Vacinados ou não vacinados? Esta foi a evolução dos óbitos de Covid no final de 2021
Nos últimos meses de 2021, registou-se um aumento na proporção de pessoas que não tinham vacinação completa entre os óbitos, segundo os dados da DGS e INSA.
A introdução das vacinas trouxe um novo paradigma para a situação pandémica vivida em Portugal, ajudando a controlar as hospitalizações e óbitos devido ao vírus. Segundo os dados disponíveis das autoridades de saúde, o risco de morte para quem fica infetado é menor para as pessoas com vacina, sendo que nos últimos meses de 2021 registou-se um aumento na proporção de pessoas que não tinham vacinação completa entre os óbitos.
Este indicador começou a ser disponibilizado em agosto, no relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) com a monitorização das linhas vermelhas para a Covid-19 em agosto do ano passado. Nesse mês, ocorreram 96 óbitos (50%) em pessoas com um esquema vacinal completo contra a Covid-19, 63 óbitos (40%) em pessoas não vacinadas e 18 óbitos (10%) em pessoas com vacinação incompleta.
No entanto, o relatório já alertava que “a população mais vulnerável encontra-se quase totalmente vacinada, pelo que é esperado que a proporção de casos com esquema vacinal completo no total de óbitos aumente”. Já o risco de morte, medido através da letalidade por estado vacinal, era “três a sete vezes menor nas pessoas com vacinação completa do que nas pessoas não vacinadas”.
De facto, em setembro registaram-se 126 óbitos (58%) em pessoas com esquema vacinal completo contra a Covid-19, 13 óbitos (6%) em pessoas com vacinação incompleta e 78 óbitos (36%) em pessoas não vacinadas. Em outubro a proporção voltou a aumentar, tendo-se observado 132 óbitos (80%) em pessoas com esquema vacinal completo e 33 óbitos (20%) em pessoas não vacinadas ou com vacinação incompleta.
Mas a partir daí a tendência começou a inverter-se, o que coincidiu com a altura em que se começou a administrar a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 no país. No mês de novembro, ocorreram 195 óbitos (65%) em pessoas com esquema vacinal completo contra a Covid-19, 10 (3%) óbitos em pessoas com dose de reforço e 95 óbitos (32%) em pessoas não vacinadas ou com vacinação incompleta.
É de sinalizar também que em novembro surgiu a variante Ómicron em Portugal, que fez disparar os contágios por ser mais transmissível. Apesar de apresentar sinais de ser menos severa em termos da doença que causa, continua a provocar hospitalizações e mortes.
Já em dezembro, os últimos dados disponíveis (que foram corrigidos pela DGS), registaram-se 247 óbitos (50%) em pessoas com esquema vacinal completo contra a Covid-19, 38 (8%) óbitos em pessoas com dose de reforço e 208 óbitos (42%) em pessoas não vacinadas ou com vacinação incompleta.
O relatório indicava também que “o risco de morte para os casos diagnosticados em dezembro, medido através da letalidade, por estado vacinal, foi três a seis vezes menor nas pessoas com vacinação completa em relação às pessoas não vacinadas ou com esquema incompleto”.
Nesta contabilização da DGS e do INSA, consideraram-se como pessoas com vacinação incompleta aquelas que ainda não tinham completado o esquema vacinal recomendado ou tinham-no completado há menos de 14 dias (conforme os critérios da Norma 002/2021 da DGS). Foram consideradas pessoas com esquema vacinal completo as que o completaram há mais de 14 dias.
Já no que diz respeito aos internamentos por estado vacinal, o relatório não contempla os números exatos, adiantando apenas o risco: “Os casos com esquema vacinal completo parecem apresentar um risco de hospitalização aproximadamente duas a cinco vezes inferior aos casos não vacinados”, indica o relatório. Foi também medida a diferença com o reforço, sendo que o risco de internamento para quem tem dose de reforço é metade daquele para quem tem vacinação completa.
O secretário de Estado da Saúde já chegou a apontar, no início deste mês, que quase 90% dos doentes com Covid-19 internados em unidades de cuidados intensivos portuguesas não estavam vacinados. No entanto, numa entrevista algumas horas depois, acabou por dizer que o número “diverge de instituição para instituição”, salientando que fez a estimativa a partir de “conversas” que tem “com colegas das unidades de cuidados intensivos”.
(Notícia atualizada pela última vez a 23 de janeiro após DGS corrigir números referentes ao estado vacinal dos óbitos em dezembro)
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