Governo garante que fim do carvão não aumentou importação de eletricidade de Espanha
O Governo garante que a manter a produção a carvão em Portugal em vez de importar eletricidade de território espanhol "não implica, necessariamente, poupanças para os consumidores".
O Ministério do Ambiente e da Ação Climática anunciou esta segunda-feira que no último ano o acréscimo de produção de eletricidade a partir de fonte solar foi superior à capacidade instalada da central a carvão do Pego, que encerrou no final do mês de novembro de 2021.
“No primeiro semestre deste ano, haverá produção de mais 600 MW de energia solar, o que corresponde, grosso modo, à produção da referida central a carvão“, disse o MAAC em comunicado, como forma de esclarecimento face à “alegada relação entre o fecho das centrais a carvão, o baixo nível de armazenamento nas albufeiras das barragens e a importação de eletricidade de Espanha”.
Face às acusações do ex-diretor-geral de Energia, Mário Guedes, num artigo de opinião publicado no Observador, de que foi o fim do carvão que obrigou a aumentar produção hidroelétrica nas barragens, agravando a descida do nível das albufeiras e obrigando a importar mais eletricidade de Espanha, o Governo respondeu desta forma, numa nota enviada às redações.
1) “Não tem correspondência à realidade a ideia de que Portugal importa eletricidade de Espanha porque encerrou as centrais a carvão”.
Defende o MAAC que “não existe uma relação de causa e efeito”, porque quando as centrais de Sines e do Pego ainda estavam a funcionar, Portugal também importava eletricidade. “Para a determinação do sentido do saldo importador ou exportador tem maior relevância o ano hidrológico seco ou húmido”, esclarece.
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2) “Pertencendo Portugal e Espanha ao mercado ibérico de eletricidade (MIBEL), a substituição de importação de eletricidade de território espanhol pela via do carvão não implica, necessariamente, poupanças para os consumidores de eletricidade”.
Aqui, diz o MAAC, é que “fica mais barato” o cenário atual, ou seja: a importação de um mix de produção em que o carvão assume pouco relevo, sendo o preço do MIBEL, nos últimos meses, maioritariamente influenciado pelo gás natural.
Face a isto, diz o Governo, importa olhar para o passado e “avaliar a diferença entre a importação de carvão para a produção em território nacional (o que acontecia quando as centrais do Pego e de Sines funcionavam) e o pagamento de licenças de dióxido de carbono.
Importar eletricidade de Espanha ou importar carvão para produzir em Portugal é, na mesma, importar energia, rematou o MAAC.
“O único modo sustentável de diminuir quer as importações, quer os custos de eletricidade, é pela via da aceleração na entrada em funcionamento de toda a potência renovável possível e não através da manutenção de centrais termoelétricas a carvão”.
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