da sustentabilidade e a Sagres que é a marca histórica sponsor da seleção e obteve deste sempre a maior notoriedade neste patrocínio à seleção”.

“Historicamente, a Sagres, Galp e Continente sempre foram as marcas mais destacadas em campanhas de apoio à seleção. A nível internacional, a Nike e Coca-Cola são as marcas icónicas, mas cujas campanhas nem sempre conseguem fazer o engagement aos portugueses, mas têm o reconhecimento da força da mensagem. Desta vez, o Mundial exigia a melhor mensagem de todas, este foi um campeonato revestido de emoção”, justifica Alexandra Machás.

A Scopen avaliou também o interesse dos portugueses em seguir a competição. Na fase de pré arranque dos jogos da seleção uma menor percentagem da população, 56%, admitia pretender vir a acompanhar os Jogos de Portugal. A percentagem subiu na fase de apuramento de grupos e oitavos de final para 73%, percentagem que corresponde a uma estimativa de 4,8 milhões de portugueses (entre os 16-64 anos). No Mundial da Rússia esta esta estimativa foi de 68%, equivalente a 4,5 milhões de portugueses.

O Tracking de Patrocínios e Campanhas tem uma amostra de 1.850 pessoas, entre os 16 e os 64 anos. As entrevistas foram realizadas em duas vagas, de 10 a 21 de novembro e de 22 de novembro a 10 de dezembro, ou seja, na fase pré jogos e já durante a competição.

Campanhas do Mundial com maior agrado

Período de Sondagem: Fase pré arranque dos Jogos da Seleção no Mundial (10 a 21 de Nov.) e Fase de Jogos da Seleção (22 Nov a 9 Nov.), 2022 ; Amostra: 1.850 entrevistas, sondagem nacional (16-64 anos) / Estudo Brand Sponsor by Scopen

 

Notoriedade de sponsors da Seleção Nacional

Período de Sondagem: Fase pré arranque dos Jogos da Seleção no Mundial (10 a 21 de Nov.) e Fase de Jogos da Seleção (22 Nov a 9 Nov.), 2022 ; Amostra: 1.850 entrevistas, sondagem nacional (16-64 anos) Estudo Brand Sponsor by Scopen

 

Notoriedade de sponsors do Mundial

Período de Sondagem: Fase pré arranque dos Jogos da Seleção no Mundial (10 a 21 de Nov.) e Fase de Jogos da Seleção (22 Nov a 9 Nov.), 2022 ; Amostra: 1.850 entrevistas, sondagem nacional (16-64 anos) Estudo Brand Sponsor by Scopen

 

Campanhas do Mundial com maior recall

Período de Sondagem: Fase pré arranque dos Jogos da Seleção no Mundial (10 a 21 de Nov.) e Fase de Jogos da Seleção (22 Nov a 9 Nov.), 2022 ; Amostra: 1.850 entrevistas, sondagem nacional (16-64 anos) Estudo Brand Sponsor by Scopen

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Nações Unidas mantêm “sérias preocupações” sobre o Twitter

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2022

O alto-comissário das Nações Unidas saudou o fim da suspensão das contas de alguns jornalistas na rede social mas apelou ao respeito pelos direitos humanos.

O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos saudou a decisão do proprietário do Twitter de reativar as contas suspensas de vários jornalistas, mas sublinhou que “persistem sérias preocupações” sobre a rede social.

O alto-comissário Volker Turk exortou Elon Musk, atual proprietário do Twitter, a “comprometer-se em tomar decisões baseadas em políticas acessíveis ao público e que respeitem os direitos, nomeadamente a liberdade de expressão”.

Elon Musk anunciou hoje, no próprio Twitter, que vai voltar a acolher vários jornalistas norte-americanos na rede social, depois de uma onda de críticas após a suspensão das suas contas.

Na quinta-feira, o Twitter suspendeu as contas de vários jornalistas de órgãos de informação como CNN (Donie O’Sullivan), New York Times (Ryan Mac) e Washington Post (Drew Harwell), e também de profissionais independentes. Alguns dos jornalistas visados tinham escrito sobre a decisão do Twitter de suspender uma conta que seguia as viagens do jato particular de Elon Musk.

O dono do Twitter publicou uma série de mensagens a indicar que as contas envolvidas na divulgação na internet de informações pessoais sobre um indivíduo sem o seu consentimento “recebem uma suspensão temporária de sete dias” e indicou que as regras se aplicam aos jornalistas, “como a todos os outros”.

Quando chegou ao Twitter, em outubro, Elon Musk prometeu manter a conta @ElonJet, que conta com 500 mil seguidores e foi criada por um estudante para seguir de forma automática os movimentos do avião particular do milionário.

Desde que comprou o Twitter, por 44 mil milhões de dólares (41,5 mil milhões de euros), Musk tem enviado mensagens contraditórias sobre o que é autorizado ou não na rede social.

