Preços das conservas vão subir em abril à boleia do óleo de girassol
A associação que representa o setor das conservas diz que "o peso do óleo de girassol nas conservas que são produzidas em Portugal é de 40 a 50%". Preços vão subir.
O setor das conservas está entre os mais afetados pela invasão russa à Ucrânia, dado que estes dois países são responsáveis por mais de 50% da produção mundial de óleo de girassol. Ao ECO, a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), sinaliza que os aumentos dos preços das conservas “só irão acontecer no mês de abril”, já que parte da indústria ainda tinha stock de óleo de girassol. No entanto, a associação que representa o setor avisa que vão existir “seguramente” mais aumentos ao longo do ano, na sequência do aumento do custo das matérias-primas, mas também dos transportes.
A indústria das conservas é habitualmente um setor que beneficia com uma guerra. Contudo, a guerra da Rússia contra a Ucrânia está a afetar negativamente este setor, dado que o país liderado por Volodymyr Zelensky é o maior produtor de óleo de girassol e, em conjunto com a Rússia, representa “mais de 50% da produção mundial.” Só em Portugal, “o peso do óleo de girassol nas conservas que são produzidas é de 40 a 50%”, nota a ANICP.
Para já, o setor descarta a ocorrência de ruturas de stock e realça que a indústria está a tentar procurar outras soluções, nomeadamente substituir o óleo de girassol “por outro óleo”, ou “substituir por água ou azeite”. E sinaliza que este conflito está já a refletir-se não só nos preços do óleo de girassol, mas também noutras matérias-primas essenciais para a produção de conservas.
“O preço dos outros óleos e do azeite também já disparou. Para a indústria, o óleo de girassol que pode substituir o óleo de soja subiu de 1,50 euros para 2,85 euros aproximadamente, e o azeite que estava em três euros já está muito próximo dos quatro euros”, aponta a associação que representa o setor. Quanto ao alumínio usado nas latas das conservas, a ANICP assinala que já “tinha registado um aumento significativo no final do ano” passado, pelo que “ainda é cedo para avaliar” o impacto.
Por enquanto, a escalada dos custos de produção ainda não teve repercussões para o consumidor final. Mas vai ter reflexo já a curto prazo: “Parte da indústria de conservas ainda tinha stock de óleo, pelo que os aumentos só irão acontecer no mês de abril”, assinala a associação, acrescentando que, “seguramente, vão acontecer subidas” ao longo do ano. No entanto, a ANICP não consegue antecipar a percentagem desses aumentos, dado que o preço será “ajustado em função da oferta e da procura”.
Além da escalada dos preços das matérias-primas, a pressionar o setor das conservas está ainda o aumento do custos dos transportes, na sequência dos aumentos dos preços dos combustíveis, dado que, além de o setor importar grande parte das matérias-primas, “exporta 70% da sua produção”, o que “faz com que, inevitavelmente, venha a sofrer um grande impacto com o aumento dos custos do transportes”, sinaliza a ANICP.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia veio exacerbar a subida dos preços da energia, o que, aliada à seca, tem feito escassear várias matérias-primas essenciais para a produção alimentar. Para mitigar o impacto, o Governo avançou com um conjunto de medidas que incluem o lançamento de uma linha de crédito de 400 milhões de euros para ajudar as empresas, apoios a fundo perdido e uma prestação social para os consumidores mais vulneráveis.
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