“Toda a cadeia de valor está a ser contaminada” pelo aumento de preços, alerta APED
AO ECO, a APED avisa que "toda a cadeia de valor está a ser contaminada" pelo aumento de preços e diz que medidas anunciadas são "insuficientes". Transportadoras correm o risco de ficar sem liquidez.
O diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) alerta que “toda a cadeia de valor está a ser contaminada” pelos aumentos de custos de produção, transportes e matérias-primas, pelo que considera que as medidas anunciadas pelo Governo apesar de serem “bem-vindas” são “insuficientes”. “As empresas de transportes de mercadorias estão a ficar estranguladas com estes aumentos” dos combustíveis, diz Gonçalo Lobo Xavier, em declarações ao ECO.
“Neste momento, os custos energéticos estão incomportáveis para diversos setores da economia portuguesa. É evidente que todas as medidas são bem-vindas, embora sejam insuficientes”, sinaliza o diretor-geral da APED, notando que as medidas anunciadas pelo Executivo –, que incluem o lançamento de uma linha de crédito de 400 milhões de euros para ajudar as empresas e apoios a fundo perdido –, “têm impactos diferentes” nos diversos setores, dada a escalada de preços que se está a verificar.
No caso dos transportadores de mercadorias, que vão agora passar a receber um apoio de 30 cêntimos por litro de combustível e Ad Blue, num total de litros calculado a partir da média de consumo que se apure”, segundo explicou o ministro da Economia, Gonçalo Lobo Xavier alerta que estas empresas “estão a ficar estranguladas” com os aumentos semanais dos preços dos combustíveis e correm o risco de ficar sem liquidez já que “não conseguem no imediato transferir para o cliente estes aumentos de custos”.
“Isto vai trazer um problema de liquidez absolutamente brutal para as empresas de transportes e como é evidente toda a cadeia de valor está a ser contaminada por estes aumentos”, avisa o diretor-geral da associação, instando o Governo ser célere na aplicabilidade das medidas, bem como a “investir numa política europeia que resolva” o “problema estrutural” da energia. Recorde-se que o Governo português já veio sinalizar que propôs à Comissão Europeia uma redução temporária do IVA sobre os combustíveis. A verificar-se, a redução para a taxa intermédia ou mínima permitiria uma descida no preço dos combustíveis de 15 a 25 cêntimos, respetivamente, segundo as contas feitas pelo ECO.
Perante este cenário, o diretor-geral da APED defende que “é preciso proteger os produtores e a produção nacional”, em todos os setores, que vão desde as hortofrutícolas à produção nacional, bem como apoiar as empresas de transporte.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia veio juntar-se à subida de preços da energia e à seca, provocando uma escalada do custo de várias matérias-primas essenciais para a produção alimentar, como os cereais, ameaçando as cadeias de abastecimento. Para já, Gonçalo Lobo Xavier descarta qualquer risco de escassez de produtos, referindo que os stocks de cereais estão assegurados para “os próximos três meses” e lembra que os preços já tinham vindo a aumentar “nos últimos três a quatro meses”.
“Em dezembro, já estávamos a receber tabelas de preços para janeiro e fevereiro que refletiam já aumentos na ordem dos 10% a 15% em áreas muito específicas”, como é o caso dos cereais, afirma, ao ECO, acrescentando que ” é indesmentível que esta guerra vai trazer mais pressão à cadeia“. Não obstante, a APED assegura que os supermercados não estão a ganhar margens significativas com o aumento de preços.
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