Na sexta-feira, a União Europeia lembrou que há “linhas vermelhas” e ameaçou Musk com “sanções em breve”, enquanto as Nações Unidas denunciaram “um precedente perigoso”.

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Irlanda tem um novo primeiro-ministro. Micheál Martin troca com Leo Varadkar

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2022

Como previsto no acordo de coligação governamental, o atual primeiro-ministro, Micheál Martin, trocou de cargo com Leo Varadkar, vice-primeiro-ministro.

O primeiro-ministro irlandês, o centrista Micheál Martin, renunciou hoje ao cargo entregando a liderança do Governo de coligação ao vice-primeiro-ministro, o democrata-cristão Leo Varadkar.

Com esta alteração de poder, sem precedentes na Irlanda, os dois grandes partidos nacionais, Fianna Fáil e Fine Gael – rivais desde a Guerra Civil (1922-1923) -, dão assim cumprimento ao acordo governamental alcançado após as eleições gerais de 2020, cujo vencedor foi o partido nacionalista Sinn Féin, ex-braço político do IRA.

Ao abrigo deste acordo, Martin assumirá o cargo de vice-primeio-ministro e Varadkar ocupará o cargo de “Taoiseach” (primeiro-ministro), enquanto o Governo, que inclui o Partido Verde, também será ligeiramente reestruturado para dar continuidade e estabilidade à coligação até às eleições marcadas para 2025.

Leo Varadkar regressa ao cargo de primeiro-ministro, que ocupou entre 2017 e 2020.

O líder do Fianna Fáil, de 62 anos, entregou a sua renúncia ao presidente da República da Irlanda, Michael D. Higgins. A nomeação de Varadkar, de 43 anos, que já foi primeiro-ministro entre 2017 e 2020, está marcada para depois das 13:00 locais, na sequência da votação de investidura no cargo que decorrerá na Câmara Baixa de Dublin (Dáil).

Antes de chegar ao palácio presidencial, Martin declarou num vídeo colocado na sua conta da rede social Twitter que servir como “Taoiseach” foi a “honra da minha vida”. “Espero pela segunda fase deste Governo com esperança. Fizemos muito na primeira fase, mas, no entanto, há muito por fazer”, adiantou, referindo-se, nomeadamente, à grave crise da habitação que atravessa o país ou ao aumento do custo de vida.

Martin deixa para trás uma legislatura que tem um pouco mais de dois anos e que foi marcada, sobretudo, pela pandemia da covid-19 e pelo ‘Brexit’ (saída do Reno Unido da União Europeia), com a avaliação geral de que a gestão governamental da crise sanitária e o divórcio de Londres com Bruxelas foi bem-sucedido.

Com esta imagem de “governante de confiança”, Martin assume agora o cargo de vice-primeiro-ministro e, segundo os observadores, vai ocupar também a pasta dos Negócios Estrangeiros, cargo que já ocupou entre 2008 e 2011.

Nesta área, deverá reforçar a diplomacia com o Reino Unido para orientar as negociações entre Londres e Bruxelas sobre o Protocolo do ‘Brexit’ para a Irlanda do Norte, tema que tem deteriorado as relações entre a Irlanda e o Reino Unido nos últimos anos.

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Subida dos juros vai baixar preço das casas? Profissionais do imobiliário garantem que não

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2022

Profissionais do imobiliário consideram que preços da habitação não vão descer em 2023, admitindo, no entanto, uma diminuição do número de transações. Valores podem subir em concelhos das periferias.

O preço das casas deverá registar alguma suavização em 2023, antecipam os profissionais do imobiliário ouvidos pela Lusa, que descartam, porém, quebras de preços, estimando mesmo alguma subida em localizações procuradas por quem não consegue comprar nas grandes cidades.

Fazendo uma análise global, Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário (Ci), acredita que após uma valorização de 18% em 2022, o próximo ano registe alguma suavização na evolução dos preços, acompanhada de uma possível redução do número de transações. “Parece-me evidente que num contexto de maior constrangimento do poder de compra haja uma pressão para uma estabilização dos preços”, disse o responsável do Ci à Lusa, pondo “de parte” um cenário de quebra de preços.

Olhando para os vários segmentos do mercado, o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Paulo Caiado, considera que zonas que registaram nos últimos anos valorizações muito expressivas poderão conhecer nos próximos meses alguma estabilização, “mas muito pouco expressiva”, ao mesmo tempo que antecipa que nos concelhos à volta dos grandes centros urbanos, que até aqui não tinham grande procura, se registe uma tendência contrária, de subida. Movimentos que o levam a mostrar-se convicto que “globalmente para 2023” o “preço dos imóveis não vai descer”.

Em resposta por escrito à Lusa, Rui Torgal, presidente executivo (CEO) da ERA Portugal afirma igualmente acreditar que em 2023 não se irá assistir “a um crescimento galopante dos preços das casas como aquele que tem acontecidos nos últimos tempos”. Contudo, precisa que também não se irá assistir, “com toda a certeza, a uma quebra abrupta”.

