Lagarde afasta sintonia entre Fed e BCE. Powell admite subir taxas mais rapidamente
Fed e BCE deixam de estar em sintonia graças aos efeitos económicos distintos da invasão russa. Lagarde defende que Europa está mais exposta à guerra, enquanto comércio dos EUA será menos afetado.
A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) e o Banco Central Europeu não vão estar em sintonia graças ao efeito desigual que a invasão da Ucrânia está a causar, avançou esta segunda-feira a agência Reuters (acesso condicionado).
“As nossas duas economias estão em lugares diferentes do ciclo económico, ainda antes da guerra na Ucrânia”, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, acrescentando que “por questões geográficas, a Europa está muito mais exposta do que os EUA”. Lagarde referiu ainda que a economia dos EUA é menos dependente da importação de mercadorias em relação à Europa, e o seu comércio será menos afetado, razão pela qual os bancos centrais precisam de abordagens diferentes.
As consequências da invasão da Ucrânia e a dependência de gás natural da Rússia estão a levar a Europa a uma aceleração da sua transição energética para fontes verdes. Esta transição, alerta Lagarde, “será de natureza inflacionária” no curto e médio prazo, “já no longo prazo, as forças sobre os preços serão bastante deflacionárias”.
A Fed já aumentou as taxas de juro na semana passada e anunciou ainda um conjunto de medidas futuras. Já o BCE, por sua vez, defende não haver pressa no aumento das taxas e continua em processo de corte de estímulos excecionais.
Para o presidente da Fed, Jerome Powell, “em princípio, uma política monetária menos acomodatícia poderia reduzir a procura e estabilizar os preços”, embora admita que “ter um mercado de trabalho forte é importante, e é um grande objetivo para mim”, disse esta segunda-feira na conferência anual da National Association Business and Economics (NABE).
Powell considera que a economia americana “consegue lidar” com as mudanças na política monetária, embora admita não ter um “teste para o que provocaria um aumento de 50 pontos base. Se acharmos apropriado subir 50 pontos base, nós vamos fazê-lo”. Para o presidente da Fed, “podemos chegar à conclusão de que precisamos de agir mais rapidamente”.
Powell acrescentou ainda não esperar progressos no combate à inflação a curto prazo, nem considerar suposto ser “a política monetária a fazer 100% do trabalho contra a inflação”. “Vamos esperar por melhorias nas cadeias de abastecimento antes de reagir”.
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