Juros da dívida avançam pela quinta sessão com investidores à espera da reunião do BCE
Taxa das obrigações francesas também sobe, mas diferencial para a Alemanha recua, com a vantagem de Macron sobre Le Pen na primeira volta das presidenciais.
Os juros da dívida dos Estados da Zona Euro avançam pela quinta sessão para máximos de vários anos, com os investidores à espera da reunião do Banco Central Europeu (BCE), que anunciará o rumo da política monetária na quinta-feira. Entre as taxas que sobem estão as da dívida francesa, mas o diferencial para a Alemanha contrai, após a vitória de Macron na primeira volta das presidenciais em França.
A yield associada às obrigações a dez anos de Portugal sobe para 1,671% e está em máximos desde janeiro de 2019 – já avança mais de 100 pontos base desde o início do ano.
Taxa portuguesa em máximos de três anos
Fonte: Reuters
Os juros da Espanha, Itália, França e Alemanha no mesmo prazo também avançam há uma semana. A taxa espanhola aumenta para 1,731% (o valor mais alto desde outubro de 2018) e a taxa italiana avança para 2,4% (máximos desde março de 2020, início da pandemia).
Numa análise ao mercado da periferia, os analistas do Saxobank falam numa “das mais aceleradas subidas os juros da dívida em anos” nas últimas semanas, num contexto de inflação, guerra e de uma perspetiva de aperto agressivo das condições financeiras por parte do BCE para travar a subida dos preços.
Além do mercado da periferia, os investidores estão particularmente atentos à evolução dos juros das obrigações francesas, na sequência da primeira volta das eleições presidenciais. Com 96% dos votos contados, Emmanuel Macron tinha 27,41% dos votos e Marine Le Pen 24,03%. A segunda volta decorrerá daqui a duas semanas.
“A liderança confortável de Macron retira algum do suspense da segunda volta”, assinala Mortiz Paysen, da Berenberg, citado pela agência Reuters.
Neste cenário, os juros franceses estão em alta como o resto do mercado, com a taxa a dez anos a subir para 1,283%, mas o spread para os juros alemães – a referência no mercado – estreitou-se 3,5 pontos base para 50,5 pontos base.
“O resultado da primeira volta das eleições presidenciais francesas mostrou que Macron tem uma vantagem substancial sobre a concorrente na segunda volta, Marine Le Pen. Mas a vantagem não é decisiva”, destacam os analistas do Citi numa nota aos clientes.
Para esta semana, os investidores vão estar atentos à reunião de política monetária do BCE na quinta e aos dados da inflação nos EUA.
Os mercados monetários estão a antecipar uma subida de 70 pontos base nas taxas do BCE até final do ano, apontando para um banco central um pouco mais agressivo do que esperavam ainda na sexta-feira.
Os juros norte-americanos também estão em alta, na véspera de ser divulgada a taxa de inflação que os analistas projetam acima dos 8% em março, estabelecendo um novo recorde de 40 anos.
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