Pedro Nuno Santos admite subsídios para aumentar rotas aéreas para o Porto
A perda de voos da TAP no aeroporto Sá Carneiro face a 2019 tem motivado críticas. Ministro das Infraestruturas responde que a companhia não pode operar rotas que perdem dinheiro.
A diminuição do número de rotas e voos operados pela TAP face a 2019 voltou a merecer críticas de autarcas do Norte. O ministro das Infraestruturas responde a elas no Fórum da TSF desta manhã, argumentando que a companhia não pode operar rotas deficitárias. Apontou como alternativa a concessão de subsídios, reforçando os que já existem.
A polémica sobre a presença da transportadora aérea no Porto regressou a propósito de um artigo publicado este sábado no Jornal de Notícias, que conclui que a TAP perdeu sete rotas e 705 mil lugares no aeroporto da cidade face a 2019. No mesmo dia, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, acusou o Governo de querer transformar a TAP numa “companhia regional” para servir Lisboa e “abandonar mais uma vez” o aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Pedro Nuno Santos contestou as comparações e garantiu que “a TAP está a duplicar voos em relação a 2021. Temos hoje a TAP a reforçar voos a partir do Porto”. E acrescentou que “se a TAP não tivesse sido intervencionada era zero”.
“Não podemos estar a dizer que não podemos investir tanto dinheiro público na TAP e ao mesmo momento exigir que faça rotas que dão prejuízo”, disse o ministro. E deu como exemplo a ligação entre o Porto e Milão.
É lamentável que alguns políticos sintam necessidade, para se afirmar como defensores da sua região, de estar a atacar a TAP, quando a TAP está a recuperar de uma situação profundamente difícil.
“Ouvi o exemplo da rota de Milão, de não se estar a prestar um serviço aos empresários. Conheço a rota de Milão como a palma da minha mão. A minha família depende do setor do calçado. A rota tem procura durante a MICAM, a feira de calçado, durante o resto do ano temos poucos empresários a voar. Isso faz com que a rota não seja rentável durante o ano. E não se faz uma rota por causa de um evento. Para um evento fretam-se aviões. Tínhamos um prejuízo entre um milhão e tres milhões de euros na rota de Milão por ano”, disse no Fórum da TSF.
“É lamentável que alguns políticos sintam necessidade, para se afirmar como defensores da sua região, de estar a atacar a TAP, quando a TAP está a recuperar de uma situação profundamente difícil e está a recuperar também a partir do Porto”, disse o ministro. “Também sou uma força viva do Norte. Nasci em São João da Madeira”.
Solução passa por subsídios, diz ministro
A alternativa pode passar por apoios de entidades locais que permitam atrair novas rotas, defendeu Pedro Nuno Santos. “Se o presidente da Câmara do Porto quer defender mais voos a partir do Porto, o caminho não é o ataque à TAP. Defender o Porto e defender o Norte é defender com inteligência. E defender com inteligência é, quando muito, exigir apoios para fazer rotas que se entendam necessárias e não existem a partir do Porto”, sugeriu.
“Esses apoios [locais] já são dados hoje. Hoje há dezenas de rotas do Porto que são subsidiadas. Os políticos que atacam a TAP sabem bem”, afirmou. Os subsídios não virão necessariamente do Governo. “O meu ministério não dá apoios nem subsidia rotas”, disse.
No entanto, diz que “é um tema sobre o qual tem de se trabalhar: o que se pretende, qual a disponibilidade das empresas para fazer rotas?” Afirmou que está disponível para reunir com autarcas e associações para avaliar soluções.
Deu, ainda assim, o exemplo das regiões autónomas, onde há ligações subsidiadas pelo Governo. “Se entendermos que há rotas que são do interesse público [no Porto], estamos disponíveis para conversar“.
Modelo da TAP obriga a concentrar em Lisboa
Outro argumento usado por Pedro Nuno Santos é o facto de a TAP ter um modelo de negócio “hub & spoke”, com um aeroporto base que recebe passageiros de outros destinos e os redistribui. Ora o hub da TAP é Lisboa.
“Voar de cidade para cidade [o chamado ponto a ponto] é um negócio que foi ganho pelas low cost, que conseguem ter uma estrutura de custos que as companhias de bandeira não conseguem”, justifica. E deu como exemplo a Iberia, que diz ter uma presença residual no aeroporto de Barcelona.
“Apesar deste modelo de negócio, a TAP é a única companhia que liga o Porto diretamente ao Rio de Janeiro, São Paulo e Nova Iorque. E tem dezenas de rotas regulares para a Europa. É determinante para o Norte”, disse.
Segundo um comunicado divulgado pela TAP no sábado, a companhia aumentou em 98% o número de voos que vai operar a partir deste mês e assim se manterá até ao final do verão. “O crescimento agora registado dá seguimento à estratégia de recuperação da companhia aérea a partir do Porto, que já no inverno 21/22 tinha crescido 122% face ao inverno anterior”, acrescenta.
Apesar deste reforço, a TAP tem vindo a perder importância no Sá Carneiro para outras companhias, que têm recuperado mais rapidamente o tráfego. Segundo dados da ANAC, a TAP tinha uma quota de 13% nos passageiros transportados no Porto no último trimestre de 2021, o que compara com 20% no mesmo período de 2019.
As companhias de baixo custo lideram na Invicta com a Ryanair a conseguir uma quota de 37% e a easyJet de 17%.
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