Guerra na Ucrânia poderá custar até 1,25% do PIB europeu, estima think tank Bruegel
No curto prazo, os Estados-membros vão gastar 50 mil milhões de euros para conter as consequências nos preços do choque do lado da oferta provocado pelos preços da energia.
As implicações orçamentais diretas da guerra na Ucrânia podem atingir os 1,25% do PIB europeu em 2022, de acordo com uma estimativa do Bruegel, um think tank. Desde já, a invasão russa no território ucraniano está a provocar um choque do lado da oferta por causa da subida do preço da energia, mas também há consequências de médio e longo prazo na defesa e na independência energética.
A análise assinada pelo economista Jean Pisani-Ferry deixa em aberto que o custo orçamental da guerra este ano possa ser superior a 1,25% do PIB europeu, com distribuição desigual entre os Estados-membros consoante a sua dependência da Rússia. O autor até dá o exemplo português: “Portugal não importa nenhum gás russo, ao passo que a sua quota parte no total dos recursos primários [energéticos] é de 35% na Hungria e 24% na Eslováquia”, refere.
No curto prazo, o economista calcula que os Estados-membros vão gastar 50 mil milhões de euros para conter as consequências nos preços do choque do lado da oferta provocado pelos preços da energia, cujo aumento está a alastrar-se aos outros bens e serviços.
Desde logo, assumindo uma redução da oferta de gás russo para metade e um aumento de 50% da oferta de gás vindo de outros países, a fatura adicional seria de 25 mil milhões de euros em 2022 para a União Europeia. As medidas para reduzir a dependência energética da Rússia no curto prazo, assumindo também um aumento do custo para os consumidores de 50%, somaria mais 25 mil milhões de euros à fatura.
Somando a esse valor os 50 mil milhões de euros para reforçar as reservas de gás natural para o próximo inverno, o custo será logo de 100 mil milhões de euros só na frente energética, sendo que 3/4 desse montante deverá ser assumido pelo Estado.
Em relação aos refugiados ucranianos, o Bruegel calcula que o custo poderá “facilmente” atingir os 30 mil milhões de euros este ano.
Quanto aos gastos militares, a despesa adicional na UE pode chegar aos 20 mil milhões de euros em 2022 e “o dobro” em 2023. A partir de 2024-2025, o mínimo de aumento deverá ser de 0,5% do PIB europeu, ou seja, 70 mil milhões de euros.
No total, a despesa direta ou a redução de impostos na UE pode representar um total de 175 mil milhões de euros ou cerca de 1,25% do PIB europeu em 2022, com tendência para aumentar nos anos seguintes. Perante este cenário, Jean Pisani-Ferry mostra-se confiante de que os países vão adiar a reintrodução das regras orçamentais europeias que inicialmente estava prevista para 2023.
(Notícia corrigida às 16h39: uma versão anterior referia 4%, mas o autor do estudo referia-se a 1,25%)
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