Estes são os resistentes desde o primeiro Governo de Costa
Há 19 antigos membros do primeiro Governo de António Costa que são protagonistas nesta fase de transição. Alguns ainda ficam, outros nem por isso. Conheça-os.
No novo Governo, que toma posse quarta-feira, António Costa vai rodear-se de alguns resistentes que o acompanham desde 2015, o ano em que chegou a primeiro-ministro. Três dos atuais ministros, que em 2015 eram secretários de Estado, são os mais resistentes e vão continuar ministros no novo Governo: Mariana Vieira da Silva, Pedro Nuno Santos e Ana Mendes Godinho.
Há também oito ministros que resistiram até aqui, mas que vão sair de cena: João Leão, Alexandra Leitão, Nelson de Souza e Graça Fonseca, que começaram em 2015 como secretários de Estado, e Francisca Van Dunem, João Pedro Matos Fernandes, Manuel Heitor e Tiago Brandão Rodrigues.
O novo Governo conta ainda com dois antigos secretários de Estado que estão de regresso ao Executivo — José Luís Carneiro, que vai ser ministro da Administração Interna, e Isabel Oneto, que assume a respetiva secretaria de Estado. Além destes, existem secretários de Estado de longa data que sobem a ministros no novo Executivo, como é o caso de João Costa.
O ECO olhou para as escolhas do primeiro-ministro em 2015 e comparou-as com os protagonistas atuais. A análise divide-se em quatro partes — começa pelos atuais ministros que estão no Governo desde 2015 como ministros ou secretários de Estado, passa para os atuais ministros que transitam para o novo Governo, prossegue para os atuais secretários de Estado que estão de saída e termina nos secretários de Estado que regressam para o novo Governo, ou que se vão manter em funções.
Não foram tidas em conta as remodelações do primeiro Governo, contabilizando-se apenas a lista original de ministros e secretários de Estado, anunciada quando Costa formou a “geringonça” há sete anos.
Ministros resistentes que saem
João Leão
Era professor de Economia do ISCTE e participou na elaboração do programa económico do PS. Entrou no Governo em 2015 como secretário de Estado do Orçamento, tendo sido o braço direito de Mário Centeno no Ministério das Finanças. Aí, ganhou a fama de “artífice das cativações”. Viria a substituí-lo em junho de 2020, mantendo-se como ministro das Finanças desde então. Agora, passa o testemunho a Fernando Medina, ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Francisca Van Dunem
Natural de Luanda, foi a primeira mulher negra em Portugal a assumir o cargo de ministra. Era procuradora-geral distrital de Lisboa quando entrou no Governo como ministra da Justiça, cargo no qual se manteve até agora. Em dezembro do ano passado, acumulou a pasta da Justiça com a da Administração Interna, na sequência da demissão de Eduardo Cabrita. Entrega a Justiça a Catarina Sarmento e Costa e a Administração Interna a José Luís Carneiro.
João Pedro Matos Fernandes
Engenheiro civil, tutula a pasta do Ambiente desde 2015, bem como a Transição Energética que, no último Governo, passou a designar-se de Ação Climática. João Pedro Matos Fernandes foi um dos primeiros ministros de António Costa, tendo transitado da presidência da Águas do Porto. É substituído por Duarte Cordeiro, numa altura em que o país enfrenta a seca e uma severa crise energética internacional.
Alexandra Leitão
Começou no Governo como secretária de Estado Adjunta e da Educação. Em 2019, foi promovida a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública. Esteve responsável pela continuação do programa Simplex e pelas negociações com a Função Pública nos últimos anos. É um dos ministérios que deixa de existir no novo Governo de Costa. A modernização administrativa converte-se em secretaria de Estado sob a chancela do primeiro-ministro.
Graça Fonseca
Até agora ministra da Cultura, desempenhou funções de secretária de Estado da Modernização Administrativa logo na primeira hora do Governo da “geringonça”. Foi o braço direito da então ministra Maria Manuel Leitão Marques (atualmente, eurodeputada do PS). Já tinha trabalhado com António Costa anos antes, quando este era ministro da Administração Interna de José Sócrates. Entrega o testemunho a Pedro Adão e Silva.
Manuel Heitor
É outro dos primeiros ministros de Costa que ainda se mantinham em funções. Manuel Heitor titulava a pasta que junta Ciência, Tecnologia e Ensino Superior desde 2015. Professor catedrático, tinha transitado da direção do Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento do Instituto Superior Técnico de Lisboa. A cientista Elvira Fortunato assume agora as rédeas deste ministério.
Tiago Brandão Rodrigues
A Educação foi uma pasta que não trocou de mãos desde o primeiro Governo de Costa, apesar de se ter especulado em 2020 que Tiago Brandão Rodrigues podia estar de saída. Não aconteceu. Lidou com o sensível dossiê do ensino em tempos de confinamento, com a pandemia a penalizar severamente a qualidade e o ritmo de ensino das crianças. Agora sim, está de saída. Dará lugar a João Costa.