A contribuir para esta leitura de quem está no setor pesam fatores como a falta de oferta, ou o facto de o arrendamento continuar a não se perfilar como uma alternativa para quem quer comprar casa. Neste mercado, dizem, a escassez de oferta de casas para arrendar continuará a pressionar ainda mais as rendas cujos preços já estariam ‘naturalmente’ pressionados devido à atual conjuntura de elevada inflação.

Os profissionais do setor ouvidos pela Lusa convergem num outro ponto. Sem rendimento para comprar casa em grandes cidades como Lisboa ou Porto, muitas famílias começaram a procurar em outros concelhos o imóvel adequado às suas necessidades e que a sua carteira pode comprar.

“Previsivelmente vamos assistir a uma subida de preços em concelhos que até aqui não estavam tão pressionados”, refere Paulo Caiado numa análise a esta dimensão geográfica do mercado, resultante da procura por outras localizações.

Lembrando que a subida de oferta do produto imobiliário é um processo que leva o seu tempo, Ricardo Guimarães precisa que “sem capacidade de gerar oferta rápida, o aumento de procura nestes locais está a aumentar os preços”. Para além disso, “muita da valorização a que hoje assistimos vem já desses mercados”, acentua.

Precisando que a procura de imóveis nos centros urbanos por parte de investidores ou clientes com maiores possibilidades vai continuar, Rui Torgal, assinala que para as famílias portuguesas de classe média “a procura está sem dúvida alguma mais concentrada nas zonas periféricas das cidades do Porto e Lisboa”, começando também a ser “evidente a procura pelo interior do país”.

Perante o atual contexto de subida de taxas de juro, Rui Torgal acredita que possa registar-se alguma retração ou adiamento das intenções de compra de casa, com as pessoas a virarem-se para o arrendamento. Uma opinião partilhada por Ricardo Guimarães, do Ci, com ambos a anteciparem que as pessoas não terão a vida mais facilitada em termos de preços, uma vez que não perspetivam que os valores praticados baixem.

“É provável que tenhamos um aumento da procura e isso acabará por ter um efeito adicional de pressão no preço das rendas, que já teriam uma pressão natural pela inflação”, refere o diretor do Ci.

Paulo Caiado, acredita, por seu lado, que o elevado preço das rendas fará com que muitas pessoas continuem a optar por comprar casa, lembrando a propósito que, entre 20921 e 2022, o número de transações que envolve casas usadas subiu de 87% para cerca de 90%. Isso acontece porque, por motivos profissionais ou familiares, muitas pessoas precisaram de vender a sua casa para comprar outra e este movimento vai continuar a verificar-se, acredita.

Os dados ainda não estão fechados, mas a informação já disponível leva o presidente da APEMIP a estimar que o número de transações de casas de habitação atinja as 165 mil em 2022, ligeiramente abaixo de 2021. Já o valor envolvido deverá ascender aos 30 mil milhões de euros, subindo face a 2021.

Também Ricardo Guimarães assinala que o volume de vendas conhecerá uma eventual quebra no número de transações. Para a ERA, o ano de 2022 “vai ser o melhor ano” dos quase 25 de atividade da imobiliária em Portugal, com as expetativas a apontarem para um aumento homólogo de 10% em termos de faturação. Até ao final de novembro, a ERA transacionou a venda de imóveis no valor de 1,65 mil milhões de euros.

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Carlos César alerta para “ano difícil” e diz que PS está proibido de “perder a ambição”

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2022

Numa mensagem vídeo que enviou ao XXIII Congresso da Juventude Socialista, o presidente do PS defendeu que vai ser necessário concretizar reformas e prestar atenção à situação da empresas e famílias.

O presidente do PS, Carlos César, alertou hoje que 2023 vai ser um “ano difícil”, defendendo que será necessário seguir “com atenção” a situação das pessoas mais frágeis e advertindo que os socialistas não podem “perder a ambição”.

Numa mensagem vídeo que enviou ao XXIII Congresso da Juventude Socialista, que decorre até domingo em Braga, Carlos César alertou que 2023 será um ano em que o Governo do PS se irá confrontar “certamente com novos desafios”.

“Depois de importantes sucessos que alcançámos este ano, designadamente os bons resultados obtidos nos índices do emprego e o crescimento económico acima de todas as previsões (…), teremos um ano difícil à nossa frente”, advertiu Carlos César.

Para responder a estes desafios, o presidente do PS defendeu que vai ser necessário não só concretizar as reformas que constam no programa de Governo, “como também seguir com a maior atenção a evolução da economia empresarial e a condição das pessoas e das famílias em situação mais frágil” para, “se for o caso, com oportunidade e na intensidade requerida”, implementar “medidas adicionais de apoio”.

