Nem a 1, nem a 8 mas a 22. Julgamento de Rui Pinto retoma quatro meses depois
Julgamento de Rui Pinto volta a ser adiado pela quarta vez. Data prevista para o retomar das sessões é a de 22 de abril. Só num dia, foi adiado duas vezes.
Inicialmente, o julgamento do hacker Rui Pinto, estava marcado para 21 janeiro. Depois, para 1 de abril. Esta quarta-feira, as partes foram notificadas que seria dia 8 de abril. E, ao final do dia de quarta-feira, foram notificadas que afinal seria a… 22 de abril. Perante este cenário, o julgamento do hacker Rui Pinto — no âmbito do processo Football Leaks — vai retomar no dia 22 de abril, depois de mais de quatro meses parado. A próxima sessão contará com a audição de duas testemunhas de Rui Pinto – Arif Efendi e Salih Berberoglu -, e a acareação das testemunhas Aida Freitas e Hugo Monteiro, inspetores da Polícia Judiciária. Este último adiamento deve-se ao facto de Hugo Monteiro não estar em Portugal na data de 8 de abril.
A sessão de 21 de janeiro não chegou a acontecer, uma vez que a juíza Margarida Alves pediu à PJ que Rui Pinto fosse as instalações consultar a prova do apenso F e e disco rígido RP3, que contém alguns dos mails pirateados pelo próprio.
O arguido Rui Pinto pediu o acesso aos mails que terá pirateado por considerar “indispensável para se poder defender em tribunal”. Os e-mails que alegadamente roubou encontram-se no chamado apenso F — uma parte do processo do caso Football Leaks onde a PJ guardou as caixas de correio eletrónico integrais encontradas nos discos apreendidos e que pertencem a responsáveis de clubes de futebol, a alguns dos mais importantes escritórios de advogados portugueses, como a PLMJ, aos advogados ex-PLMJ (João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa), a magistrados do Ministério Público, como Amadeu Guerra (à data diretor do DCIAP) ou a pessoas ligadas ao universo Isabel dos Santos.
O objetivo do pedido de cópia do apenso, alegou a defesa de Pinto, seria o de “analisar os ficheiros informáticos constantes no Apenso F, exclusivamente, do ponto de vista técnico, através de pesquisa forense, procedendo à análise de metadados e estruturas de dados, com recurso a ferramentas forenses que lhe permitam ter um conhecimento diferenciado da prova.”
“Todos os elementos acedidos ilicitamente por Rui Pinto, que constam do apenso F, apenas podem ser relevantes para a defesa se forem para a acusação, pelo que o arguido não precisa de ir procurá-los, o Ministério Público já o fez e disponibilizou-os aos sujeitos processuais. Permitir ao arguido que consulte e armazene tudo o que obteve ilicitamente e que, por isso, se encontra a ser julgado, apenas com base no jargão intimidatório de ser necessário à defesa é grave e inadmissível, além de ridículo”, alegaram os assistentes, no pedido de recurso que fizeram para a Relação.
A Relação veio decidir que “em caso algum serão entregues as duas pen drives que constituem o apenso F ao arguido para que este pura e simplesmente as consulte”, dizem os desembargadores, no recurso a que o ECO/Advocatus teve acesso, à data. Mas aceita que Rui Pinto tenha acesso aos ditos e-mails, mas nas instalações da PJ, sob a supervisão da mesma. “A cópia do apenso F apenas é possível ser consultada pelo arguido e a sua defesa, não se permitindo que, realizada a consulta, a cópia fique na posse dos mesmos”, diz a decisão.
Foi no dia 4 de setembro de 2020 que teve início o julgamento de Rui Pinto no âmbito do processo Football Leaks, mas ao longo deste ano e meio tem vindo a ser suspenso várias vezes por questões processuais.
Rui Pinto está acusado de 90 crimes — todos relacionados com o facto de ter acedido aos sistemas informáticos e caixas de e-mails de pessoas ligadas ao Sporting, à Doyen, à sociedade de advogados PLMJ, à Federação Portuguesa de Futebol, à Ordem dos Advogados e à PGR. Entre os visados estão Jorge Jesus, Bruno de Carvalho, o então diretor do DCIAP Amadeu Guerra ou o advogado José Miguel Júdice, João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa. São, assim, 68 crimes de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda sabotagem informática à SAD do Sporting e tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.
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