Nelson de Souza
Foi secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão no primeiro Executivo liderado por António Costa, mas viria a deixar o Governo em fevereiro de 2019, por abolição do cargo. Regressou no final desse ano como ministro do Planeamento e teve a seu cargo a elaboração do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), bem como a execução do Portugal 2020 e preparação do novo quadro financeiro plurianual. O Planeamento passa agora a ser uma secretaria de Estado que responde à ministra Mariana Vieira da Silva.
Ministros resistentes que ficam
Mariana Vieira da Silva
Tinha 37 anos quando entrou no Governo, assumindo funções como secretária de Estado Adjunta do primeiro-ministro. Apesar de alguma controvérsia por ser filha de José António Vieira da Silva, então designado ministro do Trabalho, Mariana Vieira da Silva foi ganhando destaque ao longo dos anos. Com a chegada da pandemia os portugueses habituaram-se a vê-la nas conferências de imprensa pós-Conselho de Ministros. No verão do ano passado, foi tornada primeira-ministra em exercício durante as férias de Costa, tornando-se a segunda mulher a desempenhar essas funções no país, depois de Manuela Ferreira Leite. Neste novo Governo, Vieira da Silva, ministra da Presidência, ganha ainda mais destaque enquanto número dois do primeiro-ministro, reforçando o seu poder com a coordenação do PRR e a Função Pública. É já vista como uma vice-primeira-ministra sem título.
Pedro Nuno Santos
Pedro Nuno Santos entrou no Governo como secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, ajudando a negociar os Orçamentos do Estado com os parceiros da “geringonça”. Aliás, há muito que defendia que o PS devia dialogar com os partidos à sua esquerda. Foi convertido em ministro das Infraestruturas e da Habitação em fevereiro de 2019, assumindo desde logo um dossiê a ferver: a TAP. Especulou-se que a nomeação seria um “presente envenenado”, mas o certo é que Pedro Nuno Santos deu a volta por cima, conseguindo aprovar um plano de reestruturação para a companhia aérea em Bruxelas. Tem sido apontado como um dos candidatos à sucessão de Costa. Para já, mantém-se no cargo.
Ana Mendes Godinho
Aqui não há novidade: Ana Mendes Godinho vai manter-se ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, cargo que ocupa desde novembro de 2019. Com Siza Vieira, coordenou a política laboral durante a conjuntura desafiante da pandemia, que atirou a generalidade dos portugueses para teletrabalho ou lay-off. No Governo, nem sempre foi ministra: em 2015, tinha sido designada secretária de Estado do Turismo.
Secretários de Estado resistentes que saem
Cláudia Joaquim
Em 2015, quando assumiu funções governativas, Cláudia Joaquim tinha a pasta da Segurança Social (desde 2001 que é técnica superior). Acabaria por não integrar o segundo Governo de Costa no arranque, mas a remodelação precipitada pela saída de Mário Centeno para o Banco de Portugal ditariam o seu regresso a funções governativas. Foi em junho de 2020 que assumiu a secretaria de Estado do Orçamento. Com a entrada de Fernando Medina no Ministério das Finanças, o seu percurso no Governo volta a ficar por aqui.
Anabela Pedroso
Com a remodelação do Ministério da Justiça, que vai ser tutelado por Catarina Sarmento e Castro, sai também quem ocupou a secretaria de Estado desde 2015. Anabela Pedroso não vai transitar para o novo Governo. Doravante, a pasta desdobra-se em duas: Jorge Costa será secretário de Estado Adjunto e da Justiça e Pedro Ferrão Tavares será secretário de Estado da Justiça.
Miguel Cabrita
É uma alteração relevante no Ministério de Ana Mendes Godinho. Miguel Cabrita está de saída do Governo e era um dos nomes que se mantinha em funções desde a primeira hora de Costa como primeiro-ministro. Entrou no Governo aos 37 anos, como secretário de Estado do Emprego, e, atualmente, era secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profissional. Entrega a pasta do Trabalho a Miguel Fontes.
Secretários de Estado resistentes que ficam
João Costa
Começou secretário de Estado da Educação em 2015. No segundo Governo de Costa, foi promovido a Adjunto. Professor Catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, residiu e cresceu em Setúbal. É o novo ministro da Educação, pasta que herda de Tiago Brandão Rodrigues.
José Luís Carneiro
Não é bem um secretário de Estado que fica, mas um secretário de Estado que regressa. Deputado e secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro está de volta ao Executivo, com entrada direta na primeira linha: recebe de Francisca Van Dunem o Ministério da Administração Interna. O socialista tinha feito parte do primeiro Governo de Costa como secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, cargo que deixou em 2019.
Carlos Miguel
O antigo presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras entrou no Governo logo em 2015, como secretário de Estado das Autarquias Locais. Praticamente sete anos depois, vai continuar a trabalhar com António Costa nesta área, assumindo agora a função de secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território.
Ana Sofia Antunes
De secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiências, Ana Sofia Antunes vai continuar a tutelar esta pasta, mas com uma cobertura mais abrangente. Será secretária de Estado da Inclusão, mantendo-se assim no Governo.
Isabel Oneto
Isabel Oneto tinha desempenhado a função de secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna no primeiro Governo de Costa, mas não fez parte do elenco no segundo. Regressa agora para o Governo de maioria absoluta, segurando novamente a pasta da Administração Interna.
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