Na ótica de Carlos César, numa altura em que o país e o Governo estão empenhados “em recuperar dos bloqueios e das desigualdades agravadas com a pandemia e com as sequelas da guerra no leste europeu”, o PS não pode “perder de vista o combate pela sociedade melhor” que ambiciona construir.

“As medidas que têm sido tomadas pelo nosso Governo, dirigidas às atividades económicas e às famílias, que foram reforçadas domínios do apoio social – e muito bem – na semana que agora finda, são prova de um empenhamento que só encontra limite na fronteira das possibilidades, das obrigações orçamentais e dos recursos do país”, frisou.

Deixando críticas aos restantes partidos, Carlos César sublinhou que “da maior parte da oposição partidária, da esquerda à direita, incluindo do maior partido da oposição, sempre envolvido nas suas lutas internas”, o PS já sabe o que pode esperar.

“Pouco se aproveita da sua tendência contínua para a litigância e da sua tendência para destruir e, entre os mais radicais, da sua disputa pelos troféus do radicalismo, das discriminações negativas e da maledicência. Oxalá todos estivessem mais preocupados em ajudar o país e menos em combater o PS”, disse.

Apesar disso, Carlos César salientou que o PS conta com a “intervenção crítica e empreendedora dos parceiros sociais e de todas as forças políticas e cidadãos de boa vontade”, assim como daquela que qualificou como “a maior organização política de juventude” de Portugal, em referência à JS.

Neste discurso, o presidente do PS sublinhou que “não se espera nem se aspira a que a JS seja um corpo inerte, disciplinado e sossegado, nem um anexo ou um amanuense do PS, ou, ainda menos, um conforto ilusório para os jovens portugueses”. “Espera-se, aspira-se a que seja um movimento motriz de mudança, de elaboração e, sempre que necessário, de rotura com as indiferenças no presente e face ao futuro”, sublinhou.

O XXIII Congresso Nacional da JS começou hoje e encerra no domingo com um discurso do secretário-geral e primeiro-ministro, António Costa, após os 350 delegados eleitos – além de 150 delegados inerentes – votarem a única moção global de estratégia em debate, denominada “Tempo de agir”, e cerca de 150 moções setoriais de resolução política.

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Produtores defendem aumento do preço do leite perante subida dos custos

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2022

Os produtores consideram que a subida do preço do leite foi abrupta, mas era necessária para fazer face aos custos mais elevados. Para o arranque de 2023 não esperam um aumento.

O preço do leite e dos seus derivados não deverá ter uma grande alteração no início de 2023, mas o resto do ano continua a ser uma incógnita face à evolução dos custos de produção e ao contexto externo, adiantaram os produtores à Lusa.

“Em janeiro, pressuponho que não vai acontecer nenhuma alteração de grande monta. Durante o ano, é impossível estar a fazer algum tipo de conjeturas porque depende de fatores a que nenhum analista nos consegue dar respostas”, afirmou o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), Fernando Cardoso. No entanto, espera que se verifique “alguma acalmia”, uma vez que os rendimentos dos consumidores estão já a ser pressionados.

No mesmo sentido, o secretário-geral da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep), Carlos Neves, disse não haver, neste momento, qualquer indicação que aponte para uma subida do preço do leite pago aos profissionais do setor e, consequentemente, do valor pago pelo consumidor final. “Se houver alguma coisa, será muito ligeira”, sublinhou.

O preço do leite e dos laticínios tem vindo a aumentar, pelo menos desde fevereiro, uma evolução que os produtores consideram tardia, abrupta, mas necessária face à pressão que os custos de produção exercem no setor desde 2021.

“No caso do leite e dos produtos lácteos, a questão que se põe é mais por que é que aconteceu tão tarde? Nós já vínhamos a viver, até previamente à guerra da Ucrânia, com um aumento enorme da energia e dos alimentos para os animais produzirem leite”, defendeu o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores. A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro, fez disparar o preço da energia e também dos cereais.

Assim, conforme defendeu Fernando Cardoso, “mais tarde ou mais cedo” teria que haver uma transmissão dos custos do produtor para o consumidor. Esta transmissão acabou por acontecer muito tarde, levando a uma escalada repentina dos preços, situação que o setor reconhece, mas não deixa de notar ser imprescindível para a sua sobrevivência.

“O produtor não podia suportar mais este aumento de custos. É uma atividade que vive de margens reduzidas e teve mais um ano de défice”, referiu. Fernando Cardoso lembrou ainda que rubricas como a energia, alimentos para animais, fertilizantes, fitofármacos e mão-de-obra representam entre 80% a 90% dos custos de produção do leite, daí a necessidade de se verificar um aumento.

