PCP entende que governação do PS “à Guterres” será retrocesso para o país
O dirigente comunista João Ferreira defendeu que uma futura governação “à Guterres”, equacionada na quinta-feira pelo secretário-geral do PS, António Costa, vai ser um retrocesso para o país.
O dirigente comunista João Ferreira defendeu esta sexta-feira que uma futura governação “à Guterres”, equacionada na quinta-feira pelo secretário-geral do PS, António Costa, vai ser um retrocesso em tudo o que foi alcançado nos últimos anos.
Perante uma plateia maioritariamente constituída por mulheres, a CDU recebeu uma promessa de apoio por parte de 500 ativistas pela igualdade de género, mas João Ferreira também falou de uma certeza dada no dia anterior pelo primeiro-ministro durante o debate com o presidente do PSD, Rui Rio, transmitidos pelas televisões generalistas de sinal aberto.
“Há agora uma outra possibilidade, a chamada ‘solução à Guterres’, abrindo a porta ao PSD para, como no tempo desse Governo, seja o PSD a aprovar orçamentos, como aprovou, como fez uma revisão da Constituição, como apoiou a privatização de cerca de 60 empresas públicas, como apoiaram medidas como a liberalização do trabalho a tempo parcial, o impulso dado à saúde privada. São tudo medidas do tempo da solução que António Costa agora vem novamente defender”, sustentou o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.
Na ótica do antigo eurodeputado comunista, a proposta de governabilidade colocada em cima da mesa por Costa mostra “a diferença” entre aqueles que em 2015 “lá estiveram para abrir a porta de saída à direita e aqueles que agora lhe abrem a porta de entrada e até, nas palavras de António Costa, lhe entregam a chave na mão”.
Do debate, sustentou, ficou também a ideia de uma maioria absoluta, que tem sido preconizada há várias semanas pelo secretário-geral do PS.
Na quinta-feira, o secretário-geral do PS admitiu reeditar a fórmula de Governo de António Guterres (1995/2001) se vencer com maioria relativa.
Perante esse possível cenário, António Costa afirmou que irá conversar com os partidos na Assembleia da República, ou num “modelo clássico” como o primeiro Governo de Guterres, negociação “diploma a diploma”, que referiu “foi difícil, levava mais tempo, mas foi possível”.
Após afastar a manutenção da “Geringonça” nas atuais circunstâncias, o secretário-geral do PS observou que, por exemplo, o PS e o PAN poderão somar mais de metade dos deputados.
Os dirigentes comunistas João Ferreira e João Oliveira substituir provisoriamente o secretário-geral do PCP na campanha para as eleições legislativas, enquanto Jerónimo de Sousa recupera de uma operação de urgência à carótida interna esquerda a que foi submetido na quinta-feira.
Nas legislativas de 2019, a Coligação Democrática Unitária (CDU) – que integra o PCP, o PEV e a Associação Intervenção Democrática – elegeu 12 deputados (dez do PCP e dois do PEV) e obteve 6,33% dos votos, ou seja, 332.473 votos (de um total de 5.251.064 votantes), menos 113.507 do que em 2015, de acordo com o Ministério da Administração Interna (MAI).
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