Reviravolta em Wall Street com índices em alta, apesar da guerra na Ucrânia

É uma das maiores reviravoltas dos últimos tempos. Após terem arrancado a sessão com perdas superiores a 2%, os três principais índices norte-americanos fecharam esta quinta-feira em terreno positivo. Esta evolução sugere que os investidores aproveitaram para comprar ativos “em saldos” e que acreditam que a invasão russa na Ucrânia poderá não ser duradoura.

O Dow Jones subiu 0,24% para os 33.212,06 pontos, o Nasdaq valorizou 3,34% para os 13.473,58 pontos e o S&P 500 valorizou 1,49% para os 4.288,65 pontos. No arranque da sessão, O Dow Jones descia 2,34%, o S&P 500 cedia 2,43% e o Nasdaq desvalorizava 2,89%.

Esta reversão das perdas pode também ser atribuída, em parte, às novas sanções avançadas pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos — a que se devem seguir as da União Europeia — para os bancos, empresas e elites russas, tendo esperança de que o impacto económico seja suficiente para travar as hostilidades da Rússia na Ucrânia. Além disso, Joe Biden autorizou um reforço das tropas norte-americanas na Alemanha, ainda que ressalvando que não haverá forças dos EUA a lutar na Ucrânia.

O foco dos investidores esteve no setor tecnológico, depois de o Nasdaq ter chegado a estar em bear market (registava uma quebra superior a 20% desde o último recorde). As grandes tecnológicas como a Amazon, Netflix, Alphabet (Google), Meta (ex-Facebook) e Microsoft valorizaram entre 2% e 5%.

A estas juntam-se as cotadas de setores que já estavam a “beneficiar” da guerra como é o caso da energia e da defesa. A Exxon Mobil valorizou ligeiramente, assim como a Emphase Energy (+6%). As empresas de defesa Lockheed Martin e Raytheon Technologies também subiram nesta sessão.

Mas não deixou de haver cotadas fortemente afetadas, como é o caso do setor financeiro e do setor da aviação. Os bancos Bank of America e JPMorgan Chase desvalorizaram mais de 4%, a fabricante de aviões Boeing cedeu 3% e a transportadora aérea United Airlines caiu mais de 5%.

Depois de várias semanas de tensão na fronteira, foi durante esta madrugada que Moscovo lançou uma ofensiva militar sobre a Ucrânia, com explosões e vários mísseis em diferentes locais, incluindo a capital Kiev. A reação do Ocidente foi imediata com a ameaça de sanções económicas “massivas” por parte da União Europeia e do Reino Unido.

Este conflito militar vem trazer ainda mais volatilidade aos mercados financeiros numa altura em que os investidores já especulavam sobre a mudança da política monetária nos Estados Unidos e na Zona Euro por causa da rápida aceleração da taxa de inflação no pós-pandemia.

(Notícia atualizada às 21h11 com mais informação)