O secretário-geral da Associação dos Produtores de Leite de Portugal, Carlos Neves, por seu turno, lembrou ainda que para este aumento também contribuiu a seca, que levou mesmo muitos produtores a abaterem os seus animais. “Não tendo forragens e pastagens e tendo a ração muito cara, muitos produtores optaram por abater animais, o que levou a reduzir a produção e obrigou os vários compradores a subirem o preço ao agricultor e a repercutirem isso no preço de venda”, explicou.

Questionado sobre se o preço ao produtor também aumentou, Fernando Cardoso adiantou que Portugal está agora “muito mais perto” da média comunitária. “Estamos, neste momento, com um preço à volta de 0,57 euros, eventualmente um bocadinho mais elevado. No início deste movimento, estávamos com preços de 0,36 euros ou 0,37 euros por litro. Houve uma escalada muito marcada do preço do leite ao produtor, numa proporção um bocadinho até maior do que o preço do consumidor”, apontou.

Carlos Neves também referiu que houve um aumento “muito significativo” no preço pago ao produtor, sobretudo entre outubro e novembro. Porém, o secretário-geral da Aprolep notou que ainda não foi possível recuperar os prejuízos acumulados desde 2021. “Será preciso bastante tempo até se ganhar o suficiente para equilibrar o prejuízo que se acumulou nos últimos anos. Os agricultores ainda olham com muita apreensão para o futuro. Não sabemos quanto é que este preço vai durar. Não esperamos que continue a haver um aumento generalizado, embora fosse desejável que se nivelasse pelo preço mais alto”, concluiu.

Segundo dados compilados pela Deco, organização de defesa do consumidor, um litro de leite UHT meio gordo custava 0,68 euros em 23 de fevereiro deste ano, valor que ascendeu a 0,96 euros no dia 07 de dezembro. Neste período, um litro de leite UHT meio gordo registou o seu valor mais alto em 30 de novembro (0,97 euros).

Por sua vez, uma embalagem de 200 gramas de queijo flamengo fatiado passou de 1,99 euros para 2,65 euros, enquanto uma embalagem de 250 gramas de manteiga com sal passou a custar 2,32 euros, quando, em 23 de fevereiro, estava em 1,85 euros. Já uma embalagem de 200 gramas de queijo curado fatiado teve um aumento, até 07 de dezembro, de 0,47 euros, passando de dois euros para 2,47 euros.

Um ‘pack’ de quatro unidades de iogurte líquido aumentou, no período em causa, 0,23 euros, estando o seu valor em 2,16 euros, enquanto um ‘pack’ de oito unidades de iogurte com aroma passou de 1,83 euros para 1,87 euros, tendo chegado a custar 1,89 euros.

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Qatar controla organismo de transparência e integridade no desporto liderado por português

  • ECO
  • 17 Dezembro 2022

A Aliança Global pela Integridade do Desporto é controlada e financiada pelo Centro Internacional para a Segurança Desportiva, uma entidade criada pelo Qatar, segundo o "Público".

O Centro Internacional para a Segurança Desportiva (ICSS), criado e financiado pelo Qatar, controla a Aliança Global pela Integridade do Desporto (SIGA), um organismo de defesa da transparência e integridade no futebol, liderado pelo português Emanuel Medeiros, segundo noticia o Público.

O ICSS foi fundado no Qatar em março de 2011, para lidar com questões de segurança e proteção nos grandes eventos desportivos, mas alargou o seu âmbito à integridade, boa governança e transparência no desporto. Dirigido por Mohammed bin Hanzab, antigo tenente-coronel do Exército qatari, foi uma iniciativa do atual emir, o xeque Tamin bin Hamad al-Thani.

O governo do Qatar reconheceu em 2015, já perante os indícios de corrupção na atribuição do Mundial de 2022, que era responsável por “70% do orçamento do ICSS”. No mesmo dia, Mohammed bin Hanzab, aunciou a criação da Aliança Global pela Integridade do Desporto (SIGA), que seria lançada a 7 de Abril de 2016, em Madrid, Espanha, com o apoio de 50 organizações do setor do desporto.

Segundo a investigação do Público, a cúpula da ICSS controla também a SIGA. Para liderar a organização foi escolhido o português Emanuel Medeiros, responsável pelo ICSS Europa e América Latina, que é o atual CEO. Mohammed Hanzab acumulou a presidência do ICSS com a vice-presidência da SIGA, que é considera pelos detratores como uma extensão maquilhada do ICSS, para despistar ligações ao Qatar.

Emanuel Medeiros, um advogado nascido nos Açores, recusou a colagem à ICSS em declarações ao jornal. “É uma ideia aberrante”, garantiu: “A SIGA é uma frente unida, com a congregação de várias entidades provenientes de todos os espectros da indústria do desporto. Isto só por si é uma inovação, porque não há outra organização como esta.” Rejeitou também que se trate de um “instrumento para sportswashing“.

A organização reclama no seu site ser uma organização de referência mundial na defesa da integridade no desporto e diz ser financiada por quotas dos membros, patrocínios e parceiros. Os membros que pagam quotas mais elevadas são o ICSS e a Mastercard. O Governo dos Açores, a Câmara Municipal de Ponta Delgada ou o Comité Olímpico de Portugal também estão listados como membros, entre outras entidades.

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Qatar “gastou muito dinheiro” para ter “brandura” do Parlamento Europeu, diz eurodeputado

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2022

Dino Giarrusso, eurodeputado italiano, foi abordado por funcionários da embaixada do Qatar. Diz que os colaboradores parlamentares, muitas vezes uma espécie de “parlamentar sombra”, têm papel central.

O Qatar “gastou muito dinheiro”, possivelmente com pagamentos a eurodeputados, para assegurar a “brandura” do Parlamento Europeu (PE) em relação ao país, disse à Lusa o eurodeputado italiano Dino Giarrusso, ele próprio alvo de abordagens duvidosas de funcionários diplomáticos qataris.

Pouco depois da minha eleição em 2019, fui abordado por funcionários da embaixada do Qatar na Bélgica, que marcaram um encontro com o meu assistente parlamentar”, relatou em entrevista à Lusa o eurodeputado, que chegou a integrar a associação parlamentar “Amigos do Qatar”, mas distanciou-se mais tarde da mesma e de políticas favoráveis a este país, como as da vice-presidente do PE Eva Kaili, detida há uma semana no âmbito deste caso.

Giarrusso disse que um assistente seu chegou a reunir-se com responsáveis qataris, num ambiente “estranho e nebuloso”. “Esses funcionários não propuseram intercâmbios culturais e cooperação, mas falaram de viagens e de uma amizade geral com o Qatar sem nenhum motivo específico. O meu colaborador falou-me de uma atitude aduladora para tentar obter a acreditação junto do Parlamento Europeu”, disse à Lusa o eurodeputado.

São acusados pela justiça belga de terem aceite ofertas materiais do Qatar para influenciar o PE nas questões relativas a este país, além de Kaili, o companheiro desta Francesco Giorgi e o ex-eurodeputado do Partido Democrático Pier Antonio Panzeri.

Dino Giarrusso, que entretanto deixou o Movimento 5 Estrelas pelo qual foi eleito, afirma hoje com veemência que sempre fez declarações contra a atribuição dos campeonatos mundiais ao Qatar. “Quando saíram em 2021 os relatórios elaborados por organizações internacionais como a Human Rights Watch e Amnistia Internacional, que denunciavam graves violações de direitos humanos no Qatar para a preparação do Campeonato do Mundo, cancelei a minha filiação na associação [de amizade] para marcar ainda mais a distância deste país”, assegura Giarrusso.

O eurodeputado diz que também já fez parte de associações de “amizade” com outros países, mas que a atitude que os dirigentes do Qatar tiveram naquele primeiro encontro o deixou perplexo. “Para alguém melhorar a sua reputação tem que se comportar bem, não esperar que oferecendo viagens e jantares um parlamentar passará a falar bem de si”, acrescenta Giarrusso.

Giarrusso explica que conhecia Kaili e que nunca conversou com ela sobre o Qatar, mas rejeita categoricamente as posições da ex-vice do PE a favor do país árabe. “São erradíssimas [as posições a favor do Qatar]. Mas, de qualquer forma, parece que ela não foi a única no Parlamento a manifestar posições de apoio a esse país árabe”, disse à Lusa.

O Qatar conseguiu realizar uma atividade muito articulada, gastando muito dinheiro, pagando a muitos colaboradores, organizações não governamentais e talvez até deputados, e essa atividade fez com que essas pessoas fossem brandas com aquele país.

Dino Giarrusso

Eurodeputado

Segundo Giarrusso, “o Qatar conseguiu realizar uma atividade muito articulada, gastando muito dinheiro, pagando a muitos colaboradores, organizações não governamentais e talvez até deputados, e essa atividade fez com que essas pessoas fossem brandas com aquele país”.

O eurodeputado considera que nesta história é central o papel dos colaboradores parlamentares, que muitas vezes são uma espécie de “parlamentar sombra”, no sentido de filtrarem emails, estudarem os dossiês e ajudarem o parlamentar a compreender os assuntos que estão a ser tratados no PE.

“Não me surpreenderia se, além de Giorgi, os magistrados encontrassem uma rede de colaboradores infiéis que usaram o seu papel para outros fins, para influenciar as palavras, os julgamentos, os votos, as resoluções, as intervenções dos parlamentares com os quais eles trabalharam. Isso explicaria porque há tantos gabinetes de colaboradores parlamentares alvo de apreensões”, concluiu Giarrusso.

No âmbito do caso, foram até agora foram realizadas 20 buscas, feitas apreensões em 10 escritórios de colaboradores parlamentares e encontrados mais de um milhão e meio de euros em numerário.

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“O setor privado e as pessoas terem mais dinheiro nos bolsos é o que, a prazo, produz mais riqueza”, defende Horta Osório

  • ECO
  • 17 Dezembro 2022

O antigo banqueiro acredita que é possível duplicar o rendimento do país em dez anos e defende que os apoios públicos devem ser dirigidos prioritariamente à inovação.

António Horta Osório acredita que é possível “dobrar o rendimento do país” em dez anos, deixando de lado questões partidárias e definido consensos alargados, afirmou durante a tertúlia que assinalou o início das comemorações dos 158.º aniversário do Diário de Notícias.

Para acelerar o crescimento, é necessário reforçar o investimento na investigação e desenvolvimento, defendeu. “Acho que os apoios públicos devem ser dirigidos prioritariamente à inovação“, disse o administrador não executivo de empresas como a Bial, Impresa e Grupo Mello.

Horta Osório afirmou ainda que o país tem de manter a aposta nas exportações e defendeu um menor peso do Estado na economia. “Acredito que o setor privado e as pessoas terem mais dinheiro nos seus bolsos é aquilo que, a prazo, produz mais riqueza”, sublinhou, segundo relata o Diário de Notícias.

O antigo banqueiro perspetivou “um ano difícil em 2023”, sobretudo devido à inflação, “um custo cego para as pessoas e provoca imediatamente assimetrias”. “Há momentos de sorte e de azar, o fundamental é termos resiliência e prudência para resistir aos momentos mais negativos”, afirmou.

Considerando que o Banco Central Europeu deve ter “prudência” na subida das taxas de juro, defendeu que seria importante o endividamento público português ficar abaixo do francês. “A dívida sobre o produto [interno bruto] francês está à volta dos 115%. Penso que temos a possibilidade de, em 2023 ou em 2024, ficarmos com a dívida sobre o produto abaixo do rácio francês. Se ficarmos abaixo da França, ficamos noutro campeonato”, considerou.

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Supermercados de rua enfrentam gigantes do retalho nas compras e prateleiras

Retalho alimentar de proximidade ganha fôlego na pandemia e garante que só perde nas promoções, culpando a indústria do grande consumo. Central de compras da Unimark assume gestão da marca própria.

Apesar de haver dois grandes grupos económicos (Sonae e Jerónimo Martins) que controlam 60% do mercado nacional e cinco empresas que correspondem a 80% do retalho alimentar, Portugal ainda é “um dos poucos países da Europa onde subsiste uma rede de comércio independente de proximidade com algum furor, equivalente a 10% a 20% do negócio”, composta sobretudo por pequenas e médias empresas (PME).

O retrato é feito por João Vieira Lopes, diretor-geral da Unimark – mais conhecido pelo cargo de presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) –, para quem “uma das razões principais é porque estas organizações se têm conseguido agrupar em centrais de compras que permitem negociar, a montante com a indústria, um conjunto de condições bastante mais próximas daquelas que têm as grandes superfícies”.

João Vieira Lopes, diretor-geral da Unimark

A Unimark é uma cooperativa de grossistas e retalhistas de produtos de grande consumo, que integra atualmente duas cadeias retalhistas e 17 empresas grossistas, com um total de 39 Cash & Carry (sobretudo nas regiões Norte e Centro) e mais de 1.400 supermercados e minimercados próprios ou associados. A central de compras foi lançada em 1996 para “dar condições especiais a estas empresas de conseguirem ser mais competitivas num mercado altamente concentrado como o português”.

Este universo representa um volume de faturação superior a 900 milhões de euros e o número de associados tem-se mantido estável, pelo menos, desde que “uma série de empresas fecharam na sequência da última crise financeira”. Agora que se aproxima uma nova crise, Vieira Lopes atesta que o eixo central da organização é constituído por “empresas sólidas”, pois, insiste, “as que tinham maiores fragilidades encerraram ou foram vendidas na última crise”.

Quanto às condições de compra e aos preços praticados, o diretor-geral da Unimark, sediada em Lisboa, garante que “estas lojas de proximidade, em geral, em termos do que se chama preço de prateleira, ou seja, o preço corrente dos produtos, são perfeitamente competitivas com as grandes cadeias – e, de uma maneira geral, até são mais baratas”. No entanto, perdem nas promoções, em que os portugueses são viciados.

“Têm uma atividade promocional menor porque a indústria do grande consumo (alimentar, higiene, limpeza) investe menos nesta rede naquelas atividades promocionais muito fortes”, contrapõe, mesmo que diga estar a ganhar “espaço nessa área”. Recusa que seja uma questão de imagem, mas de “filosofia” desses fornecedores, que “preferem – muitas vezes erradamente – não dar exatamente as mesmas condições a esta tipologia de empresas” mais pequenas.

Efeito pandemia e stocks contra a inflação

A pandemia de Covid-19 gerou um “crescimento bastante grande” na operação dos supermercados independentes de proximidade, isto porque, lembrou João Vieira Lopes, “as restrições à mobilidade levaram muitos consumidores a voltar a comprar neste tipo de lojas e verificaram que os preços correntes são perfeitamente competitivos”. É certo que este segmento já não está a crescer a dois dígitos, mas muitos clientes mantiveram, pelo menos parcialmente, esses novos hábitos de compra.

O responsável sublinha que “podem não fazer as compras do mês neste tipo de estabelecimentos, mas intensificaram o número de compras e de utilizações”. E diz que isso é verificável no volume de negócios dos associados da Unimark, que aumentou 7% no ano passado. Em 2022 deverá crescer à volta de 10%, mas parte desse indicador é influenciado pela inflação, isto é, sem um acompanhamento linear ao nível do volume de compras.

A pandemia levou muitos consumidores a voltar a comprar neste tipo de lojas e verificaram que os preços correntes são perfeitamente competitivos. Podem não fazer as compras do mês neste tipo de estabelecimentos, mas intensificaram o número de utilizações.

João Vieira Lopes

Diretor-geral da Unimark

No atual contexto inflacionista, a indústria passou a atualizar as tabelas de preço com mais frequência, o que obriga os superes e minimercados a fazer “um esforço maior em termos de constituição de stocks para garantir a competitividade”. Com o respetivo impacto financeiro, que os grandes grupos absorvem com menor dificuldade. Ainda assim, sentencia Vieira Lopes que “as margens, em geral, estão a permanecer com alguma estabilidade, precisamente mercê do mix que representa este investimento em stockagem”.

Gestão direta para reforçar marca própria

Outro tópico em que estas retalhistas alimentares de pequena e média dimensão tentam estar alinhadas com as tendências no mercado é no reforço do peso da marca própria da distribuição, até “tendo em conta que a relação qualidade-preço hoje, em geral, é competitiva, e as pessoas estão preocupadas com o poder de compra”. Lançada em 2005, a marca UP, que no caso das associadas maiores e que têm as suas próprias marcas brancas é usada como complementar, conta atualmente com mais de 600 referências alimentares e não alimentares.

Ora, uma das novidades é que a Unimark decidiu recentemente assumir a gestão direta da marca, que até agora era feita em outsourcing por outra empresa, seguindo as suas instruções. “Para fazer face ao crescimento do peso das marcas próprias, criámos uma estrutura própria e assumimos a gestão direta da marca. Queremos aumentar o número de referências e fazer também um esforço de negociação permanente, de maneira a não ficarmos prejudicados pelas variações frequentes das tabelas de preços da indústria”, justificou.

“A marca própria ainda vale bastante pouco [no volume de faturação total]. Ao contrário do que acontece na grande distribuição, em que já representa 30% ou 40%, nós temos um potencial de crescimento grande porque as nossas marcas próprias – esta e a dos associados – nunca andam além dos 10% ou 15%”, contabilizou João Vieira Lopes, que na estratégia futura inclui a digitalização destes pequenos retalhistas espalhados pelo país.

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Trabalhadores da Autoeuropa aprovam aumentos de 5,2% e prémio mensal de 40 euros

Aumentos de 5,2% no salário com valor mínimo de 80 euros entrarão em vigor dia 1 de janeiro. Operários terão prémio de assiduidade mensal de 40 euros.

Os trabalhadores da Autoeuropa aprovaram o segundo pré-acordo laboral para definir os salários para 2023. Depois de dois dias de votação, 61,4% dos 3.902 operários que foram às urnas validaram o documento negociado entre a administração e a comissão de trabalhadores. A partir de janeiro, os funcionários da fábrica de Palmela vão ter um aumento salarial de 5,2%, no valor mínimo de 80 euros. Os operários terão ainda direito a um prémio mensal de assiduidade de 40 euros ao longo do próximo ano.

Na primeira proposta, chumbada no início da semana passada, os ganhos no salário chegariam a partir de dezembro, mas não estava definido um montante mínimo de aumento. Também não estava previsto qualquer prémio mensal de assiduidade.

Os funcionários terão direito ao prémio mensal de 40 euros mesmo que tenham dias de gozo de férias, dias especiais, de compensação, de não produção (down days), licenças de casamento, maternidade/parentalidade ou dias de nojo.

Antes das negociações, em outubro, a comissão de trabalhadores pedia um aumento de 5% em dezembro com retroativos a julho e uma nova atualização em janeiro do próximo ano, que tivesse em conta os valores da inflação deste ano e o acordo laboral. Por sua vez, a administração da Autoeuropa comprometeu-se a pagar um prémio extraordinário de 400 euros a todos os trabalhadores no vencimento de dezembro.

A situação acabou por levar uma greve parcial, nos dias 17 e 18 de novembro, apesar da tentativa de cancelamento por parte da comissão de trabalhadores.

Para 2022 está previsto que a fábrica de Palmela consiga o segundo maior número de produção de sempre, atingindo as 230 mil unidades.

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